segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Clube dos Cinco





"E as crianças em que vocês cospem enquanto tentam mudar seus mundos são imunes aos seus conselhos. Elas sabem muito bem por aquilo que atravessam" - David Bowie.


Hoje, meu amigo(a) leitor(a), daremos um pequeno salto no tempo. Para o passado, é lógico. Viajaremos até 1985, uma época em que eu mal sonhava em nascer. E embora ainda faltassem três anos para que meus pais comprassem fraldas para este ser que aqui vos escreve, isso não significa que eu não possa comentar a respeito de coisas que brotaram nos anos 80. Pois, se este fosse o caso, eu não me interessaria por Anos Incríveis, De Volta Para o Futuro, a trilogia clássica de Star Wars, Os Trapalhões... Isso sem falar que grandes astros da música surgiram nessa década.


Esta noite o objeto a ser estudado será o filme "Clube dos Cinco". E finalmente eu posso dizer: já era a hora. Espero que a senhorita Roberta Mousinho esteja lendo isto.


Vou logo avisando que não se trata de uma comédia dos anos 80 para adolescentes. Acho que a citação que abre esta postagem (e que também abre o filme) deixa isso bem claro. Há, sim, uma pitada de comédia, mas o foco encontra-se no drama pelo qual esses jovens passam em suas vidas, seja em casa ou na escola.


O filme retrata um dia de sábado em que cinco jovens têm que ficar detidos dentro da escola, sendo obrigados a escrever uma redação com mais de mil palavras e refletirem sobre o porquê de estarem ali. Brian, Andrew, Allison, Claire e John Bender são, respectivamente: o cérebro, o esportista, a neurótica, a princesa e o criminoso. Como é de se perceber, nenhum deles parece possuir algo em comum e, inicialmente, todos são guiados por essa premissa. Cada um se destaca dentro de sua característica, principalmente Bender, que muitas vezes é o carro-chefe das situações e discursões, e que os incentiva a encarar a realidade como ela é, mesmo que seja de um modo torto.


Felizmente, o dia não foi uma perda total. Através de tapas e beijos, gritos e lágrimas (e uma pausa para fumar maconha), eles descobrem como são parecidos dentro de suas realidades distintas. Refletem a respeito de quem são por causa da pressão que os pais e os amigos lhes fazem, e também o modo agressivo e cruel que alguns adultos tratam os filhos. Discutem a relação entre populares e não-populares, e a linha socio-econômica-cultural que os separa. Indagam-se sobre do futuro... Mas calma, não é só tristeza; se você quer saber se rola romance, rola sim. Mas não vou entrar em detalhes.
E no fim de todo bate-papo, há a cena que exprime tudo o que sentem: todos se unem para libertar o som da arnarquia, liberar toda energia rebelde que permeia suas ideologias. A voz da liberdade.


Esse é o Clube dos Cinco.

E é uma pena que tenha durado apenas um dia.


"O que descobrimos é que dentro de cada um de nós há um cérebro, um atleta, uma neurótica, uma princesa, e um criminoso. Sinceramente... O Clube dos Cinco".

terça-feira, 20 de julho de 2010

Nome: Amigo. Endereço fixo: O lado esquerdo do peito.



Louvada seja tú, ó Santa Internet, que me proporciona vários momentos de novas descobertas!




Bom dia, caro(a) leitor(a). Você deve estar se perguntando qual o motivo de tanta alegria. Sim, hoje é Dia do Amigo. Entretanto, só para inovar um pouco, fiz questão de pesquisar a razão, uma explicação para hoje ser o dia desse ser tão especial para todos nós, e refleti com meus botões: "meu leitor(a) também precisa saber o por quê".






Aí vai:



"A data foi criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Ele se inspirou na chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, considerando a conquista não somente uma vitória científica, como também uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo. Assim, durante um ano, o argentino divulgou o lema "Meu amigo é meu mestre, meu discípulo é meu companheiro".

Aos poucos a data foi sendo adotada em outros países e hoje, em quase todo o mundo, o dia 20 de julho é o Dia do Amigo, é quando as pessoas trocam presentes, se abraçam e declaram sua amizade umas as outras, na teoria
." Fonte: Wikipédia.



Francamente, meu caro(a) e estimado(a) leitor(a), você vai realmente engolir essa velha história do homem ter pisado na lua? Bom, se é isso que a História diz, quem sou eu para discordar. O importante aqui não é isso. Hoje vim prestar minha humilde homenagem a certas pessoas que fizeram de mim um ser humano melhor.



Eu desejo, sinceramente, do fundo do meu coração, um feliz Dia do Amigo para:



* Amigos da minha infância, incluindo familiares;



* A todas as pessoas que já estudaram comigo (embora algumas não mereçam), seja no ensino fundamental ou médio;



* Aos ex-integrantes do Grupo Teatral Mais Um;



* Aos meus antigos e atuais professores;



* A TODA galera da cidade de Carnaubais;



* Aos meus ex-vizinhos da cidade de Parnamirim;



* A todos os meus eternos amigos do Curso de Letras;



* Aos inesquecíveis amigos do Grupo de Teatro Unp Encena;



* E, é claro, não posso esquecer dos meus amigos virtuais, que já me fizeram companhia em diversas madrugadas. Quem sabe um dia eu possa conhecê-los pessoalmente. Um abraço para: Fernanda(PE), Lucas(SC), Simara(GO) e Emy(SP).



E uma abraço especial para você, querido(a) leitor(a), pela paciência de ler as baboseiras que eu escrevo.



Como diria o sábio Gabriel, O Pensador: "Amizade é Semente que eu rego, amuleto que carrego e alimenta a minha crença, de que a força dessa cumplicidade, é o que faz a diferença!".



Feliz Dia do Amigo!




"Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge no outro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com os olhos que contém o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo, um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minh'alma multiplica ..."
Vinícius de Morais.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Batman - O Cavaleiro das Trevas



Não sei se isso acontece com você, leitor(a), mas às vezes minha mente funciona como uma máquina do tempo. Pode ser apenas mais um fruto da minha loucura, ou mais um dos resultados da minha canhotice que veio junto com meu pacote. O fato é que consigo memorizar certas datas, e não é de hoje; muitas pessoas já disseram-me que tenho uma boa memória por relembrar datas de acontecimentos que elas há muito haviam esquecido.

E nesta semana não foi diferente; fui agarrado por mais uma lembrança que, de certa forma, foi marcante. Há exatamente dois anos, lá estava eu numa sala de cinema, sentado aproximadamente na poltrona do meio da fileira, esperando anciosamente para que começasse diante de mim o filme que, na época, era um dos mais aguardados do ano: Batman - O Cavaleiro das Trevas.

Sim, eu fui na estreia do filme. Não comprei pipoca, entrei na sessão das 18h30, e gastei 7,50R$ (ainda tenho o tiquete).

Para quem não sabe, O Cavaleiro das Trevas é a continuação de Batman Begins. Portanto, é no mínimo recomendável que você assista a esses filmes na sequência correta, para o bem estar da sua compreensão.

O segundo filme do Homem-Morcego continua mostrando sua trajetória heroica rumo à limpeza total das ruas de Gotham City, com o intuito, é claro, de diminuir a criminalidade. Porém, para todo herói que se prese, sempre há complicações no caminho. A população de Gotham, ainda não acostumada com esse justiceiro vestido de morcego, continua a renegá-lo, enquanto os poucos agradecidos por sua ajuda veem nele uma fonte de inspiração.

Bruce Wayne, o bilionário cada vez mais rico, permanece a ocultar a sua faceta secreta perante à sociedade, embora Rachel, Alfred e Lucius Fox, ainda sejam os únicos a conhecer sua vida dupla. Destaque para esses três personagens, pois eles sempre estão lá para ajudar e apoiar Bruce, o que torna o filme mais humano; não é o tipo de herói inteligente o bastante para não precisar dos conselhos de ninguém. E mais, fora do circulo afetivo, ele ainda conta com o suporte do Comissário Jim Gordon e do promotor Harvey Dent para caçar a escória criminosa. Um personagem que não precisa reclamar de solidão.

E assim Bruce vai seguindo com suas duas vidas, agarrado à crença de que sua identidade jamais será ameaçada e de que por trás da sua armadura negra não existe nem um tipo de fraqueza. Coitado, mal sabia que uma tempestade estava prestes a desestruturar toda a cidade...

A cena de abertura do filme mostra um assalto a banco, e um dos ladrões é o Coringa; uma força da natureza, cujo objetivo central é destruir tudo por onde passa; um criminoso disposto a espalhar anarquia e implantar na cidade o reino do caos. E ele consegue isso com uma maestria de deixar o queixo caído, lançando em Bruce Wayne a seguinte indagação: deixar de ser o Batman para proteger as pessoas ou para satisfazer o desejo de um maníaco?

Um dos motivos que fez este filme subir no meu conceito não foi apenas o pouco uso dos efeitos especiais, e sim o roteiro impecável. E mais: a rivalidade que ocorre entre o Morcegão e o Palhaço do Crime não é aquela tradicional que se vê em quase todos os filmes de herói. O objetivo do vilão aqui não é matar o herói, muito pelo contrário: o Coringa e o Batman são semelhantes que se repelem. O palhaço enfatiza essa relação quando diz:

"Eu não quero matar você. Você me completa". Ou quando afirma: "É justamente isso que acontece quando uma força que não pode ser detida encontra um objeto que não pode ser movido. Você não me mata porque é guiado por um falso senso de moralismo inapropriado, e eu não mato você porque te acho muito engraçado. Eu acho que eu e você estamos destinados a fazermos isso para sempre". Isso mostra que até o mais louco e psicopata dos vilões pode ser inteligente. Inteligência essa que é capaz de corromper a mais nobre de todas as almas.

É, eu sei que talvez para você, leitor(a), isso que estou prestes a fazer seja clichê. Desculpe-me, mas, honestamente, não vejo como fazer um comentário desse filme sem mencionar o nome de Heath Ledger e sua geniosa interpretação. O cara simplesmente conseguiu a façanha de ganhar o Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante depois de morto, e não somente isso: ele passou o rodo em todas as premiações das quais participou e conseguiu eternizar o Coringa de uma maneira indescritível. Em suma, grande parte do sucesso do filme foi graças a ele. Lembro-me muito bem quando saí do cinema completamente bestificado com tamanha performance. Nunca irei me esquecer. Nunca.

Mas não vou prolongar muito, se não vai acabar virando um tributo ao Ledger. Não que ele não mereça... Prometo falar mais dele outro dia.

Uma ótima direção, uma ótima edição, uma ótima trilha sonora. Frases marcantes que permanecem na minha memória até hoje. Um filme indicado a oito orcars, e que ganhou apenas dois. O Cavaleiro das Trevas pode até não ser o melhor filme do mundo, mas é tão bom que até o esquecimento faz questão de relembrar.



"Introduza um pouco de anarquia... Perturbe a ordem vigente... E então tudo se torna um caos. Eu sou um agente do caos. E você sabe qual é a chave para se criar o caos? É o medo" - Coringa.

domingo, 11 de julho de 2010

Segredos de liquidificador

Nesta semana fez-se 20 anos que Cazuza "cumpriu sua sentença", passou dessa para melhor... ou pior, atravessou o outro lado da linha da vida. Enfim, morreu. Não vou mentir: não sou lá um hiper fã dele, não sou lá um grande conhecedor de sua trajetória, mas curto algumas de suas músicas.
E embora ele tenha tido uma vida pessoal bastante agitada e conturbada, não há como contestar: o cara era um poeta. Ele entendia da coisa. Aliás, desde que entrei no mundo das letras, acho que não vi nenhum poeta que não tenha passado por uma fase complicada em sua vida. Eu, por já ter sido poeta, sei bem como é. Deve ser o natural da poesia: mexe de tal maneira com o escritor, que o faz transcrever seus problemas e desejos de modo tão mágico, que acaba quebrando as leis da realidade.
Só que um dia a mágica termina. O lado irônico da poesia é o fim da vida.
Em uma simples homenagem ao poeta Cazuza, a postagem desta semana será direcionada a duas poesias feitas na minha adolescência, cada uma tendo sido realizada com um parceiro diferente: Jânio Augusto, que já foi citado aqui no blog, e o novato, e não menos importante, Mateus de Araújo, o grande Moita.
É, infelizmente, Chicó tinha razão. "Tudo que é vivo... morre".



Fatos



A lua vai brilhar
O mar vai ficar forte
Um dia espero encontrar
Algo que me traga a sorte

O mato vai subir
A chuva vai cair
E o vento vai levar
Tudo que está aqui

O sol vai surgir
A felicidade vai brotar
Os pássaros irão fugir
Das águas que vão rolar

Esses fatos abstratos
Dão vida a minhas histórias
Essa história de futuro incerto
Passado de memória
De futuro deserto

Esses fatos sem explicação
Me fazem ficar perdido
É uma história sem emoção
De um passado já esquecido


Leonardo da Vinci e Mateus de Araújo
27-10-05



O Anjo da Morte


Hoje sonhei com o Anjo da Morte
Ele queria me levar
Disse que eu não era forte
Disse que minha vida iria acabar

De repente o filme se passou
Lembrei de tudo de bom acontecido
Queria sonhar que você me acordou
Que aí daria valor ao tempo vivido

Vi o quanto errei
Mas não posso voltar
Nunca sequer imaginei
Que você fosse me deixar

Me deixaste só
Fiquei na solidão
Não tiveste nem dó
Do meu apaixonado coração

Agora o julgamento foi feito
Estou prestes a morrer
Será que não tem mais jeito?
Deixai-me viver!

Deixai-me viver por favor!
Deixai-me viver por amor!
Deixai-me viver apaixonado!
Deixai-me viver mesmo amargurado.

Leonardo da Vinci e Augusto
26/02/06

domingo, 4 de julho de 2010

A Menina que Roubava Livros






Outro dia escrevi aqui que iria fazer um comentário sobre este livro. Como na medida do possível tento cumprir com minhas promessas, aí vai... Mas primeiro, lançarei sobre você, caro leitor, uma pequena frase reflexiva que muitas vezes nos abate nos momentos mais imprevisíveis; como diria Chicó, "aquilo que marca o nosso estranho destino sobre a terra".




"Eis um pequeno fato: Você vai morrer."




Isso mesmo. Não importa quando ou onde, e nem se haverá alguém no momento para nos estender a mão. Eu, você, e qualquer outro, estamos fadados a um único e fatídico destino. Sim, nós vamos morrer, e não há nada que possamos fazer para evitar. Não existe uma fórmula para a imortalidade. E, afinal, caso existisse, haveria realmente graça? Talvez não... No fundo, seria apenas uma ilusão.



É com essa frase que a narradora de "A Menina que Roubava Livros" introduz no leitor uma pequena prévia do que está por vir nas diversas páginas ensanguentadas pelas cicatrizes da História. E não é para menos, tendo em vista que a narradora é a própria Morte, que relata um pequeno período da vida de uma menina que cresceu em uma Alemanha nazista no meio da Segunda Guerra Mundial.



Conheçamos Liesel Meminger, uma pobre menina que em 1939 perde o irmão mais novo. No funeral do mesmo, ela furta o primeiro livro: O Manual do Coveiro. Logo em seguida, é adotada pela família Hubermann que mora na rua Himmel. Lá conhece Rudy Steiner, seu vizinho, que futuramente torna-se seu melhor amigo e parceiro nos roubos. Pobre Rudy, sempre pedindo um beijo para Liesel... Muitas vezes paga-se caro por aquilo que se deseja.



É nessa Alemanha apocalíptica que a trama se desenrola. Hitler está no poder e bombas propagam suas mensagens de destruição por todos os lados. E em meio a tanto caos, a Morte vai descrevendo como recolhe cada alma que encontra pelo caminho de maneira triste, demostrando seu lado sensível e seu pensamento com relação à humanidade. E enquanto isso, Liesel vai descobrindo o aconchego de uma família, seja nos gritos que leva de sua mãe, Rosa, seja nas leituras que seu pai, Hans, lhe faz durante as madrugadas, seja nas longas conversas que tem com Max Vandenburg, o judeu escondido no porão, e até mesmo nas incansáveis tentativas de Rudy Steiner de lhe pedir um beijo.



Acredito eu que, em tempos de guerra, seja um pouco difícil encontrar algo que possa lhe distrair, lhe desconectar da realidade aterrorizante por apenas alguns instantes. Mas Liesel descobriu dentro de si algo que lhe entreteu durante todo o tempo, até o término da guerra: sua paixão pela leitura... e por roubar livros. E como qualquer tipo de paixão, existe sempre um lado bom. E infelizmente, dentro de uma guerra, existe sempre um lado terrivelmente ruim.



Bom, acho que já falei demais. O resto é contigo, leitor. Essa foi mais uma dica literária, e espero que você desfrute da leitura. Desta vez, porém, para despertar um pouco mais a sua curiosidade, vou encerrar a postagem com um pequeno trecho do livro, que, na minha humilde opinião, é bonito e triste ao mesmo tempo... E sim, isso é possível. Até para a Morte.






'O ser humano não tem um coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A conseqüência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiúra e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer'. - A Menina que Roubava Livros, pág. 426.