“Longo e árduo é o caminho que do inferno
conduz à luz”.
A simbologia por trás do número sete é mítica e ancestral e,
à luz da História – e até mesmo da Bíblia – , os exemplos em que o misterioso
dígito aparece são vastos. Sete maravilhas do mundo, sete cores no arco-íris,
sete dias na semana, sete selos do Apocalipse... É de fato intrigante, e embora
seja coincidência ou não, é preciso acrescentar à lista a existência das sete
virtudes sagradas e suas sete opositoras.
Os sete pecados capitais é um assunto que perpassa o mundo
artístico há muito tempo, praticamente uma fonte inesgotável para referências,
sendo inclusive uma das bases utilizadas por Dante Alighieri quando escreveu A Divina Comédia. Não é de se admirar,
portanto, que a temática ultrapasse as páginas literárias e seja abordada em um
filme policial.
Aliás, tal ambiente não poderia ser mais propício; o salário
do pecado é a morte, conforme escreveu o apóstolo Paulo em sua carta de Romanos.
Seven: Os Sete Crimes Capitais é uma
produção de 1995, estrelada por Morgan
Freeman e Brad Pitt. O longa
retrata os últimos dias da carreira do quase aposentado detetive Somerset
(Freeman), nos quais ele tenta desvendar uma série de homicídios ao lado do
novato e impetuoso detetive Mills (Pitt).
Os assassinatos giram em torno dos pecados capitais, em que
cada vítima possui uma ligação íntima com o pecado que lhe foi creditado. Cabe
aos investigadores decifrar os enigmas por trás da mente de um psicopata
megalomaníaco antes que ele conclua sua obra de arte.
Seven é um dos melhores filmes de suspense
da década de 1990 (quiçá dos últimos vinte anos), se equiparando a O Silêncio dos Inocentes, especialmente
no quesito trilha sonora. Parte do sucesso deve-se pelo roteiro e também pela
condução do diretor David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button, Garota Exemplar), que fez deste trabalho
um divisor de águas na sua carreira.
A atmosfera do enredo é sombria (chove em grande parte das
cenas), uma típica marca de Fincher, e na maioria das vezes os detetives sempre
entram em locais com pouca iluminação. Esses detalhes ajudam a intensificar o
mistério e, com destreza, ele se sustenta até o imprevisível, perturbador e
impactante final. É preciso ressaltar a atuação de Kevin Spacey, que se entregou a um desempenho tranquilo e doentio,
características que elevaram seu personagem ao patamar dos maiores vilões do
cinema.
Seven: Os Sete Crimes
Capitais, apesar de
possuir a estrutura básica de um filme policial, no qual o mocinho persegue o
assassino, possui profundos fundamentos filosóficos e morais acerca da
sociedade. É tolice analisá-lo apenas como mais um do gênero, uma vez que ele
expõe evidências de que as pessoas se acomodaram perante a face da maldade; o
mal está aí, corrompendo e dilacerando vidas, e é preferível aceitá-lo a
combatê-lo. Na terra do pecado, quem tem virtudes é rei.
“Nós
vemos um pecado capital em cada esquina... Em cada lar... E o toleramos. Porque
é algo comum. É trivial.”
Trailer:
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