domingo, 4 de julho de 2010

A Menina que Roubava Livros






Outro dia escrevi aqui que iria fazer um comentário sobre este livro. Como na medida do possível tento cumprir com minhas promessas, aí vai... Mas primeiro, lançarei sobre você, caro leitor, uma pequena frase reflexiva que muitas vezes nos abate nos momentos mais imprevisíveis; como diria Chicó, "aquilo que marca o nosso estranho destino sobre a terra".




"Eis um pequeno fato: Você vai morrer."




Isso mesmo. Não importa quando ou onde, e nem se haverá alguém no momento para nos estender a mão. Eu, você, e qualquer outro, estamos fadados a um único e fatídico destino. Sim, nós vamos morrer, e não há nada que possamos fazer para evitar. Não existe uma fórmula para a imortalidade. E, afinal, caso existisse, haveria realmente graça? Talvez não... No fundo, seria apenas uma ilusão.



É com essa frase que a narradora de "A Menina que Roubava Livros" introduz no leitor uma pequena prévia do que está por vir nas diversas páginas ensanguentadas pelas cicatrizes da História. E não é para menos, tendo em vista que a narradora é a própria Morte, que relata um pequeno período da vida de uma menina que cresceu em uma Alemanha nazista no meio da Segunda Guerra Mundial.



Conheçamos Liesel Meminger, uma pobre menina que em 1939 perde o irmão mais novo. No funeral do mesmo, ela furta o primeiro livro: O Manual do Coveiro. Logo em seguida, é adotada pela família Hubermann que mora na rua Himmel. Lá conhece Rudy Steiner, seu vizinho, que futuramente torna-se seu melhor amigo e parceiro nos roubos. Pobre Rudy, sempre pedindo um beijo para Liesel... Muitas vezes paga-se caro por aquilo que se deseja.



É nessa Alemanha apocalíptica que a trama se desenrola. Hitler está no poder e bombas propagam suas mensagens de destruição por todos os lados. E em meio a tanto caos, a Morte vai descrevendo como recolhe cada alma que encontra pelo caminho de maneira triste, demostrando seu lado sensível e seu pensamento com relação à humanidade. E enquanto isso, Liesel vai descobrindo o aconchego de uma família, seja nos gritos que leva de sua mãe, Rosa, seja nas leituras que seu pai, Hans, lhe faz durante as madrugadas, seja nas longas conversas que tem com Max Vandenburg, o judeu escondido no porão, e até mesmo nas incansáveis tentativas de Rudy Steiner de lhe pedir um beijo.



Acredito eu que, em tempos de guerra, seja um pouco difícil encontrar algo que possa lhe distrair, lhe desconectar da realidade aterrorizante por apenas alguns instantes. Mas Liesel descobriu dentro de si algo que lhe entreteu durante todo o tempo, até o término da guerra: sua paixão pela leitura... e por roubar livros. E como qualquer tipo de paixão, existe sempre um lado bom. E infelizmente, dentro de uma guerra, existe sempre um lado terrivelmente ruim.



Bom, acho que já falei demais. O resto é contigo, leitor. Essa foi mais uma dica literária, e espero que você desfrute da leitura. Desta vez, porém, para despertar um pouco mais a sua curiosidade, vou encerrar a postagem com um pequeno trecho do livro, que, na minha humilde opinião, é bonito e triste ao mesmo tempo... E sim, isso é possível. Até para a Morte.






'O ser humano não tem um coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A conseqüência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiúra e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer'. - A Menina que Roubava Livros, pág. 426.

Um comentário:

  1. Meu caro Leo, confesso que ao ler a história de Liesel, no inicio era meio confuso para mim, mas no desenrolar do texto fui me apaixonando por ela e principalmente por Rudy (Jesse Owens... rs). A relação dos dois é de puro companheirismo, no mais nobre sentido da palavra. Os jogos de bola no campinho cheio de lama, os primeiros roubos, diga-se de passagem, de comida e logo em seguida,os roubos dos livros. Rudy fez o possivel e o impossivel para conseguir um singelo beijo de Liesel... tadinho!!
    Me apaixonou também a relação da menina com o seu amigo judeu... Max, e a relação de carinho com seu pai adotivo... Hans.
    Ao final do livro, minha parte preferida, o livro 10, finalmente Rudy consegue seu tao esperado beijo... mesmo sujo pelos escombros... mesmo sob sangue... mesmo sob todo o desespero das bombas... mesmo depois de morte, ele consegue o que tanto desejou.
    É meu caro Leo, eu me debulhei em lagrimas em pleno sábado a noite lendo a história de Liesel e de seu amigo Rudy. Vale a pena conferi o livro e quem sabe um futuro filme.

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