sábado, 27 de novembro de 2010

Diário de um Banana



"Só não espere que eu seja todo 'Querido Diário' isso, 'Querido Diário" aquilo".

A Literatura Infanto-juvenil é uma área que muito me fascina. Até os dias de hoje, por sinal. Às vezes me pergunto por qual motivo este tipo de literatura ainda me disperta o interesse. Teoricamente, uma vez que você vai envelhecendo seu tipo de leitura vai amadurecendo ao longo do processo. Mas há velhos hábitos que não consigo largar. Talvez pelo fato da minha mente viajar na maionese quase que em estado permanente, sei lá... Enfim, leitor(a), sugiro que não tente entender o que se passa na minha cabeça. É perigoso demais.


Diário de um Banana não é um livro comum (e só por isso a leitura já vale muito). Como dito em sua própria capa, é um romance em quadrinhos. A história criada por Jeff Kinney gira em torno da vida de Greg Heffley, um pré-adolescente que ainda está no início do ensino fundamental e como tal está cheio de desejos e indagações como qualquer outro menino dessa idade. É infernizado o tempo todo pelo irmão mais velho, Rodrick, e passa vergonha diariamente por ser amigo de Rowley.


Greg é tudo que se espera de um adolescente inseguro; o garoto só aprende errando. E para a alegria do leitor, ele comete muitos erros. Provavelmente são tais erros que tornam a narrativa engraçada, pois oscilam entre vacilos inocentes à absurdos, e você sempre pressente que as coisas não acabarão bem. Em meio a uma escola cheia de jovens que querem se destacar em algo, Greg é apenas mais um à procura da adequação para depois ganhar algum reconhecimento por isso. E ele fará qualquer coisa para consegui-lo... menos, é claro, pegar o Toque do Queijo.


Acredito que os erros de Greg Heffley sejam sua maior arma. À medida que ele vai aprendendo com as besteiras que faz, vai dando espaço ao bom senso e deixando de lado o seu egocentrismo, e isso acaba refletindo na sua amizade com Rowley. Mas como todo herói atrapalhado, isso vai acontecendo a passos lentos.


A série tem três obras publicadas no Brasil e já foi adaptada para o cinema. Diário de um Banana é um livro que chama a atenção pela sua simplicidade, pelos traços cartunescos engraçados e pelo enredo cativante. Não importa qual idade você tenha, é um texto que fará você sentir a nostalgia dos tempos bons de escola e que, querendo ou não, fará você ter raiva por não ter tido um diário na época, para assim poder relembrar das tantas histórias que mereciam ser contadas.




sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1






"Ninguém mais vai morrer... não por mim".



Como diria o Oráculo de Matrix: "Tudo aquilo que tem um começo, tem um fim". É, eu sabia que o fim iria chegar. Sabia que um dia ele iria bater no pé da minha porta e dizer: "Oi, querido! Cheguei!". Aliás, tanto eu quanto os milhares de fãns espalhados pelo mundo. E mesmo que já saibamos como tudo terminará, mesmo que já tenhamos a consciência do que o destino reserva para cada personagem, esperamos ansiosos para o desfecho cinematográfico desta grande história. É chegada a hora de colocar um ponto final na espera e dar um passo à frente ao caminho que muitos ainda hesitam em trilhar, pois "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1" é o início do fim.


Perdoe o meu sentimentalismo, leitor(a), mas quando recordo dos diversos dias e noites que passei lendo as centenas de páginas dos 7 volumes da obra de J.K. Rowling, percebo como estou envelhecendo. Afinal, eu cresci ao lado de Harry, Rony e Hermione; compartilhamos emoções, repartimos as dores e tristezas, e ficamos com a alma mais leve nos momentos de alegria. Comecei essa jornada com 13 anos e a finalizei aos 19, portanto, é no mínimo sensato admitir que as histórias do menino bruxo foram o grande refúgio de um adolescente magricela, inseguro, tímido e sonhador de outrora.

E foi com o coração apertado, com a expectativa à flor da pele, e com o gostoso clima nostálgico que vislumbrei diante de mim o primeiro capítulo do derradeiro final, que por sinal é muito fiel à sua obra. E após o término da sessão, com o corpo trêmulo, os olhos marejados e a adrenalina incendiando minhas veias, pude refletir com o mais sincero dos pensamentos: cada minuto gasto de leitura valeu a pena.


Acho que já é de conhecimento mundial que Harry Potter é um bruxo. E, sinceramente, se você ainda não sabia, pegue uma corda, amarre-a ao seu pescoço e pule do local mais alto que conseguir encontrar. E dê-se por satisfeito! Não espere que eu faça um breve resumo de cada filme/obra; não estou interessado em passar mais uma noite em claro escrevendo coisas que você previamente já deveria saber, uma vez que se dispôs a ler este comentário.

É muito interessante ver como os filmes de Harry Potter evoluíram. Aquilo que começou infantil agora tornou-se dramático, e Relíquias da Morte.1 veio para fortalecer ainda mais esse rótulo. A partir do terceiro filme a saga passou a ganhar uma tonalidade diferente, mas foi com a chegada do diretor David Yates, responsável pelo quinto e sexto filme, que a série passou a amadurecer ganhando aspectos sombrios. A dramaticidade, a morte de personagens queridos, a relação do trio de amigos cada vez mais intensificada pela amizade transformaram-se em prato cheio nas mãos do diretor, que aqui nos mostra seu trunfo maior; Relíquias da Morte é, na verdade, o prato principal de uma ceia bastante farta.

O impressionante é saber como as crianças ainda se sentem atraídas por Harry Potter. Como eu disse, é um filme dramático e algumas das cenas ali produzidas são inapropriadas para menores de 10 anos. Há sangue, há tortura, há morte. Há cenas lindas também, bonitas de se ver. Neste penúltimo capítulo, Harry, Rony e Hermione partem em uma viagem incerta à procura das horcruxes de Voldemort. Objetos que guardam fragmentos da alma de Voldemort, e que uma vez destruídos põem fim a imortalidade do Lorde das Trevas. Só que desta vez o trio está fora dos muros de Hogwarts, e para enfrentar o mundo real será preciso agir sozinhos e com muita cautela.


Voldemort está no apogeu de seus dias. O Ministério da Magia já não é mais como antes e Comensais da Morte se infiltraram em cada camada da sociedade bruxa, inclusive em Hogwarts. Os trouxas também são afetados; aqueles que não são bruxos de sangue estão sendo caçados e são vistos como a escória do mundo mágico. Harry torna-se o Indesejável Número Um, sua cabeça está a prêmio, e a cada lugar que o trio arma sua barraca o inesperado está a espreita. É perceptível o empenho de cada ator, do diretor e de todos que participaram da produção. Relíquias da Morte.1 é apenas um aperitivo para o que realmente interessa, e devo dizer que se continuar no mesmo caminho a coisa de fato será épica. Que comece a contagem regressiva!


A parte 2 só estreia ano que vem, mas estará finalizando toda a história e dando adeus aos tantos fãns que há 10 anos acompanham a trajetória de Harry e sua batalha pela sobrevivência contra Voldemort. As pontas soltas finalmente serão amarradas e nada restará a não ser saudade. Agora é só uma questão de tempo. O verdadeiro final está cada vez mais próximo. E eu estarei preparado para o que for, quando ele vier.


"Eu vi o seu coração... E ele é meu".


Trailer:



domingo, 14 de novembro de 2010

Percy Jackson e a Maldição do Titã



"A oeste, cinco buscarão a deusa acorrentada,

Um se perderá na terra ressecada,

A desgraça do Olimpo aponta a trilha,

Campistas e Caçadoras, cada um, brilha,

A maldição do Titã um deve sustentar,

E pelas mãos do pai um irá expirar
"


É sempre bom ser coerente e manter a continuidade. Nos meses de agosto e setembro publiquei, respectivamente, comentários a respeito do primeiro e segundo volumes da série Percy Jackson, e quando se começa uma coisa tem que ir até o final. E se você, leitor(a), acompanhou aqui cada postagem das aventuras do filho de Poseidon, tenho certeza que irá se empolgar mais ainda com a terceira parte desta saga mitológica.


Percy Jackson e a Maldição do Titã é apenas o prelúdio para o início da guerra entre Deuses e Titãs. O clima ficou mais tenso com a reaparição de Thalia, filha de Zeus, e a relação dela com Percy passa longe de ser uma amizade feliz. Com o retorno de Cronos cada vez mais próximo, torna-se urgente a busca por semideuses; é preciso encontrá-los antes do exército do Senhor do Tempo, para que seu processo de renascimento fique mais lento. Percy, Annabeth, Grover e Thalia partem a procura dos irmãos Di Angelo, semideuses recém-descobertos.


Para quem já está acostumado com a leitura dos livros de Rick Riordan, sabe que as tarefas dos jovens heróis nunca é tão simples como tirar doce de uma criança. Na tentativa de salvar Nico e Bianca Di Angelo, eles são abordados pelo Manticore, um lendário monstro mitológico. A criatura alerta que a cada minuto que Cronos se fortalece, uma grande comoção de monstros da antiguidade começam a ressurgir, e que o mais tenebroso de todos estava para despertar e destruir todo o Olimpo. Algo bem agradável de se ouvir.


Com a ajuda das Caçadoras de Ártemis, o Manticore é derrotado, mas leva consigo Annabeth. A deusa sai em busca do tal monstro destruidor, enquanto Percy, Grover, Thalia, as Caçadoras e os Di Angelo tomam o caminho para o Acampamento Meio-Sangue. Como de costume, Percy tem sonhos que tentam lhe dizer algo: ele vê Annabeth sendo torturada e a deusa Ártemis sendo capturada por Luke e um homem chamado General. Para sua surpresa, Zoë Doce-Amarga, uma das Caçadoras, tem um sonho semelhante. Quíron imediatamente ordena que uma equipe seja montada para ir em busca de Ártemis. Thalia, Bianca, Zoë e Grover são os escolhidos, e Percy entra de penetra nessa jornada na esperança de encontrar Annabeth e por ter prometido a Nico que protegeria sua irmã.


Os cinco viajam por diversos lugares, só que a cada esquina eles encontram uma surpresa; desde exército de esqueletos, gigantes de ferro e até um dragão com hálito demoníaco. E Percy tem um encontro inusitado com Rachel Elizabeth Dare, uma menina mortal que consegue ver através da Névoa e que se torna uma personagem muito importante no livro seguinte. O problema é quando eles encontram o temível monstro capaz de exterminar o Olimpo, pois é neste ponto que o terrível plano de Cronos é revelado.


Qual a intenção de Cronos, afinal? Os heróis conseguirão salvar o Olimpo? Percy encontrará Annabeth? O que há no topo do Monte Talmalpais e quais serão os desafios que os aguarda por lá? Desta vez, os heróis terão um trabalho dobrado e algumas perdas serão necessárias para que no final Percy tenha forças suficientes de suportar o peso da maldição do Titã...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

V de Vingança





"Lembrai, lembrai o 5 de novembro... A pólvora, a traição e o ardil... Por isso não vejo como esquecer... Uma traição de pólvora tão vil".

Antes de começar, eis um pequeno fato histórico:


Guy Fawkes (Iorque, 13 de abril de 1570 — Londres, 31 de janeiro de 1606), também conhecido como Guido Fawkes, (Não confundir com Guy Folques) foi um soldado inglês católico que teve participação na "Conspiração da pólvora" (Gunpowder Plot) na qual se pretendia assassinar o rei protestante Jaime I da Inglaterra e todos os membros do parlamento durante uma sessão em 1605, objetivando o início de um levante católico. Guy Fawkes era o responsável por guardar os barris de pólvora que seriam utilizados para explodir o parlamento inglês durante a sessão.

Porém a conspiração foi desarmada e após o seu interrogatório e tortura, Guy Fawkes foi executado na forca por traição e tentativa de assassinato. Outros participantes da conspiração acabaram tendo o mesmo destino. Sua captura é celebrada até os dias atuais no dia 5 de novembro, na "Noite das Fogueiras" (Bonfire Night).
(Fonte: Wikipédia).


É partindo desse acontecimento que se inicia o enredo de V de Vingança, um dos melhores filmes que já tive o prazer de assistir. E como hoje é dia 5 de novembro, não poderia deixar essa data passar em branco; é uma maneira de homenagear o longa, valorizar sua ideologia, e como afirma o verso, é claro, lembrar deste dia tão celebrado.


De certa forma, V de Vingança denuncia as formas de como o abuso de poder é aplicado sobre a sociedade, e tal abuso só é praticado tão explicitamente quando se trata de uma ditadura. O enredo nos transporta para uma Inglaterra futurista, centro do poder mundial (Sim, aqui os EUA não passa de um lixo), e totalmente monopolizada pelo ditador Adam Sutler, fazendo uma analogia óbvia a Adolf Hitler.


Aqui, e como em qualquer ditadura, o povo não tem direito a opinião. Como um cachorro submisso ao seu dono, as pessoas passam a noite diante de uma TV, sofrendo manipulação da Mídia, enquanto as ruas estão vazias devido ao Toque de Recolher. Esse Governo é contra qualquer forma de anomalia e por trás dos panos se acha na razão de fazer experiências com negros, homossexuais e até mesmo deficientes físicos. Isso te lembra alguma coisa? A submissão do povo é tão voluntária que passou a fazer parte do cotidiano. Era quase certeza que algum dia alguém teria que se rebelar contra o sistema.


Só não esperavam que isso acontecesse com tamanha classe e eficácia. V, o nosso protagonista, é um anarquista de primeira mão, um anti-herói que não mede esforços para obter justiça através da vingança. Inspirado nas atitudes de Guy Fawkes, V tem como objetivo terminar a tarefa que Fawkes não conseguiu: explodir o Parlamento Inglês no dia 5 de novembro e, assim, acabar com o poder do Estado e despertar o povo para a liberdade.


Em seu caminho ele encontra Evey Hammond (Natalie Portman, que fez um belo trabalho neste filme), uma cidadã comum que passa a seguir os passos do nosso anti-herói mascarado, como uma espécie de aprendiz, na esperança de tentar compreender suas atitudes e pensamentos complexos ao longo do vasto caminho de sangue e morte que ele insiste em traçar.


Diálogos inteligentes, frases impactantes, roteiro bem trabalhado. V de Vingança é um belo filme que explora diversos aspectos do Homem e Sociedade, e sinceramente não tenho mais palavras para descrever a largura da sua magnitude e complexidade. A única coisa que posso sugerir, leitor(a), é que você assista o filme e se encante com a ideologia de V; só assim o 5 de novembro para você terá um significado maior, e nunca mais será o mesmo.



"Por baixo desta máscara há mais do que carne e sangue. Por baixo desta máscara existe uma ideia... E ideias são à prova de balas".


Trailer: