sábado, 25 de junho de 2011

Iridescent





É incrível como a música, ao longo da vida, nos coloca em circunstâncias repetitivas que muitas vezes não prestamos atenção. Não importa qual seja seu estilo musical padrão ou quantas bandas você adora; sempre que se realiza o ato de escutar um álbum, há 2 ou 3 canções que se destacam e entram para o grupo seleto do paladar auditivo. E quando o ritual entre música e ouvido é selado, a repetição torna-se tão corriqueira quanto dormir de olhos fechados.

Claro que a pessoa que ama música não se incomodará com o grau de repetição e com o gasto de tempo causado por ela. Afinal, por mais que você escute milhares de vezes a mesma canção (ao ponto de enjoar-se dela), o mais importante é o significado que ela lhe transmitiu; os momentos que te fez recordar, as pessoas que te fez lembrar. É quase mágico o sabor das nuances que uma música é capaz de proporcionar.

Quando eu escutei A Thousand Suns pela primeira vez, das 15 faixas presentes no CD, apenas uma conseguiu me tirar do chão. Não estou falando simplesmente por tratar-se de uma banda que acompanho há quase 10 anos, mas porque, de fato, a música é linda. De todos os quatro álbuns de estúdio do Linkin Park, talvez "Iridescent" seja a canção mais bonita produzida pelo grupo.

Infelizmente, o videoclipe postado não contém a versão original da música e ainda por cima é repleto de mensagens subliminares, o que, de certa forma, é triste e decepcionante. A letra enfoca dramas pessoais e o clipe faz referências ao filme Transformers: O Lado Oculto da Lua, o qual estreia semana que vem e tem Iridescent como integrante da trilha sonora.

Por mais que muitos não concordem e me critiquem por isso, não consigo deixar de ver beleza em Iridescent. No caso dela, a repetição é primordial. E, se de alguma maneira ela tocar você ou apenas causar um momento de reflexão repentina, então garanto: é porque merece a oportunidade ser escutada mais uma vez.


Letra:

Iridescent

When you were standing in the wake of devastation
When you were waiting on the edge of the unknown
And with the cataclysm raining down
Insides crying, "Save me now"
You were there impossibly alone

Do you feel cold and lost in desperation
You build up hope but failure's all you've known
Remember all the sadness and frustration
And let it go
Let it go

And in a burst of light that blinded every angel
As if the sky had blown the heavens into stars
You felt the gravity of tempered grace
Falling into empty space
No one there to catch you in their arms

Do you feel cold and lost in desperation
You build up hope but failure's all you've known
Remember all the sadness and frustration
And let it go
Let it go

Tradução:

Iridescente

Quando você estava em pé no meio da devastação
Quando você estava esperando na beira do desconhecido
E com o cataclisma chovendo
Por dentro chorando, "Salve-me agora"
Você estava lá incrivelmente sozinho

Você sente frio e perdido em desespero
Você constrói a esperança, mas o fracasso é tudo que você conheceu
Lembre-se de toda a tristeza e frustração
E deixe-a ir
Deixe-a ir

E em uma explosão de luz que cegou todos os anjos
Como se o céu tivesse explodido o paraíso em estrelas
Você sentiu a gravidade da graça suave
Caindo em um espaço vazio
Ninguém lá para pegá-lo em seus braços

Você sente frio e perdido em desespero
Você constrói a esperança, mas o fracasso é tudo que você conheceu
Lembre-se de toda a tristeza e frustração
E deixe-a ir
Deixe-a ir

sábado, 18 de junho de 2011

O Show de Truman - O Show da Vida


"Lá fora, a verdade é igual a do mundo que criei para você. As mesmas mentiras. As mesmas decepções."


Algumas pessoas defendem a ideia de que a televisão é a escola da mentira. Elas estão certas. Tristeza, diversão, arrepio, passa-tempo, susto, lágrimas, frio na barriga, e mais uma dezena de sentimentos misturados num liquidificador de emoções; essas são apenas algumas das sensações produzidas no nosso organismo quando ficamos diante de uma TV assistindo aquela novela ou seriado favorito, aquele filme de que você tanto gosta... Programas que de certa maneira refletem os variados aspectos da sociedade para que o telespectador se identifique ou se reconheça em um determinado personagem ou situação.

Nós nos entretemos facilmente com uma mentira que tenta representar a verdade. E quando essa verdade é bem encenada, é digna de aplausos. Talvez por isso que tornou-se necessária a criação dos Reality Shows, para provar que a realidade crua também pode nos encantar. Há uma relação quase que terapêutica entre o telespectador e o aparelho televisivo: é bom chegar em casa após um dia árduo de trabalho e rir das palhaçadas dos outros; é um reconforto saber que, embora você esteja cheio(a) de dívidas ou se sentindo um zero a esquerda, muitos estão numa situação pior do que a sua. É um pensamento desumano, mas, acredite, existem pessoas assim.

Fugir da própria vida é a palavra mágica. Desconectar-se de tudo que está em volta e dedicar sua atenção aos problemas alheios. Essa é a definição do público alvo dos reality. Infelizmente, para esses tipos de pessoas, nunca existirá um programa que explore os limites da realidade. Apenas um realizou tal façanha e poucos são os privilegiados que o conhecem. O seu nome é O Show de Truman - O Show da Vida.

Truman Burbank (uma das melhores atuações de Jim Carrey) é um pacato cidadão que vende seguros e mora na ilha de Seahaven. Ele é casado com a enfermeira Meryl e tem um melhor amigo chamado Marlon. Quando criança, perdeu o pai em um passeio de barco e desde então sofre trauma do mar. Um sujeito simples que possui a ambição de explorar o mundo por nunca ter saído da ilha. Não há nada de anormal em Truman, exceto o fato dele ser o grande astro de um programa de TV exibido 24 horas, ao vivo e sem cortes, para todo o mundo. E o mais impressionante: ele não sabe de nada.


A ilha onde Truman reside é na verdade uma cúpula gigantesca capaz de ser vista do espaço. Sua mulher, seu amigo e sua mãe são atores contratados pela empresa que financia o programa. Seu trabalho, sua casa e cada parte da cidade, são falsos. Tudo artificial para manter a magia e fazer com que Truman acredite que seja real. Todavia, nem todos são a favor do reality e um dia Truman conhece Sylvia, uma garota disposta a contar a impactante verdade. É a partir deste ponto que o filme ganha empolgação, pois Truman passa a desconfiar que a atenção de todos gira ao seu redor e inicia a jornada para descobrir o que está acontecendo.

O filme é de 1998, foi dirigido por Peter Weir (mesmo diretor de Sociedade dos Poetas Mortos e Mestre dos Mares) e o roteiro extraordinário é de Andrew Niccol. A forma como a história se desenrola é incrível porque mesmo se tratando de uma ficção, revela algo que muitos não sabem: a televisão é capaz de tudo para obter audiência e, no caso de Truman, brincar com a vida de uma pessoa é um dos caminhos para se conseguir isto. A frieza da mídia é representada pelo diretor do programa, Christof (Ed Harris), sempre criando razões para manter Truman trancafiado na ilha no intuito de fazer o reality permanecer no ar.

O longa é crítico e metafórico, e diria até que os primeiros reality shows devem ter se baseado nele. Recebeu três Globos de Ouro, incluindo para a atuação de Jim Carrey, e possui atributos excepcionais (Como a trilha sonora, que é de derreter a alma). Por mais que tenha uma mensagem assustadora e talvez profética, O Show de Truman - O Show da Vida mostra o tipo de telespectadores que supostamente estamos destinados a ser: eternos protagonistas da ficção, sempre tentando afastar-se daquilo que é real. Verdadeiros palhaços do circo da mentira.


"Aceitamos a realidade do mundo no qual estamos presentes."


(Sem trailer hoje =/)

sábado, 11 de junho de 2011

Oração




Este ano eu não tenho motivos para comemorar o Dia dos Namorados, mesmo porque algumas pessoas sabem que é apenas mais uma data criada pelo capitalismo para consumirmos algum produto do qual você ou a pessoa amada não precisam. Ainda assim, há aqueles que permanecem fiéis em acreditar no encanto desta data. Não os culpo, eu já passei por isso...

Por mais que atualmente a magia desse dia não esteja me afetando, preciso tirar o foco de mim e ser altruísta; prefiro dedicar a postagem de hoje a você que considera esse evento um dos melhores do ano simplesmente por ter alguém ao seu lado, por sentir a reciprocidade carinhosa de um olhar, um abraço, um beijo, e qualquer outra coisa sentimental.

É por isso que o videoclipe de hoje é especial. A música "Oração", d'A Banda Mais Bonita da Cidade, possui uma letra que (ora, vejam só) fala sobre amor. O clipe foi gravado dentro de uma casa no formato de plano-sequência (sem cortes), um dos elementos que o tornou tão famoso na internet. Entretanto, o mais chamativo de tudo é o companheirismo e a amizade demonstrada por todas as pessoas que aparecem no vídeo.

A música tem 8 versos que são repetidos várias vezes, de forma entusiasmante e alegre. Talvez essa seja uma maneira diferente e interessante de comemorar o Dia dos Namorados: celebrar a amizade, que é por onde tudo começa, enfatizando a complexidade espacial do amor e dos ósculos e amplexos contidos nele.

Pense nisto e faça uma oração. Deseje um amor que possa atingir todas as pessoas, não somente no Dia dos Namorados, pois o amor de verdade necessita de uso diário. Deseje um amor maior que tudo, que neutralize todas as infelicidades, e que no final seja capaz de abraçar o mundo inteiro. Porque isso, sim, vale a pena comemorar.


Letra:

Meu amor essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
Cabem três vidas inteiras
Cabe uma penteadeira
Cabe nós dois

Cabe até o meu amor, essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
Cabem três vidas inteiras
Cabe uma penteadeira
Cabe nós dois

Cabe até o meu amor, essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
Cabem três vidas inteiras
Cabe uma penteadeira
Cabe essa oração

terça-feira, 7 de junho de 2011

Clube da Luta


"Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar. Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra espiritual, nossa grande depressão é a nossa vida. Fomos criados pela televisão para acreditar que um dia seríamos ricos, estrelas de cinema e astros do rock. Mas não seremos. E estamos aos poucos aprendendo isso. E estamos muito , muito revoltados".


É preciso que uma coisa fique clara: um filme clássico não tem que ser necessariamente preto e branco ou pertencer a décadas muito distantes. Essa é uma definição criada pelos saudosistas que ignoram com insistência o grau de qualidade que vem surgindo nos filmes modernos. Obviamente, o despertar dos clássicos ocorreu nos tempos antigos e Charles Chaplin certamente foi uma grande referência para o cinema no século XX, retratando temas que ainda podem ser vistos na atualidade.

Nós somos os responsáveis por dizer qual filme deve ser considerado como clássico, independente do período histórico em que ele foi produzido. Clássico é aquilo que te prende, emociona, faz rir; sua superfície é baseada no entretenimento, mas sua essência é composta pelo ensinamento, reflexão, filosofia... Aquele ato que nos faz aprender algo a respeito do mundo e que, principalmente, nos abre os olhos para coisas outrora invisíveis que sempre estavam debaixo do nosso nariz.

Clube da Luta é um longa de 1999, dirigido por David Fincher (mesmo diretor do recente Rede Social) e estrelado por Brad Pitt e Edward Norton. O surpreendente do filme é que a luta funciona como um dos elementos centrais, porém não é o que sustenta o enredo; ela é uma bengala que exerce o seu papel até um dado momento, permitindo que em seguida a história ande com suas próprias pernas e siga por caminhos imprevisíveis.

Norton dá vida a um personagem-narrador sem nome, cuja vida se resume ao trabalho e ao consumo de produtos sofisticados que estão na moda ou que simplesmente chamam a atenção. Ele sofre de uma insônia terrível e recebe um conselho para participar de grupos de apoio. Lá ele não encontra apenas a cura para insônia, mas também a fuga da solidão. Ele ganha carinho e atenção de pessoas infelizes e descobre como um abraço reconfortante pode ser tornar um vício.


A tragédia: seu apartamento explode misteriosamente com todas as coisas que o faziam sentir-se perto da perfeição. Ele concentra-se no trabalho e em uma viagem de negócios conhece Tyler Durden (Pitt, em uma atuação sensacional), um homem que fabrica e vende sabonetes. Ambos tomam cerveja, batem papo e logo depois começam a brigar. Eles sentem prazer em espancar um ao outro e passam a fazê-lo todo fim de semana, atraindo a atenção de várias pessoas. E assim nasce o Clube da Luta, composto por homens que se reúnem no porão de um bar com o intuito de extravasar, na base da violência, todas as frustrações de suas vidas "patéticas".

O clube havia se tornado uma válvula de escape, uma forma de escapar da realidade sufocante, uma maneira de atingir o potencial máximo através de socos e chutes. E isso ficou evidente e muito mais intenso para o narrador, visto que o grupo de apoio do qual fazia parte não lhe dava aquela sensação de liberdade, o sabor de sentir a vida. O problema é que Tyler é um visionário; ele enxerga no clube uma oportunidade de revolução, de mudar a história, e passa a montar uma facção. O Clube da Luta cresce, evolui, e cria uma ramificação chamada Projeto Destruição. O objetivo desse projeto é derrubar o sistema capitalista e libertar os consumidores do sacrifício de pagar dívidas.

É por meio do terrorismo e vandalismo que o exército de Tyler vai crescendo e cruzando as grandes cidades do país. A meta é alcançar o caos. O personagem de Norton logo percebe que Tyler transformou-se numa espécie de líder de uma rebelião iminente; todos veneram Tyler, todos obedecem Tyler, todos o veem como um salvador que os despertou para a vida real. Clube da Luta é inteligente por não se tratar apenas de luta. Nele vê-se claramente discursos políticos, filosóficos, sociais e aquele que é o responsável pela grande reviravolta do filme: o psicológico, a ideia de que a loucura é a única saída. Sem sombra de dúvidas, um clássico dos tempos modernos.


Trailer: