Nesta semana fez-se 20 anos que Cazuza "cumpriu sua sentença", passou dessa para melhor... ou pior, atravessou o outro lado da linha da vida. Enfim, morreu. Não vou mentir: não sou lá um hiper fã dele, não sou lá um grande conhecedor de sua trajetória, mas curto algumas de suas músicas.
E embora ele tenha tido uma vida pessoal bastante agitada e conturbada, não há como contestar: o cara era um poeta. Ele entendia da coisa. Aliás, desde que entrei no mundo das letras, acho que não vi nenhum poeta que não tenha passado por uma fase complicada em sua vida. Eu, por já ter sido poeta, sei bem como é. Deve ser o natural da poesia: mexe de tal maneira com o escritor, que o faz transcrever seus problemas e desejos de modo tão mágico, que acaba quebrando as leis da realidade.
Só que um dia a mágica termina. O lado irônico da poesia é o fim da vida.
Em uma simples homenagem ao poeta Cazuza, a postagem desta semana será direcionada a duas poesias feitas na minha adolescência, cada uma tendo sido realizada com um parceiro diferente: Jânio Augusto, que já foi citado aqui no blog, e o novato, e não menos importante, Mateus de Araújo, o grande Moita.
É, infelizmente, Chicó tinha razão. "Tudo que é vivo... morre".
Fatos
A lua vai brilhar
O mar vai ficar forte
Um dia espero encontrar
Algo que me traga a sorte
O mato vai subir
A chuva vai cair
E o vento vai levar
Tudo que está aqui
O sol vai surgir
A felicidade vai brotar
Os pássaros irão fugir
Das águas que vão rolar
Esses fatos abstratos
Dão vida a minhas histórias
Essa história de futuro incerto
Passado de memória
De futuro deserto
Esses fatos sem explicação
Me fazem ficar perdido
É uma história sem emoção
De um passado já esquecido
Leonardo da Vinci e Mateus de Araújo
27-10-05
O Anjo da Morte
Hoje sonhei com o Anjo da Morte
Ele queria me levar
Disse que eu não era forte
Disse que minha vida iria acabar
De repente o filme se passou
Lembrei de tudo de bom acontecido
Queria sonhar que você me acordou
Que aí daria valor ao tempo vivido
Vi o quanto errei
Mas não posso voltar
Nunca sequer imaginei
Que você fosse me deixar
Me deixaste só
Fiquei na solidão
Não tiveste nem dó
Do meu apaixonado coração
Agora o julgamento foi feito
Estou prestes a morrer
Será que não tem mais jeito?
Deixai-me viver!
Deixai-me viver por favor!
Deixai-me viver por amor!
Deixai-me viver apaixonado!
Deixai-me viver mesmo amargurado.
Leonardo da Vinci e Augusto
26/02/06
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir"Deve ser o natural da poesia: mexe de tal maneira com o escritor, que o faz transcrever seus problemas e desejos de modo tão mágico, que acaba quebrando as leis da realidade".
ResponderExcluirO mesmo serve ao contrário: O natural do escritor é mexer de tal maneira com seus problemas e desejos quebrando as leis da realidade que, de modo tão mágico, transcreve-os em poesia.
Gostei muito do seu texto. De verdade.
E a poesia em parceria com Moita trouxe aquela nostalgia dos tempos em que éramos família, mesmo que no palco. =~~