sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Perdido em Marte


Garanto a você que, em algum momento, tudo vai dar errado. E você vai dizer: é o fim. É assim que vou morrer”.

O cineasta Ridley Scott conquistou sua fama a partir de 1979, quando lançou o memorável Alien – O Oitavo Passageiro. O sucesso se manteve três anos depois com Blade Runner – O Caçador de Androides, longa que está situado no olimpo das ficções-científicas. Muitos fãs acreditavam que, após o fiasco de Prometheus em 2012, o diretor inglês desistiria de produções desse gênero.

A surpresa não poderia ter sido mais agradável, e é com o otimista e gracioso Perdido em Marte que Ridley Scott regressa ao âmbito que em outrora o levou aos holofotes. Inspirado na obra literária de Andy Weir, o casamento da direção com o roteiro gerou um resultado ideal, uma vez que o autor do livro sempre foi interessado por ficção e leis da física.


O enredo tem início com a tripulação da Ares 3 tendo que abandonar o planeta vermelho. Durante o processo de evacuação, o astronauta Mark Watney (Matt Damon) fica para trás e é considerado morto pela NASA e, consequentemente, por todo o mundo. 


Superando todos os possíveis cálculos matemáticos e teorias científicas, Watney permanece vivo e inicia seu projeto de como sobreviver em Marte. Diferente de Tom Hanks, que em O Náufrago usou uma bola como seu melhor amigo (o inesquecível Wilson), aqui Watney precisa se agarrar à ciência e a todo conhecimento que adquiriu por meio dela até esperar que a próxima tripulação venha resgatá-lo.


Em oposição ao introspectivo Gravidade e ao didático e acadêmico Interestelar, Perdido em Marte traz um clima amenizado diante de uma situação tão árdua. A serenidade não é somente exalada pelo cativante elenco, mas sobretudo pela trama; há ali o evidente esforço e interesse em salvar o astronauta e amigo, tanto por parte da equipe da NASA, liderada por Jeff Daniels, quanto pela tripulação da Hermes, comandada por Jessica Chastain.   


Parte do clima despretensioso deve-se à atuação de Matt Damon, que construiu um personagem capaz de fazer piadas e destilar ironias nos momentos mais adversos, seja nas suas experiências tentando plantar batatas ou no seu histórico audiovisual. O fato do protagonista em muitas cenas ficar falando diretamente para uma câmera ajuda a fazer com que o espectador torça a favor daquele sujeito. E para descontrair mais, a trilha sonora é composta por canções que abalaram as rádios de décadas passadas, como Starman e Hot Stuff, algo que remete quase imediatamente ao cômico e adorável Guardiões da Galáxia.     


Ridley Scott tinha em mãos a oportunidade de fazer mais um drama com o intuito de concorrer a várias premiações, porém apostou na simplicidade e alegria e fez com que Perdido em Marte se tornasse outro marco em sua carreira. Parece que, apesar das chances nulas de viver no espaço, ainda existe um longo rastro de esperança para este gênero no cinema. E de repente Marte ficou mais simpática e amigável. 

Trailer:

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