sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Seven: Os Sete Crimes Capitais


Longo e árduo é o caminho que do inferno conduz à luz”.

A simbologia por trás do número sete é mítica e ancestral e, à luz da História – e até mesmo da Bíblia – , os exemplos em que o misterioso dígito aparece são vastos. Sete maravilhas do mundo, sete cores no arco-íris, sete dias na semana, sete selos do Apocalipse... É de fato intrigante, e embora seja coincidência ou não, é preciso acrescentar à lista a existência das sete virtudes sagradas e suas sete opositoras.

Os sete pecados capitais é um assunto que perpassa o mundo artístico há muito tempo, praticamente uma fonte inesgotável para referências, sendo inclusive uma das bases utilizadas por Dante Alighieri quando escreveu A Divina Comédia. Não é de se admirar, portanto, que a temática ultrapasse as páginas literárias e seja abordada em um filme policial.


Aliás, tal ambiente não poderia ser mais propício; o salário do pecado é a morte, conforme escreveu o apóstolo Paulo em sua carta de Romanos. Seven: Os Sete Crimes Capitais é uma produção de 1995, estrelada por Morgan Freeman e Brad Pitt. O longa retrata os últimos dias da carreira do quase aposentado detetive Somerset (Freeman), nos quais ele tenta desvendar uma série de homicídios ao lado do novato e impetuoso detetive Mills (Pitt). 


Os assassinatos giram em torno dos pecados capitais, em que cada vítima possui uma ligação íntima com o pecado que lhe foi creditado. Cabe aos investigadores decifrar os enigmas por trás da mente de um psicopata megalomaníaco antes que ele conclua sua obra de arte.


Seven é um dos melhores filmes de suspense da década de 1990 (quiçá dos últimos vinte anos), se equiparando a O Silêncio dos Inocentes, especialmente no quesito trilha sonora. Parte do sucesso deve-se pelo roteiro e também pela condução do diretor David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button, Garota Exemplar), que fez deste trabalho um divisor de águas na sua carreira. 


A atmosfera do enredo é sombria (chove em grande parte das cenas), uma típica marca de Fincher, e na maioria das vezes os detetives sempre entram em locais com pouca iluminação. Esses detalhes ajudam a intensificar o mistério e, com destreza, ele se sustenta até o imprevisível, perturbador e impactante final. É preciso ressaltar a atuação de Kevin Spacey, que se entregou a um desempenho tranquilo e doentio, características que elevaram seu personagem ao patamar dos maiores vilões do cinema.     

Seven: Os Sete Crimes Capitais, apesar de possuir a estrutura básica de um filme policial, no qual o mocinho persegue o assassino, possui profundos fundamentos filosóficos e morais acerca da sociedade. É tolice analisá-lo apenas como mais um do gênero, uma vez que ele expõe evidências de que as pessoas se acomodaram perante a face da maldade; o mal está aí, corrompendo e dilacerando vidas, e é preferível aceitá-lo a combatê-lo. Na terra do pecado, quem tem virtudes é rei.

“Nós vemos um pecado capital em cada esquina... Em cada lar... E o toleramos. Porque é algo comum. É trivial.”

Trailer: 

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