sexta-feira, 21 de junho de 2013

Wolverine Noir


Meu pai costumava dizer: ‘um homem sabe o que é o inferno. É isso o que nos separa dos animais’”. 

Tenho um pecado a confessar: como fã de quadrinhos, eu não conhecia a estética noir. Fato que, por sua vez, é um grande demérito, tendo em vista que esta linha aborda os clássicos heróis sob uma nova perspectiva, e isso é algo que até os leigos deveriam se dar ao trabalho de conhecer. 

Publicado no Brasil em 2011 pela editora Panini Books, Wolverine Noir é um quadrinho roteirizado por Stuart Moore e ilustrado por C.P. Smith. O estilo narrativo noir apresenta heróis mundialmente conhecidos de uma maneira mais sombria e realista. E, portanto, com Wolverine não seria diferente. Aqui a história é ambientada em uma Nova York de 1937 e Logan, sem os trajes característicos e corriqueiros que o deixaram tão famoso, transforma-se em um renomado detetive. 

Parecia ser um dia comum como qualquer outro, quando Logan recebe em sua agência a visita de Mariko Yashida. A mulher misteriosa lhe oferece um serviço aparentemente inusitado: investigar um homem chamado Victor Creed. Este é o fio condutor para a narrativa ir de encontro a alguns enigmas, uma vez que após o início das investigações o sócio de Logan desaparece e ele percebe que está sendo observado há muito tempo.


Esqueça a mutação regenerativa ou sua parceria com os X-Men. Aqui Logan é um homem de carne e osso e, por conseguinte, apanha e sangra bastante. E no decorrer do enredo, o leitor se vê diante de momentos de flash backs, os quais foram sabiamente utilizados em situações apropriadas e revelam como Logan adquiriu sua habilidade e afinidade com as facas. 

O roteiro de Stuart está formidável e por muitas vezes durante a leitura me senti diante de um filme. Isso, unido a o traço de C.P. Smith, causa uma certa imersão delirante; o ilustrador, por meio de uma técnica grosseira e talvez rústica, acrescentou muitas penumbras no desenho, algo que combina perfeitamente com o clima da história e com o suspense que se desfaz no final.
 

Wolverine Noir apresenta uma nova fórmula de um personagem que provavelmente não agrade tanto um determinado público com suas garras de adamantium. Desse modo, a proposta noir torna-se mais que agradável, lançando Logan no dilema entre fugir da sua faceta humana ou aceitar sua dualidade animalesca. Sem dúvida, valeu a pena conhecer este gênero. E, realmente, eu não poderia ter começado de maneira melhor. 

Um animal age por instinto, James. Ataca com garras e dentes até que sua presa tombe e morra. Mas um homem... Um homem tem escolha”.

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