“Todos nós temos um
único inimigo. E ele é o Presidente Snow. Ele corrompe tudo e todos. Esta
noite, apontem suas armas para a Capital. Apontem suas armas para Snow”.
Quando a franquia Jogos
Vorazes teve seu início no cinema em 2012, já nasceu com o preconceito de
se tornar somente mais uma aventura adolescente. A jornada de Katness Everdeen
(Jennifer Lawrence), no entanto,
veio repleta de surpresas, com uma trama que conversava com desigualdade
social, entretenimento sádico e coercivo e, principalmente, conflitos
políticos.
Em A Esperança – O
Final, como o próprio título já deixa explícito, tem-se o resgate dessas
questões e faz com que o espectador chegue ao ápice da dramaticidade que envolve
o povo de Panem e à revolução que promete cessar permanentemente a ditadura
imposta pela Capital.
Assim que Peeta é resgatado da Capital nos momentos finais da
Parte 1, Katness descobre que ele foi
submetido a um tipo de lavagem cerebral; um condicionamento agressivo cujo
único princípio é matar Katness. À medida que os treze Distritos se unem para o
ataque revolucionário de invadir a Capital e obrigar a rendição do Presidente
Snow, a Garota em Chamas finalmente sente a necessidade de se concentrar em cortar
o mal pela raiz; Snow precisa arcar com as consequências de seus atos.
Diferente da Parte 1,
que foi muito criticada por sua relativa calmaria ponderativa e filosófica,
aqui há o retorno da ação característica dos dois primeiros filmes, pois os rebeldes
precisam enfrentar as armadilhas que foram colocadas nas ruas da Capital para
impedir seu avanço. O perigo se esconde a cada curva e também na penumbra do
subsolo, e cabe ao Tordo decidir qual a maneira mais sensata de pôr um fim à
guerra.
O diretor Francis
Lawrence aproveitou o regresso da arena sanguinária e a Lionsgate também não poupou gastos; as
cenas em que Katness e seus amigos correm para sobreviver são bem filmadas, e
os efeitos especiais contidos em cada uma não decepcionam. Destaque para duas situações:
1) no esgoto com os Bestantes, a qual possui uma tensão que remete a outra
primorosa obra do diretor: Eu Sou a Lenda;
2) quando Katness tenta entrar na mansão, em meio a tiroteios e explosões.
Talvez seja pelo clima de encerramento ou apenas mais uma
peculiaridade presente em todos os longas da franquia, mas A Esperança – O Final carrega uma densa atmosfera melancólica,
tanto na fotografia quanto nos acontecimentos que se desenrolam no decorrer da
exibição. O interessante é ver como isso afeta personagens que antes eram
amigáveis e irreverentes (Preste atenção em Gale), provando o amadurecimento da
narrativa.
É gratificante perceber que uma história protagonizada por
uma adolescente não se prendeu ao triângulo amoroso e passou longe de se tornar
algo similar a Crepúsculo, ainda que
essas temáticas estivessem incluídas nas intenções de Suzanne Collins. Embora Katness não tenha um final 100% feliz,
especialmente porque algumas cicatrizes ficam para sempre, as ideologias
revolucionárias encontradas no discurso de Jogos
Vorazes apontam mais para a liberdade do que para felicidade. A crítica
política e as relações de abuso de poder continuarão sendo os alicerces que
fundamentaram essa franquia. Fica agora apenas o desejo utópico de que os
jovens não se esqueçam disso.
Trailer:
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