sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Os Heróis do Olimpo - O Filho de Netuno


É normal que um escritor tenha carinho por seu protagonista. Caso contrário, a magia da literatura não funciona. Assim como Harry Potter se tornou a galinha dos ovos de ouro de J.K. Rowling, o mesmo pode ser dito de Percy Jackson para Rick Riordan. No caso do autor texano, no entanto, a afeição pelo semideus acabou gerando uma segunda série, Os Heróis do Olimpo e, obviamente, para o deleite dos leitores, expandiu o universo já estabelecido anteriormente.

Em O Filho de Netuno, segundo volume da saga, Percy Jackson retorna, e igualmente como ocorre com o personagem Jason no volume anterior, está com amnésia. Tudo o que se lembra é de receber instruções para encontrar um lugar chamado de Acampamento Júpiter, onde semideuses romanos são treinados.

Ao chegar lá, ele conhece Hazel, filha de Plutão (Hades, em grego). A garota vive atormentada com o segredo que causou a morte da sua mãe e também pelo fato de já ter morrido uma vez. Percy também ganha outro amigo, Frank, este muito bom no arco e flecha, mas extremamente desastrado e infeliz por não saber qual dos deuses é o seu pai.

Riordan imediatamente apresenta o novo acampamento para o leitor, com todas as suas regras e tradições. Contudo, com a chegada de Percy, eles descobrem que Gaia, a Mãe Terra, está acelerando o processo do seu despertar; o gigante Polibotes, liderando um gigantesco exército de ciclopes e centauros, está marchando para destruir o acampamento.

Da maneira mais improvável possível, Percy, Hazel e Frank são escalados para cumprir a missão de ir até o Alasca para resgatar Tânatos, pois ele é quem guarda as Portas da Morte. Se elas permanecerem abertas, nenhum mostro poderá morrer, e o caos será total. O problema é que o Alasca é uma terra que está além dos poderes dos deuses e quem manda por lá é o gigante Alcioneu, um dos filhos legítimos de Gaia, o qual aguarda ansiosamente a chegada dos três heróis. 
  
Mais uma vez a ação é o ponto chave da narrativa. Durante o trajeto do trio, muitos obstáculos surgem e cada um dos semideuses demonstra sua importância para a jornada e para os planos da Profecia dos Sete. Riordan também continuou trabalhando no aspecto psicológico, algo que se destacou no primeiro livro; Percy vez ou outra tem lampejos do passado, o que causa no leitor uma sensação nostálgica; Hazel, por ter saído do Mundo Inferior sem autorização, tem medo de que Tânatos a jogue novamente nas profundezas; e Frank é incomodado pela maldição que carrega e também pela curiosidade de saber qual é o dom de sua família.

Em o Filho de Netuno, Rick Riordan demonstra que a gravidade dos eventos da saga Os Heróis do Olimpo é bem mais alarmante do que o período em que Cronos tentou invadir Nova York. Tudo faz parte de um grande plano, e Percy Jackson e os seus amigos, como de costume, terão que pôr suas coragens à prova para não permitir que a civilização seja engolida pela Mãe Terra. Ainda há muito caminho para esta história se expandir.   

sábado, 20 de dezembro de 2014

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos


Se as pessoas dessem mais valor ao lar do que ao ouro, o mundo seria mais feliz”.

Uma das coisas mais curiosas e interessantes a respeito de adaptações literárias para o cinema é a licença poética que os produtores e a direção introduzem à narrativa. Por serem linguagens diferentes, é preciso acrescentar mudanças que se adequem às necessidades do mercado da sétima arte. Essa capacidade de alterar eventos, cortar cenas ou acrescentar fatos às vezes favorece – e muito – o que não está contido nas páginas. 

Na trilogia O Senhor dos Anéis, as modificações foram bastante pertinentes, o que alavancou o nome do diretor Peter Jackson e lhe rendeu vários elogios. A mesma técnica foi atribuída à trilogia O Hobbit, a qual, nos seus dois primeiros filmes, permaneceu com a qualidade da “liberdade” poética intacta e ainda estabeleceu uma ponte com a Saga do Anel. O desfecho da aventura de Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) na Montanha Solitária se concretiza em A Batalha dos Cinco Exércitos, e infelizmente desequilibra grande parte da atmosfera construída anteriormente. 

Em o final de A Desolação de Smaug, o espectador acompanha Bilbo entrando em Erebor e confrontando o dragão, até a criatura voar enfurecida em direção à Cidade do Lago para destruir tudo. É neste ponto que o terceiro ato de O Hobbit tem início e em poucos minutos já fica evidente que Smaug era o menor dos problemas.


Um exército de orcs está marchando rumo à montanha, e os anões terão que defender seu lar uma última vez. O problema é que o líder deles, Thorin, está começando a sofrer do mesmo mal que em outrora atingiu sua família: a maldição do tesouro, que deturpa suas decisões e o modo de agir. Cabe aos homens, elfos e anões se unirem para impedir que a montanha seja tomada. 

Desde que anunciaram O Hobbit como uma trilogia, muitos fãs se perguntaram que tipo de artimanha Peter Jackson usaria para transformar um pequeno livro em três filmes com duas horas cada. A resposta vem com a criação de personagens que não existem no cânone de J. R. R. Tolkien e com o desenvolvimento de subtramas que estão ali apenas para preencher espaço. Todo o arco que engloba Legolas (Orlando Bloom) e sua amada, por exemplo, sequer existe na obra.


O infortúnio de A Batalha dos Cinco Exércitos é justamente o fato de não ter sobrado mais conteúdo consistente que pudesse entrar em sintonia com os seus dois predecessores. E com o ritmo acelerado e demasiado com que as cenas de ação são jogadas na cara do público, fica explícita a grande falha de roteiro, estruturação da narrativa e edição. 

O foco na batalha se tornou tão imprescindível que sem ela o filme perde a essência, revelando a ausência de carisma de alguns personagens; ou eles estão se preparando para a guerra, ou discutindo um meio de evitá-la. O que é lamentável, pois a importância de Bilbo se perde, embora ele tenha seus pequenos momentos, sua relação com o Um Anel é pouquíssima explorada, e a catarse que deveria ser seu retorno ao Condado não é tão impactante quanto deveria.

A insistência em querer se igualar – e quiçá superar – O Senhor dos Anéis nos quesitos guerra e computação gráfica acabou prejudicando esta trilogia, que talvez devesse ter se debruçado mais na simplicidade que o personagem-título carrega. Peter Jackson prova aqui que se entregou definitivamente à megalomania dos efeitos visuais, apelando para o chamativo e abandonando o prático. O resultado é que nenhum dos conflitos abordados em O Hobbit conseguiu sobrepujar a Trilogia do Anel.


Infelizmente, o último capítulo da Terra-Média (tendo em vista que nenhuma outra obra de Tolkien tem permissão para ser adaptada) está muito distante de alcançar os méritos adquiridos por O Retorno do Rei, o qual põe um ponto final em tudo. Resta esperar a versão estendida para saber se a licença poética arquitetada por Jackson tem um pouco mais de coerência. 

Bilbo diz adeus novamente, em um encerramento que poderia ter sido melhor. Entretanto, como diriam Gandalf, Galadriel e outros personagens, pequenos atos de bondade podem manter a escuridão à distância; pequenas pessoas podem modificar o rumo do futuro, e a luz brilhará outra vez. E se for essa a mensagem que representa a figura da Terra-Média e a despedida definitiva dos hobbits, então revisitá-los sempre será uma tarefa inevitável e satisfatória.

Trailer:


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A Sociedade do Raio



Como diria o notável Fernando Pessoa: "Tenho em mim todos os sonhos do mundo".

E embora sejam sonhos demais para conter, fico feliz em dizer que pelo menos um deles consegui realizar. Com a bênção divina, a oportunidade oferecida e boa parte do salário gasto, finalmente meu primeiro livro foi oficialmente publicado. 

O manuscrito de A Sociedade do Raio ficou aproximadamente dois anos engavetado até que eu pudesse visualizar a esperança de publicá-lo. Após algumas tentativas frustradas de procurar editoras, descobri, por intermédio de um amigo poeta, cujo primeiro livro também foi publicado recentemente (Valeu, Mauricio!) a existência do site Clube de Autores.  

O site em questão disponibiliza o serviço de publicações gratuitas. Porém, o processo (registro ISBN, diagramação, revisão, ficha catalográfica, capa e direitos autorais) tem que sair do bolso do autor. E, juntando tudo isso, o serviço não sai barato. Cultura no nosso país custa caro. Mas para quem tem um sonho, alguns sacrifícios são necessários. 

A Sociedade do Raio é uma obra que conduz o leitor a um passeio pela cultura do Rio Grande do Norte, com ênfase na literatura potiguar. O protagonista e também narrador do livro é o escritor José Valentim, cuja rotina vira de cabeça para baixo quando assassinatos e sequestros começam a preocupar os cidadãos natalenses. Segue abaixo a sinopse oficial da obra: 

As pessoas têm o costume de me perguntar como eu conheci a Sociedade do Raio. Honestamente, ainda que o objetivo da causa seja revolucionário e nobre, há detalhes não muito agradáveis de contar”.

Na noite de lançamento do seu segundo livro, o escritor José Valentim recebe uma estranha mensagem do seu editor. Um segredo precisa ser decifrado antes que caia em mãos erradas, e o misterioso código forçará o escritor a traçar uma jornada entre sangue e assassinatos, a qual colocará em risco a segurança de sua família, dos seus amigos, e a existência da literatura do Rio Grande do Norte.

Quem é o responsável pelos sequestros que assolam Natal? Quem é o culpado pelos incêndios e os assassinatos? Quem está tão interessado em destruir a literatura potiguar? Se a Sociedade do Raio lhe convocasse, você atenderia ao chamado? São muitas perguntas, e o que José descobre é que tudo está relacionado com a enigmática mensagem deixada por seu editor.

Por enquanto, a obra está disponível para ser vendida apenas no site do Clube de Autores, por meio deste endereço: https://www.clubedeautores.com.br/book/177279--A_Sociedade_do_Raio#.VIpi2PnNnKQ.

O livro também ganhou uma página no Facebook, por onde é possível conhecer um pouco mais a respeito da obra e ficar por dentro das novidades: https://www.facebook.com/asociedadedoraio.

Adquira um exemplar de A Sociedade do Raio e faça companhia a José Valentim, pois ele vai precisar de bastante ajuda. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1


São as coisas que mais amamos que nos destroem”.

A revolução é a consequência de algo e, portanto, antes de nascer, precisa de uma causa. Uma vez que a faísca é estimulada, a revolta abre as portas para uma fúria desenfreada, tanto da parte do opressor quanto do coagido. É esse o espírito que permeia a terceira etapa da jornada de Katness Everdeen (Jennifer Lawrence), a qual tem início em Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Embora seja sempre um pouco mais complicado falar de um filme dividido em dois, cujo evento épico e derradeiro é obviamente deixado apenas para a segunda parte, há casos em que essas separações favorecem a franquia (afinal, o lucro é maior), os fãs (o prazer de ir ao cinema mais uma vez), e, é claro, a história (Harry Potter e as Relíquias da Morte é um exemplo). 

Sabendo disso, os roteiristas, juntamente com o diretor Francis Lawrence (Constantine e Eu Sou a Lenda), se empenharam para tecer uma narrativa isolada e, mesmo sendo um filme relativamente curto, Jogos Vorazes 3.1 conseguiu manter a qualidade dos seus antecessores.


Após o inesperado final do Massacre Quaternário, evento arquitetado propositadamente pelo Presidente Snow, Katness desperta no lendário Distrito 13. A garota descobre que as pessoas desse distrito vivem no subsolo há anos no intuito de se protegerem e também de esperar a chance perfeita para atacar a Capital. Katness é o símbolo que a revolução precisa, pois seus atos de valentia podem unir todos os distritos em prol de uma nova Panem. 

No entanto, se os líderes do Distrito 13, incluindo a Presidente Coen (Julianne Moore), quiserem que Katness de fato se torne o Tordo, terão que atender algumas exigências, entre elas resgatar Peeta das masmorras da Capital. E, sabendo das atrocidades que o Presidente Snow é capaz de fazer, qualquer passo em falso pode ser fatal.


Com a ausência dos Jogos, a característica sanguinária da série ganha uma nova faceta. As mortes foram elevadas a um novo patamar; qualquer pessoa que se envolver com o símbolo do Tordo será executada sem clemência. Isso enaltece aquilo que a franquia tem de melhor, já que potencializa a ideia da luta contra a tirania em tempos de ditadura (Destaque para a fantástica cena da represa) e provando que o seu foco é em um público que não se contenta com o superficial. 

As analogias contra corrupção e manipulação continuam, e ao julgar pelo final de A Esperança Parte 1, a batalha vai aumentar exponencialmente. Toda ação causa uma reação, e Katness é, agora mais do que nunca, a representação nítida de que qualquer ato de questionamento, qualquer desejo de liberdade e justiça, podem se canalizar em revolução e fúria. O Tordo vive.

Trailer: