"Nada é permanente... Nem mesmo a morte".
Tal frase seria muito irônica, se não fosse tão trágica.
A vida é um bem valioso que todos temos o medo de perder. Tão preciosa e ao mesmo tempo bastante frágil. Muitas vezes pensamos que somos eternos; planejamos o futuro, arquitetamos nossos próximos passos... É só quando perdemos alguém conhecido que a mortalidade torna-se algo intenso e significativo. Podemos partir de uma hora para a outra, deixando projetos inacabados para trás... A morte dá várias rasteiras ao longo da vida, e O Mundo Imaginário do Dr. Panassus foi apenas mais uma de tantas vítimas que ficaram bestificadas no chão.
O início da produção foi cercada de mistério, pois o diretor e roteirista Terry Gilliam não queria entrar nos detalhes do enredo. O suspense do diretor deixou muitas pessoas apreensivas, pois Gilliam tem uma grande fama de trilhar o caminho do azar; muitas de suas produções sofreram dificuldades para serem finalizadas, e ainda houve uma que nem chegou a ser iniciada porque o set de gravação foi totalmente destruído por uma tempestade. As coisas caminhavam bem com Dr. Parnassus, até que em janeiro de 2008 o ator principal morre na metade das filmagens.
O jovem ator em ascensão chamávasse Heath Ledger, que na época estava sendo muito falado pela sua atuação em Batman - O Cavaleiro das Trevas. Ainda perseguido pela sombra do azar, Gilliam viu-se sem forças para continuar com o projeto. Mas o destino havia reservado um trunfo. O falecido australiano tinha amigos, que se ofereceram para ajudar o diretor a terminar a última obra de Heath Ledger.
O Mundo Imaginário conta a história do Dr. Parnassus, um antigo monge que se arrepende amargamente por ser imortal. Para alguns isso não seria ruim, tenho certeza. Embora, talvez, a oferta perdesse todo o sabor quando oferecida pelo Diabo, e o chifrudo sempre quer algo em troca. Mesmo tendo a dádiva de ser inatingível pela morte, Parnassus teve que fazer sacrifícios: toda filha que ele tivesse, ao completar 16 anos, iria pertencer ao Coisa Ruim.
Trato é trato, e o Diabo leva isso bem a sério. Faltando apenas três dias para Valentina completrar 16 anos, o chifrudo vai cobrar sua dívida. Para salvar a filha amada das garras do inferno, Parnassus faz uma nova aposta: se ele conseguir 5 almas primeiro do que o Diabo, Valentina será poupada. Desse modo, a trupe itinerante do Imaginário segue seu rumo, espalhando fantasia e imaginação para aqueles que atravessam o espelho e adentram no Mundo criado pela mente do Dr. Parnassus. E é durante o caminho que eles encontram Tony (Ledger).
Tony é um homem misterioso e aparentemente sofre de amnésia, ainda assim logo é convocado a participar da trupe do Imaginário. Quando atravessa o espelho, as facetas de Tony se modificam (é aí que entram as participações de Johnny Depp, Colin Farrel e Jude Law, que substituem Ledger à medida que Tony se depara com o Mundo Imaginário). Gostaria de ressaltar a interpretação de Andrew Garfield, que fez um exelente trabalho como coadjuvante neste filme, brilhou em A Rede Social e agora será o novo Homem-Aranha.
Não se assuste caso você não entenda alguma coisa em O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, pois o longa é uma viagem alucinante pela mente criativa de Terry Gilliam. A fantasia e o fantástico são os pontos altos deste que foi um filme incrivelmente aguardado, não somente pelo fato de ter sido o último de Heath Ledger, mas também por ter sido construído e finalizado por pessoas que o admiravam e que levaram o projeto até o fim em honra à sua memória.
A morte pode dar rasteiras, só que neste caso ela estendeu a mão.
"Um filme de Heath Ledger e seus amigos".
Trailer:
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