“Garanto a você que, em
algum momento, tudo vai dar errado. E você vai dizer: é o fim. É assim que vou
morrer”.
O cineasta Ridley
Scott conquistou sua fama a partir de 1979, quando lançou o memorável Alien – O Oitavo Passageiro. O sucesso
se manteve três anos depois com Blade
Runner – O Caçador de Androides, longa que está situado no olimpo das
ficções-científicas. Muitos fãs acreditavam que, após o fiasco de Prometheus em 2012, o diretor inglês
desistiria de produções desse gênero.
A surpresa não poderia ter sido mais agradável, e é com o
otimista e gracioso Perdido em Marte que
Ridley Scott regressa ao âmbito que em outrora o levou aos holofotes. Inspirado
na obra literária de Andy Weir, o
casamento da direção com o roteiro gerou um resultado ideal, uma vez que o
autor do livro sempre foi interessado por ficção e leis da física.
O enredo tem início com a tripulação da Ares 3 tendo que
abandonar o planeta vermelho. Durante o processo de evacuação, o astronauta
Mark Watney (Matt Damon) fica para
trás e é considerado morto pela NASA e, consequentemente, por todo o mundo.
Superando todos os possíveis cálculos matemáticos e teorias
científicas, Watney permanece vivo e inicia seu projeto de como sobreviver em Marte.
Diferente de Tom Hanks, que em O Náufrago
usou uma bola como seu melhor amigo (o inesquecível Wilson), aqui Watney
precisa se agarrar à ciência e a todo conhecimento que adquiriu por meio dela
até esperar que a próxima tripulação venha resgatá-lo.
Em oposição ao introspectivo Gravidade e ao didático e acadêmico Interestelar, Perdido em
Marte traz um clima amenizado diante de uma situação tão árdua. A
serenidade não é somente exalada pelo cativante elenco, mas sobretudo pela
trama; há ali o evidente esforço e interesse em salvar o astronauta e amigo,
tanto por parte da equipe da NASA, liderada por Jeff Daniels, quanto pela tripulação da Hermes, comandada por Jessica Chastain.
Parte do clima despretensioso deve-se à atuação de Matt
Damon, que construiu um personagem capaz de fazer piadas e destilar ironias nos
momentos mais adversos, seja nas suas experiências tentando plantar batatas ou
no seu histórico audiovisual. O fato do protagonista em muitas cenas ficar
falando diretamente para uma câmera ajuda a fazer com que o espectador torça a
favor daquele sujeito. E para descontrair mais, a trilha sonora é composta por
canções que abalaram as rádios de décadas passadas, como Starman e Hot Stuff, algo
que remete quase imediatamente ao cômico e adorável Guardiões da Galáxia.
Ridley Scott tinha em mãos a oportunidade de fazer mais um
drama com o intuito de concorrer a várias premiações, porém apostou na
simplicidade e alegria e fez com que Perdido
em Marte se tornasse outro marco em sua carreira. Parece que, apesar das
chances nulas de viver no espaço, ainda existe um longo rastro de esperança
para este gênero no cinema. E de repente Marte ficou mais simpática e amigável.
Trailer:
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