sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Recesso




O ano de 2011 está dando seu adeus. E, certamente, com ele também vai todos os momentos de alegrias e vitórias adquiridos ao longo de doze meses. Se eu tivesse que escolher uma palavra para definir o que 2011 significou para o Menino das Letras, provavelmente seria: surpreendente. Não apenas pelo blog ter completado um ano, o que por si só já foi uma grande conquista, mas também por ter crescido em diversos sentidos.

Fazendo uma breve retrospectiva, no início do ano o Menino das Letras acrescentou novos marcadores ao seu sistema (vídeos e músicas), o que parece ter surtido um efeito positivo em você, leitor(a). No mês de maio o blog comemorou seu primeiro aniversário, o qual gerou comentários construtivos de familiares, amigos, e fez até com que alguns leitores tivessem a coragem de se apresentar pessoalmente. No mês seguinte foi feita a criação de mais um marcador (clássicos), que embora não seja muito comentado é a base de leitura para vários visitantes.

O blog também passou por uma "reforma", tendo sido inserido vários novos elementos ao seu design - enquetes, por exemplo - e adotado um novo layout. Além disso, o número de visualizações duplicou e nem se compara com a quantidade de acessos do ano anterior. As postagens estão mais organizadas e mais bem escritas (modestia parte), tudo para agradar os leitores e fazer com que se sintam bem, evitando uma leitura enfadonha e dando-lhes a oportunidade de conhecer algo cultural e bacana.

Caminhos misteriosos é o que 2012 reserva para o Menino das Letras. Talvez chegue um ponto em que o blog não seja atualizado com tanta frequência, o que me faz pensar mais ainda na ideia de formar uma equipe. Como eu faço e escrevo tudo sozinho por aqui - e, diga-se de passagem, 2011 foi um dos anos que mais escrevi na vida - é justo que eu tire um breve recesso, reativando o blog a partir do dia 16 de janeiro. Enquanto isso, você, leitor(a), pode ficar à vontade para revisitar postagens antigas e preferidas, assim como votar nas novas enquetes.

2012 está chegando e promete trazer muitas coisas boas no universo da cultura, e o Menino das Letras fará de tudo para acompanhar as novidades. Desejo que o seu ano novo seja repleto de triunfos, que você continue visitando o blog, e que o Menino das Letras cresça ainda mais, deixando de engatinhar para dar seus primeiros passos. E que seja feita, é claro, a vontade do glorioso Senhor Deus.

Amém.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Don't Shoot Me Santa











É bastante comum enxergarmos o Natal como uma época de alegrias e festividades. Naturalmente, o encanto do evento de estende por muitos anos, e é quase certo que apenas uma criança possa ver tal data com a magia e a pureza que merece. Aliás, não é de se espantar; acreditar em um bom velhinho que distribui presentes para todas as crianças do mundo, que vive no Pólo Norte e voa em um trenó a uma velocidade impressionante, é realmente um sonho pelo qual vale a pena ter fé.


Ah, como seria um Natal perfeito se todas as crianças tivessem a esperança de ganhar um presente ou, ao menos, um pouco de carinho; como seria bom se todas as crianças tivessem um lar, uma família para compartilhar esse momento; como seria bom se todas elas tivessem de fato o direito à educação e pudessem discernir o certo daquilo que é errado; como seria bom se todas fossem afastadas do caminho da marginalização, dos pecados, da violência, e descobrissem o que verdadeiramente significa paz.


Infelizmente, parece que aquele antigo conceito de Papai Noel precisa ser readequado à triste realidade de milhões de crianças. Se várias delas, ao redor do mundo, estão à mercê da fome, da morte e da tragédia, talvez seja muito mais esperançoso acreditar em um velhinho protetor, vigilante e salvador. Um justiceiro disposto a castigar toda e qualquer criatura que um dia já cometeu atrocidades contra uma criança.


O videoclipe de hoje, da banda norte-americana The Killers, traz justamente esta proposta. Na canção "Don't Shoot Me Santa", vemos o diálogo entre um homem - provavelmente um assassino de crianças - e Papai Noel, o qual está se preparando para fazê-lo tomar uma dose do próprio remédio. E, por mais que seja um pensamento mórbido, seria muito interessante se fosse verdade.


Em tempos em que as crianças estão sujeitas a todo tipo de sofrimento, acreditar em Papai Noel é o primeiro estágio da insanidade. O encanto vai se perdendo, e o que antes era mágico torna-se melancólico. Mas o espírito natalino não pode depender apenas da crença no bom velhinho, é preciso ter fé em algo muito maior. Hoje, na véspera de Natal, feche os olhos e faça uma oração, pedindo a Deus pela proteção de todas as crianças. Muitas necessitam mais do que se imagina e, se de alguma forma conseguirmos levar alegria para pelo menos uma, o Natal ganhará um sentido muito melhor.













Letra:






Don't Shoot Me Santa







Brandon:
Oh Santa
I've been waiting on you
Santa:
That's funny kid
Because I've been coming for you
Brandon:
Oh Santa
I've been killing just for fun
Santa:
Well the party's over kid
Because I
Because I got a bullet in my gun
Brandon:
A bullet in your what?

(Santa's got a bullet in his gun
You know it, Santa's got a bullet in his gun)

Don't shoot me Santa Claus
I've been a clean living boy
I promise you
Did every little thing you asked me to
I can't believe the things I'm going through

Don't shoot me Santa Claus
Well no one else around believes me
But the children on the block they tease me
I couldn't let them off that easy

Brandon:
Oh Santa
It's been a real hard year
Santa:
There just ain't no gettin' around this
Life is hard
But look at me
I turned out alright
Brandon:
Hey Santa
Why don't we talk about it?
Work it out
Santa:
Believe me
This ain't what I wanted
I love all you kids, you know that
Hell, I remember when you were just 10 years old
Playing out there in the desert
Just waiting for a sip of that sweet Mojave rain

(in the sweet Mojave rain
The boy was on his own)

Don't shoot me Santa Claus
I've been a clean living boy
I promise you
Did every little thing you asked me to
I can't believe the things I'm going through

Hey Santa Claus
Well no one else around believes me
But the children on the block they tease me
I couldn't let them off that easy

They had it coming
So why can't you see?
I couldn't turn my cheek no longer
The sun is going down and Christmas is near
Just look the other way and I'll disappear forever

Woo!

Don't shoot me Santa Claus
Well no one else around believes me
But the children on the street they tease me
I couldn't let them off that easy

Believe me
Santa
Santa

Não Atire Em Mim, Noel







Brandon:
Oh, Noel
Eu estava esperando por você
Noel:
Isso é engraçado, garoto
Porque eu vim atrás de você
Brandon:
Oh, Noel
Eu tenho matado por diversão
Noel:
Bem, a festa acabou, garoto
Porque eu
Porque eu tenho uma bala na minha arma
Brandon:
Uma bala na sua o quê?

(Noel tem uma bala em sua arma
Você sabe, Noel tem uma bala em sua arma)

Não atire em mim, Papai Noel
Eu tenho sido um bom garoto
Eu prometo a você
Fiz tudinho que você me pediu
Eu não posso acreditar em tudo que venho sofrendo

Não atire em mim, Papai Noel
Ninguém mais por aqui acredita em mim
Mas as crianças do bairro, elas me provocam
Eu não podia deixa-las escapar tão facilmente

Brandon:
Oh Noel
Tem sido um ano tão difícil
Noel:
Não tem como escapar dessa situação
A vida é dura
Mas olhe para mim
Eu me virei bem
Brandon:
Hey Noel
Porque nós não conversamos sobre isso?
Para resolver esse problema
Noel:
Acredite em mim
Num era isso que eu queria
Eu amo todas as crianças, você sabe disso
Que inferno, eu lembro quando você tinha só 10 anos
Brincando lá no deserto
Esperando por um gole da doce chuva de Mojave

(Na doce chuva de Mojave
O garoto tinha que se virar sozinho)

Não atire em mim, Papai Noel
Eu tenho sido um bom garoto
Eu prometo a você
Fiz tudinho que você me pediu
Eu não posso acreditar em tudo que venho sofrendo

Não atire em mim, Papai Noel
Ninguém mais por aqui acredita em mim
Mas as crianças do bairro, elas me provocam
Eu não podia deixa-las escapar tão facilmente

Eles mereceram
Porque você não consegue ver?
Eu não podia continuar aceitando aquilo
O sol está se pondo e o Natal está perto
Só olhe pra outro lado e eu desaparecerei para sempre

Woo!

Não atire em mim, Papai Noel
Ninguém mais por aqui acredita em mim
Mas as crianças do bairro, elas me provocam
Eu não podia deixa-las escapar tão facilmente

Acredite em mim
Noel
Noel

sábado, 17 de dezembro de 2011

Tequila Vermelha



O exercício da escrita já é considerado difícil por exigir de quem escreve um bom conhecimento da norma culta da língua, criatividade no desenvolvimento das ideias e organização no que diz respeito à estrutura textual. Imagine então se, além de tudo isso, também fosse cobrado do escritor um alto nível de versatilidade; a capacidade de transitar por diversos gêneros e temas diferentes, preservando sua genialidade e propiciando ao leitor uma viagem, ainda que curta, por seu mundo de imaginação.


Talvez seja possível contar nos dedos quantos autores se atrevem a sair de suas zonas de conforto e expandir os limites da sua sabedoria literária, e ainda realizar tal feito com uma magistral eficácia. Rick Riordan, sem dúvidas, é um dos escritores mais consagrados da atualidade e certamente sabe como ser versátil e encantar o leitor. Antes mesmo de se aventurar nos terrenos da Literatura Infanto-juvenil, contando histórias de mitologia egípcia e de jovens semideuses gregos, a escrita de Riordan era voltada para o público adulto.


Em Tequila Vermelha, obra publicada lá fora nos anos 90 e que já possui várias outras continuações, Riordan nos apresenta à Tres Navarre, um PhD em Letras que também é mestre de Tai Chi e tem um gato chamado Robert Johnson. Além dessas formidáveis características, ele é um degustador nato de Tequila Vermelha, bebida típica da região do Texas.


A trama se desenrola na cidade de San Antonio, no exato momento em que Tres retorna após 10 anos de ausência. Um dos principais motivos para se exilar por tanto tempo foi o assassinato do seu pai, cujo mistério nunca fora solucionado. Agora de volta, ele tem como objetivo não apenas revisitar águas passadas, como restaurar laços com amigos, a família, e reencontrar-se com sua antiga namorada, Lillian Cambridge, mas também tentar desvendar a enigmática morte do seu pai.

O que Tres não poderia imaginar é que se transformaria em um ímã para atrair problemas. Seu regresso à cidade natal e sua voracidade em remexer no homicídio do pai chamou a atenção de velhos aliados e despertou os olhares de antigos inimigos. A situação se agrava com o desaparecimento de Lillian, obrigando Navarre a abrir uma investigação paralela e, inevitavelmente, forçando-o a se envolver em um caminho em que as chances de sair ileso são quase incertas.

O enredo é narrado pelo próprio Tres, o que garante muitas situações cômicas devido ao sarcasmo do personagem. E o fato do mesmo ser veterano na arte do Tai Chi assegura ótimas cenas de luta, detalhando para o leitor como os golpes devem ser aplicados. Navarre conseguirá encontrar Lillian e descobrir quem a sequestrou? O desaparecimento dela teria algum tipo de relação com a morte do seu pai? Rick Riordan lança seu protagonista em uma rede de intrigas recheada com jogos de poder, corrupção, traições, máfia e assassinatos, descontruindo aquela imagem de alguém que somente escreve fantasias.

Tequila Vermelha nos oferece a chance de ver um homem lutando contra um passado atormentador, na esperança de esclarecer assuntos inacabados e fazer com que peças perdidas voltem ao seu lugares de origem. Mesmo que aqui a história não seja composta por elementos mágicos, Riordan se consagra mais uma vez e provavelmente irá aumentar o número de fiéis seguidores, porque, embora continue conservando os leitores adolescentes, agora também terá variadas gerações de adultos para encantar. O exemplo do que podemos chamar de um escritor versátil.




"Senti como se fosse 1985 outra vez. Ainda tinha 19 anos, meu pai estava vivo e ainda amava a garota com quem planejava casar desde o oitavo ano. Mudei de roupa mais uma vez e pedi um táxi. Tentei me lembrar do gosto da Tequila Vermelha. Não sei se conseguiria voltar a beber algo parecido e sorrir, mas estava pronto para tentar".

sábado, 10 de dezembro de 2011

O Admirável Mundo das Letras





Tudo começou com uma corriqueira leitura. Depois, como se meus pés tivessem adquirido o dom da levitação, me vi mergulhado naquele mar de letras, buscando compreender a estrutura dos vocábulos e o sentido das palavras. Muitos já vieram me perguntar qual é a sensação de se fazer parte do Admirável Mundo das Letras. E mesmo que eu tenha um vasto leque de adjetivos para utilizar, o único que me vem à mente para elaborar uma resposta satisfatória é: surreal.

Viver no Mundo das Letras não é muito difícil, considerando que o requisito básico é gostar de ler. Tentar defini-lo é a parte complexa. Isso é o de menos, uma vez que o prazer reside em desbravar o desconhecido; jogar-se na imensidão das frases, submergir nas profundezas dos enunciados e, no final da tarde, sentir a brisa dos versos líricos.

Esse fantástico mundo possui dois continentes: o da Literatura e o da Linguística. Os terrenos literários são administrados por um poder tripartido, o qual sempre preza pelo bem do leitor. As Duquesas Ana, Conceição e Elisete trabalham de forma honesta e, por isso, com elas os fracos não têm vez. Nestas terras eu vivenciei experiências inesquecíveis e vaguei por locais inacreditáveis; vi sertões tão extensos e bonitos que nem Graciliano Ramos, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa teriam a audácia de descrever; presenciei batalhas épicas que nem Ulisses teria a coragem de travar. Também conversei com um defunto-narrador que me contou a história da sua vida, enquanto observava, ao longe, vários heterônimos encontrarem-se com seu criador.

Viajei ao lado de um caboclo valente o suficiente para desafiar o diabo. Alimentei uma cachorrinha com pensamentos tão racionais quanto os meus. Brinquei com objetos culturais, cumprimentei o Senhor do Folclore e ainda tive a honra de conhecer uma nordestina encantadora - e incrivelmente ingênua - e vê-la transformar-se em uma estrela de mil pontas. Passei pelo Inferno, Purgatório e Céu, acompanhando um homem em busca de sua amada e, por fim, visualizei livros voarem e deixarem rastros de folhas caídas pelo caminho, para que aqueles que ali passassem não ignorassem o que precisava ser lido.

É também fundamental transitar pelo continente linguístico, e para que tal meta seja alcançada precisa-se conhecer a barqueira Klébia, mulher de voz encantadora que facilita a travessia dos letrados de uma área à outra e está eternamente disposta a direcionar os indecisos. Linguística é um terreno dominado pelo Lorde Silvio e a Baronesa Carmen, cada qual mais exigente que o outro quando o assunto é discurso. Nesta terra, assisti palestras de Ducrot, tomei leite achocolatado com Fairclough, joguei ping-pong com Foucault e aprendi macetes de baralho com Van Dijk. Ainda tive o prazer de vislumbrar as metamorfoses da Semântica e plantar uma semente de agradecimento nos campos bakhtinianos.

Neste ambiente fabuloso também há lendas urbanas. A mais famosa de todas é a do Profeta Romerito; um andarilho que veio da Terra de Saussure, e que - ouvi dizer - faz brotar bibliotecas do chão onde pisa; o Pirata Marzinho, com seu navio gigante e sua procura eterna pelo baú de sintagmas; e o Vigilante Bruno, em seu Balão Mágico, na luta constante para apaziguar os céus. É bastante sensato evitar os caminhos da preguiça: o furacão Nevinha pode estar à espreita. E caso se queira conselhos de Psicologia, Ética e Produção de Texto, basta procurar os Anciões Laurence, Juliana e Zélia; eles sempre sabem o que dizer.

Infelizmente, existe um prazo de validade para permanecer no Admirável Mundo das Letras. A dor da partida é profunda, semelhante ao sentimento de ir embora de um parque de diversões sem ter experimentado todos os brinquedos. Agora que fiz as malas e estou diante da porta de saída, contemplo a inabalável grandeza desse maravilhoso lugar e desejo aos futuros ingressantes que aproveitem tudo aquilo que não pude, pois, se me perguntarem qual é a sensação de deixar o Admirável Mundo das Letras, eu direi: ter a saudade cravada no peito, e a sincera esperança de um dia voltar lá.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Super 8


"Sei que coisas ruins aconteceram. Coisas ruins acontecem. Mas ainda podemos viver".


Não há como negar; se você cresceu entre os anos 80 e 90, certamente já assistiu filmes notáveis como ET - O Extraterrestre, Conta Comigo, Os Gonnies e Curtindo a Vida Adoidado (ou ao menos já ouviu falar) em uma época que valia a pena contar as horas para o início da Sessão da Tarde. Por que eles ficaram famosos? Todos tinham em comum um enredo no qual um grupo de crianças ou adolescentes se metiam em altas confusões e grandes aventuras. Talvez essa não seja a resposta correta, talvez a fórmula fosse mais sutil e menos complexa. O que importa, na verdade, é o conteúdo fabuloso e fantástico que desperta na nossa imaginação o velho "eu" infanto-juvenil.

Super 8 é uma tentativa de trazer de volta esse gênero e, de certa forma, também é uma maneira de homenagear os clássicos que encantaram diversas gerações. Ora, não é de se admirar que o nome 'Spielberg' esteja na produção, tendo em vista que o próprio foi responsável por muitos dos sucessos oitentistas. O filme foi dirigido e escrito por J.J. Abrams (um dos criadores de Lost e Fringe) e, embora seja sua terceira vez na direção cinematográfica, este é seu primeiro trabalho original.

A história se passa no verão de 1979. Joe Lamb é um garoto que perdeu sua mãe recentemente, tem um pai delegado e está ajudando seu amigo Charles a fazer um filme. Essa metalinguagem ("um filme dentro do filme") é uma ferramenta interessante, pois é utilizada como motivo para os garotos iniciarem suas jornadas. Na noite de um dia aparentemente normal, enquanto se preparavam para uma sequência de filmagens na estação de trem, o grupo de amigos presencia um acidente de magnitude catastrófica, o qual desencadearia eventos estranhos por toda a cidade. A cena do trem descarrilhando, por sinal, é uma das mais antológicas do longa.


A câmera que registrava as imagens do filme-zumbi - e que também filmou parte do acidente - é no formato super-8 (daí o título), bastante usado naquele período. Por meio da gravação, eles descobrem que algo escapou de dentro do trem no momento da explosão e que isso, de alguma maneira misteriosa, pode estar relacionado com os desaparecimentos que estão ocorrendo pela cidade. A Força Aérea é acionada e tal fato intriga a polícia local, abrindo um leque de investigações dentro do enredo.

De um lado, a polícia local tenta resolver a crise que se alastrou pela cidade. Do outro, a Força Aérea executa buscas secretas no intuito de encontrar a coisa que fugiu do trem. No meio de tudo isso, Joe e seus amigos tiram suas conclusões e enfrentam seus próprios problemas. E à medida que os minutos avançam, descobre-se que fazer um filme é o menor deles. O que surpreende em Super 8, e talvez este seja o maior trunfo do longa, é observar crianças lidando com situações que não condizem com suas idades.


Encarar pais negligentes, sofrer com a perda de um ente querido, correr em meio a uma chuva de balas, enfrentar problemas de auto-estima, ver várias mortes de perto e ainda conhecer o primeiro amor são informações pesadas demais para um simples grupo de crianças. Isso sem acrescentar o fato de que chega o momento que precisam seguir o rastro da medonha criatura. Felizmente, as atuações não deixam a desejar e a trilha sonora também merece suas congratulações, atingindo o ápice no instante final e nos presenteando com uma das cenas mais tocantes das ficções científicas do século 21.

Ao passo que Super 8 vai esmiuçando todos os sub-gêneros contidos em sua trama, fica evidente o carinho que J.J. Abrams dedicou a este projeto. Não é apenas como se quisesse relembrar a infância dos anos 80, mas mostrar ao público atual que a geração juvenil passada também enfrentava problemas tão intensos quanto as de hoje. Afinal, ser criança não é um total mar de rosas; implica ter que atravessar o processo de crescimento, o qual geralmente é bastante cruel. No entanto, filmes como este nos fazem querer voltar àquele tempo, na esperança de reunir os velhos amigos e ir em busca de uma memorável aventura. Um sonho que toda criança deveria realizar.



"Ele está em mim, sabia? Assim como eu estou nele. Então, quando o vir da próxima vez, como tenho certeza que verá, estarei te vendo também".


Trailer: