quinta-feira, 24 de junho de 2010

Toy Story 3







No meu primeiro comentário cinematográfico, afirmei que era bastante patriótico com relação a filmes brasileiros e que existem muitos que merecem sem valorizados. Sem dúvida, continuo concordando com tal afirmação. Entretanto, esqueci de dizer que há milhares de filmes internacionais que também têm o direito de serem apreciados.






Afinal, quem nunca assistiu um filme da Disney durante a infância? Quem nunca se encantou com a filosofia de Matrix, a ação pirotécnica de Star Wars, os efeitos especiais de Homem-Aranha ou de Jurassic Park? Quem não sentiu um calafrio quando viu o Sexto Sentido e Sinais? Quem não se apaixonou pela inocência de Forrest Gump e do semelhante Edwarda Mãos de Tesoura, ou sentiu uma nostalgia ao ver De Volta para o Futuro e Esqueceram de Mim? Quem nunca caiu de gargalhada com os filmes de Jim Carrey ou com as palhaçadas do atrapalhado pirata Jack Sparrow?





Poderia passar o resto do dia descrevendo uma lista de filmes marcantes. Só que hoje não. No lugar de relatar cada item da lista, ireia acrescentar mais um nome à ela. E só depois irei comentar a maravilhosa sensação que foi ver Toy Story 3.






Antes que você me chame de criança, leitor, devo dizer sim que esse é um filme infantil... Mas para crianças que já cresceram. Acredito que poucas são as crianças de hoje que acompanharam as aventuras do caubói Woody e do astronauta Buzz Lightyear, até porque os dois primeiros filmes aconteceram na metade e no fim dos anos 90. Como creio que os heróis infantis da atualidade sejam Ben 10, Naruto ou Bob Esponja (estou muito desatualizado com relação aos desenhos de hoje), acho difícil elas perceberem a carga sentimental que Toy Story 3 carrega. É óbvio que existem exceções, mas não é a mesma coisa; só os antigos fãns, aqueles que conheceram os brinquedos desde o início, são capazes de sentir a melancolia do adeus e deixar os olhos marejarem ao final do filme.






A entrada do filme já deixa claro: a infância passou. O tempo de brincar com bonecos expirou e agora não passa de uma breve lembrança. Andy, o dono dos brinquedos, cresceu. E, como tal, há consequências. Ele vai para a faculdade e precisa decidir o que fazer com os brinquedos velhos. Decide então doá-los para uma creche. E é neste ponto que a Disney e a Pixar se superaram, pois, basicamente, Toy Story 3 é uma história de sobrevivência.






A creche a qual foram doados não é lá um paraíso. No início é tudo um mar de rosas, mas depois os brinquedos descobrem que aquele local é uma prisão comandada pelo urso ditador Lotso (que chega a lembrar um mafioso no estilo Poderoso Chefão ou Família Soprano). A partir daí, o astronauta Buzz e o restante de seus amigos tentam encontrar uma saída em meio a tanta repressão, enquanto Woody tenta voltar para o seu antigo dono, na esperança de ainda ser últil. No entanto, o caubói retorna ao saber que seus amigos estão em apuros. E, como sempre juntos, mergulham na jornada rumo ao antigo lar, antes que Andy parta para a faculdade e seja tarde demais.






Como já falei (e não vou cansar de repetir) a Pixar se superou. Ela fez o espectador mergulhar de tal forma no filme, que é possível sentir a emoção e a reflexão de cada brinquedo, através dos seus olhares tristes e dos gestos comoventes. (Destaque para a cena do lixão, onde todos os brinquedos caminham em direção ao fogo mortal). É quase impossível não se emocionar... Quem não quiser derramar uma lágrima sequer, sugiro que respire fundo. Várias vezes.






Um enredo cheio de aventura e sentimentalismo, que de certa forma mexe com aquela criança aprisionada dentro de nós. Toy Story mais uma vez conseguiu ser marcante, e, definitivamente, entrou para minha lista.
Trailer:

sábado, 19 de junho de 2010

Eu sou o mensageiro





"Antes até de começar a entrar em detalhes sobre mim, acho melhor ir contando alguns outros fatos:
1. Quando tinha 19 anos, Bob Dylan já era veterano da noite do Greenwich Village, em Nova York.
2. Salvador Dalí já tinha pintado uma porrada de quadros sensacionais e se rebelado quando fez 19 anos.
3. Joana D'Arc era a mulher mais procurada e caçada no mundo quando tinha 19 anos, tendo criado uma revolução.
Daí vem Ed Kennedy, também com 19 anos de idade...

Estou sempre me perguntando "e aí, Ed, o que você fez de útil nesses 19 anos de vida?" A resposta é simples: porra nenhuma
."


É assim que se descreve o protagonista do livro "Eu sou o mensageiro", de Markus Zusak, mesmo autor de A Menina que Roubava Livros (desse eu falarei outro dia). Bom, acredito que apenas por essa descrição já deu pra sentir um pouco do "drama".


Escolhi esse livro para o meu primeiro comentário literário porque, de certa forma, foi uma obra que mexeu comigo... Não sei explicar muito bem o motivo, mas foi um dos melhores livros que li ano passado. Tão bom, que o reli no início deste ano. Espero que o leitor aprecie o comentário e se interesse em lê-lo.


Voltemos ao protagonista: Ed Kennedy, garoto de 19 anos, táxista, mora sozinho e tem um cachorro velho que é viciado em café, Porteiro. Além disso, tem três amigos com quem joga pôquer semanalmente: Marv, o mão-de-vaca; Ritchie, a preguiça em pessoa; e finalmente Audrey, sua melhor amiga, por quem sente um amor platônico. Ah, quase ia me esquecendo... Ele se considera um completo zé-mané. Aparentemente, um cara normal que leva uma vida normal. Correto?


Errado.


Ed passa a viver uma vida dupla a partir do momento que impede um assaltante de roubar um banco. Ele mal poderia imaginar que um gesto tão nobre fosse repercutir na mídia... e que por causa disso fosse destinado a receber as cartas. É a partir daí que Ed Kennedy torna-se o mensageiro.


Dentro de cada envelope que Ed recebe, há uma carta de baralho: um ás. Para quem não sabe, existe quatro tipos de áses: o de copas, o de espada, o de paus, e o de ouros. Ele não os recebe nessa ordem, mas o que importa mesmo é que cada uma dessas cartas têm um significado, e carregam um desafio diferente. Carregam o endereço e os nomes das pessoas para quem Ed deve mandar uma mensagem.


Sem saber quem estava por trás daquilo e por quê ele fora escolhido, Ed embarca nessa jornada. Inicialmente, parece muito fácil. Entretanto, à medida que você avança na sua leitura por entre as páginas repletas de alegrias, amor, tristeza, comoção e até um pouco de filosofia, acaba-se descobrindo que ajudar pessoas não é uma tarefa nada fácil. Só para ter uma ideia: o primeiro desafio de Ed é ajudar uma mulher que é agredida pelo marido quase todas as noites.


Ainda que seja um caminho bombardeado por obstáculos que precisam ser quebrados, Ed vai descobrindo a passos lentos que também trata-se de um caminho de auto-conhecimento. Ele passa a enxergar as pessoas de outra forma, observando suas falhas e seus acertos; passa a ver a si mesmo como alguém que tem potencial de persistir naquilo que realmente quer; e, principalmente, reconhece que não é o único que tem problemas. Graças a suas tarefas, ele percebe que as pessoas que necessitam de qualquer tipo de ajuda estão mais próximas do que se imagina.


Ed Kennedy deixa de ser um zé-ninguém e passa a ser um realizador de sonhos. "Eu sou o mensageiro" é um ótimo livro. Tocante em muitas cenas. Porém, devo alertar: para aqueles que não gostam de palavrões, é melhor nem chegar perto. Para aqueles que não ligam, eu recomendo.


Então é isso... boa leitura!

domingo, 13 de junho de 2010

O Cheiro do Ralo




Sempre fui bastante patriótico com relação a filmes. Enquanto grande parte das pessoas preferem tirar meia dúzia de reais do seu bolso para assistirem no cinema mais um lançamento hollywoodiano, eu me contento com um bom filme nacional.


Um fato: pergunte a pelo menos dez pessoas se elas gostam de filmes brasileiros, e garanto que a metade vai dizer que não. Muitos alegam que filmes da nossa terra tupiniquim abordam sempre os mesmos assuntos: sexo, favela e sertão. Poucos percebem que o importante mesmo na verdade não é o gênero com que se trabalha, mas sim o conteúdo que tal gênero carrega.


É interessante como o espírito nacionalista só emerge em época de Copa do Mundo. Até quem não curte esporte arrisca ocupar um espaço no meio da multidão de torcedores fanáticos. Mais uma vez, o futebol se sobrepõe à arte. É triste.


Começarei meu primeiro comentário cinematográfico falando um pouco de um filme brasileiro, apenas para tentar provar que algumas películas produzidas no nosso país têm conteúdo, e valem a pena serem assistidas. E como vale.


O filme escolhido chama-se "O Cheiro do Ralo", baseado na obra de Lourenço Mutarelli. Posso resumir o filme em breves palavras: um homem que se apaixona por uma bunda. É, isso mesmo... Uma bunda. Curioso, não? O cara leitor deve estar se perguntando nesse momento: "Pra que eu vou assistir um filme de um cara que se apaixona por uma bunda? É só mais um filme que tem sexo e palavrão!". Há palavrões? Sim, muitos. Há cenas de sexo? Sim, algumas. Mas como disse lá em cima, o que importa é o conteúdo.


O protagonista é Lourenço, interpretado brilhantemente por Selton Mello. Ele trabalha em uma loja que compra objetos usados. No banheiro do seu escritório, o ralo entope e começa a feder, daí o título do filme. O cheiro é tão forte e penetrante, que Lourenço passa a colocar a culpa de suas atitudes (muitas delas são gritantes) no ralo. Esse pequeno objeto por onde os coliformes fecais se aglomeram passa a ser a fonte de energia e força de Lourenço em todas as suas loucuras; chega a ser filosófico quando ele fala: "Esse ralo é um portal para o inferno".


Só que também há romance: Lourenço e a bunda. Sim, a bunda... A bunda de uma garçonete que ele conhece em uma de suas andanças. O fato dele comprar coisas dos outros faz com que ele tenha uma ânsia de possuir a bunda para si. É uma comédia... dramática, que reflete a vida vazia de um homem tentando preenchê-la com sua ganância. E que cujo final é totalmente imprevisível.


Mais um bom filme brasileiro, com um grande astro do cinema nacional. Espero que você, leitor, pense melhor quando for ao cinema... Se você sentir que o filme tem conteúdo, não custa tentar. Você tem o poder de escolher o que quiser, então escolha tornar-se um brasileiro mais completo.


Como diria Lourenço:


"O poder é afrodisíaco"

domingo, 6 de junho de 2010

Uma pitada de melancolia... com gosto de trevas

Fico contente pelas pessoas que vieram até mim e disseram que gostaram da minha iniciativa de ter criado um blog. Definitivamente, é desse combustível que necessito para continuar dando vida a esta criança que ainda tem muito que crescer.
Revirando novamente a minha caixinha de lembranças, reencontrei-me com um texto que representa o lado sombrio da vida de um jovem poeta que não sabia o que fazer da vida, e muito menos tinha perspectiva de um futuro. Hoje, revisitando meu passado, lendo as palavras que escrevia, percebo como eu estava submerso nas trevas que cerca o cotidiano de boa parte dos adolescentes.
Sofria de amores platônicos, não sabia o que queria ser quando "crescer"... É, eram tempos confusos, onde a alegria e a depressão se misturavam constantemente, e quase sempre era impossível discernir qual das duas vencia a batalha pela dominação da mente.
A pedidos de meu amigo Pablo Roberto, também poeta (espero publicar uma poesia dele aqui, futuramente, se assim ele permitir), publicarei mais um texto da minha época poética. Não é um dos meus melhores, mas lendo hoje acho até engraçado. E antes que alguém pergunte: não, eu não fumava maconha, não tentei me matar e nem tomava anti-depressivos.
Aí vai...


Putrefação



Estou em um estado de putrefação
Pois você está distante
Fiquei preso na solidão
E meu futuro será degradante!

Minha carne começa a feder
Pois você não está ao meu lado
Queria poder refazer
Aquele velho e triste passado

Meus ossos vão virar pó
Pois você não quis cuidar de mim
Estou completamente só
Apenas esperando o fim

Meus órgãos vão apodrecer
Pois você não me deu carinho
Queria somente viver
Sem ter que ser sozinho

O meu coração não vai sumir
Pois você o dominou
A tristeza vou tentar excluir
E lembrar do amor que ficou.


Leonardo da Vinci
19-09-05

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Poesias de adolescentes incompreendidos

Certo dia estava eu revirando meu baú de memórias, observando fotos, ouvindo músicas, lendo textos, e diante de tudo aquilo, deixei-me levar pela nostalgia da juventude. Eis que me deparei com uma poesia minha e do meu velho amigo, Jânio Augusto. Sim, eu já fui poeta... Há muito tempo, em uma galáxia muito distante...


O interessante é que lendo hoje, percebo como a inspiração poética corria pelas minhas veias. O irônico: não me vejo mais escrevendo coisas desse tipo, a não ser que caia sobre mim uma inspiração divina que me faça voltar a ser poeta...


Enfim, aí vai. Mas aviso logo: é uma poesia de ADOLESCENTE, quem espera ler algo nos moldes machadiano ou pessoano, está com certeza no lugar errado.




Violões

Às vezes durmo com o maravilhoso som
Que só existe nas belas canções
É a sincronia de um belo tom
Afinado pela corda dos violões

Me deixo levar pela harmonia
Pelo som do meu violão
Não largo dele nenhum dia
É música, é inspiração

Toco como um simples violeiro
E sempre tem alguém para me ouvir
Nas sombras do mês de fevereiro
Aprendi que não devo desistir

Na melodia desse instrumento,
Sinto meu corpo dilacerar
Na velocidade de um vento
É que a música vai me guiar

Vejo uma garota dançar
Com muita alegria no coração
Ela valsa cortando o ar
Pois sente a energia do violão

A notas em sincronia
Animam ainda mais a garota
É perfeita como uma sinfonia
Acompanhada pela única garoa

Às vezes durmo com o maravilhoso som
Que só existe nas belas canções
É o resultado de um dom
Que se cria no interior dos violões.


Augusto e Da Vinci. 09/09/06

terça-feira, 1 de junho de 2010

E no início, fez-se a reflexão...

Sempre repeti comigo mesmo que nunca faria um blog. Não por falta de coragem, ou por sofrer da síndrome da preguiça aguda, mas sim porque alimentar essa criatura virtual dá trabalho; exige tempo e, na maioria dos casos, muita criatividade.
Fazê-lo nascer é simples. Mas para domesticar esse bebê até que ele chegue à vida adulta, é primordial que ele tenha um bom pai. No caso, eu. Não é uma tarefa fácil. Muitos desses seres cibernéticos morrem antes mesmo de aprender a engatinhar. Como posso prepará-lo para a imensidão de informações que circulam a cada segundo por essa rede virtual quase que infindável? Ele estará preparado para nascer no meio de tudo isso e acompanhar o rápido processo da evolução tecnológica?
Bom, isso vai depender de mim. E de você (leitor) também. Se trabalharmos juntos, nosso filho vai crescer sadio e terá boas perspectivas para um futuro promissor. Sei que será um longo caminho, e que muitas vezes você não vai gostar da educação que estou dando a ele, mas prometo fazer a minha parte da maneira mais correta possível, o máximo que puder. Você fará a sua? Temos um acordo?
Opa, tá nascendo... Calma, muita calma...
Olha ele aí...
Senhoras e senhores, bem vindos ao Menino das Letras.