sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Tempos Modernos

 

Há uma frase memorável de Charles Chaplin em que ele diz que sorrisos e lágrimas são antídotos contra o ódio e o terror. Tal enunciado não poderia estar tão correto, uma vez que pode ser muito bem encaixado na contemporaneidade e, quiçá, em épocas futuras também. Entretanto, nos tempos da modernização, onde tudo era novidade, talvez essas palavras tenham tido um valor maior. 

Tempos Modernos, filme de 1936, dirigido e escrito pelo próprio Chaplin, nos traz um enredo no qual é mostrado as consequências de uma vida atingida pela revolução industrial, de um modo cômico e crítico. Charles reprisa seu personagem mais famoso, o Vagabundo, que aqui é um operário submetido ao trabalho da repetição. 

Depois de transgredir as leis da era das máquinas, sob um súbito ataque de loucura, o pobre alienado é preso e percebe que a carceragem é um ambiente mais saudável que o mundo lá fora, onde a modernidade se faz cada vez mais presente com seus carros, furadeiras e pessoas se locomovendo para as fábricas iguais a ovelhas indo para o abate (Repare na cena inicial).

 

É interessante como Chaplin sabia equilibrar as coisas, de uma forma que a mensagem a ser passada penetra por meio de situações paralelas. Outros personagens, como a menina pobre, refletem a fome, a miséria e o desemprego que a modernização causou, nos lançando a reflexão de que muitas vezes os avanços tecnológicos não trazem bons frutos. Um exemplo disso é evidente na frequência com que Charles troca de emprego. 

Para muitos considerado um dos pais do cinema, ao lado dos irmãos Lumière e George Méliès, Charles Chaplin era um artista a frente da sua época. E, assistindo a Tempos Modernos, é fácil ver o motivo pelo qual ele recebeu esses títulos. Ele deu ritmo aos filmes mudos e trouxe um humor inovador, algo que antes era raro de se ver. Além disso, ele dirigiu todos os longas nos quais atuou e era responsável pela trilha sonora também (Smile, uma de suas composições mais bonitas, tem sua estreia aqui).


O curioso de Tempos Modernos, apesar de ser um filme antigo, é perceber que os ‘tempos’ não mudaram tanto assim. Ainda é visível sentir a desigualdade social, pessoas reivindicando seus direitos e cidadãos se agarrando à tecnologia e à ilusão de que ela pode levar a uma vida mais alegre. E mesmo tendo um pano de fundo dramático, ao final Chaplin termina com uma de suas maiores lições: não importa qual seja o tamanho das dificuldades, sempre será possível sorrir.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida

  


“O quê? Está brincando? Domingos? Eu amo domingos. Vivo por domingos. A família toda junta. Mãe faz Braciole. Pai veste camisola. Nós assistimos o jogo. Sim, isso me deixa louco, e sim, eu era negativo”. 

Uma vez Jesus Cristo ensinou a um grupo de judeus que ao conhecerem a verdade, ela os libertaria. E isso, como já é de se esperar da Palavra bíblica, pode ser aplicado nos dias de hoje em diversos seguimentos da sociedade. Ainda que a realidade muitas vezes seja fria e cruel, ela sempre será a melhor alternativa entre acreditar em uma mentira ou se esconder da verdadeira natureza dos fatos.

Em O Lado Bom da Vida, vemos isso sob a perspectiva de uma pessoa doente. Pat Solitano (Bradley Cooper) é um cara que perdeu tudo que uma pessoa normal almeja: a casa, o emprego e o casamento. Após ser autor de um incidente quase mortal, descobrir que sofre de bipolaridade e passar uma longa temporada em um hospital psiquiátrico, ele retorna ao mundo sob os cuidados da família. 

O problema é que Pat cria a ilusão de que sua ex-mulher ainda o ama e por isso tem planos para tentar resgatar seu relacionamento com ela, mesmo que todos ao seu redor queiram evitar esse grande erro. Ele precisa construir uma estratégia para que sua vida volte ao eixo correto, e nesta jornada conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mórbida garota que busca respostas tanto quanto ele.

 

Ambos ficam amigos, compartilham suas dores e descobrem que podem se ajudar. De forma natural, a liberdade que os dois procuravam começa a brotar, talvez não da maneira que esperavam, e as ótimas atuações da dupla de protagonistas faz o espectador seguir junto nesta tocante aventura. 

Dirigido por David O. Russel (de O Vencedor) e baseado no romance de Matthew Quick, o filme recebeu as principais indicações ao Oscar (melhores atores, principais e coadjuvantes, assim como Melhor Filme) e, além do elenco talentoso, a trilha sonora se encaixa perfeitamente ao ritmo do filme, em nuances simplórias e serenas. 

Por mais que o longa aborde temáticas sérias, como oscilações de humor, morte e dificuldade em encontrar o caminho da superação, o drama é equilibrado com um humor negro que não se torna desagradável. O Lado Bom da Vida é mais um exemplo de que a verdade, em qualquer situação, é realmente libertadora. E ainda que os protagonistas tenham demorado a perceber isso, o que basta é apenas prestar atenção nos sinais. 

“O mundo vai quebrar seu coração 10 vezes até domingo, está garantido. E eu não posso explicar isso... ou a loucura dentro de mim ou de todo o mundo, mas, adivinhem? Domingo é meu dia favorito de novo. Eu vejo tudo o que todos fizeram por mim e me sinto... um cara muito sortudo”.


Trailer: