sábado, 27 de agosto de 2011

Planeta dos Macacos: A Origem


"Vocês não imaginam com o que estão lidando".


Charles Darwin, em publicações como "Evolução" e "A Origem das Espécies", defendia a hipótese de que todo e qualquer organismo vivo passava pelo processo de evolução por meio da seleção natural da vida. Dentro de tais pesquisas, uma teoria chamou a atenção pela grandiosidade e audácia, gerando um conflito cataclísmico entre ciência e religião: a de que o Homem é uma raça evoluída do macaco.

Pessoalmente, não consigo acreditar que meus antepassados eram comedores de banana. Ainda que supostamente isso seja verdade, os símios de hoje teriam que possuir uma vida duradoura e adquirir características humanas no decorrer do envelhecimento (o que sabemos que não acontece). Mesmo que o cérebro primata seja o mais próximo do humano dentre todos os outros animais, seria mais fácil imaginar a inteligência dos macacos se equivalendo à nossa, dizimando a ideia de que somos descendentes deles. Talvez essa seja a mensagem que Planeta dos Macacos: A Origem queira transmitir; os gorilas podem não somente se igualar aos homens... eles podem superá-los.

Will Rodman (interpretado por James Franco) é um cientista que busca a cura para a doença de Alzheimer, utilizando chimpanzés como cobaias para seus experimentos químicos. Em consequência de um "pequeno" incidente, ele passa a criar um filhote de macaco em sua casa e em menos de 72 horas, de forma inesperada e assustadora, o macaquinho começa a exibir sinais de sabedoria e aprendizado. Percebendo os grandes efeitos colaterais que sua droga poderia causar, Will estimula cada vez mais a inteligência do jovem gorila (batizado de César) no intuito de que um dia seu invento possa ser testado em humanos.


O problema é que a inteligência de César vai aumentando progressivamente, ao ponto do animal aprender a jogar xadrez e a se comunicar por meio da língua dos sinais. Junto a isso também vem as características humanas, como fazer coisas inescrupulosas para proteger aqueles que ama. Por causa de sua compaixão, César é obrigado a permanecer em cativeiro em proximidade com outros chimpanzés. Lá vivem como carcerários, cada qual em sua respectiva cela, e o macaco-protagonista logo conhece a face maléfica do homem.

Guiado pelos sentimentos de repulsa, traição, e sobretudo decepção, César (neste ponto fazendo uma forte referência à Júlio César) esquematiza um plano de fuga e reúne toda a macacada para que consigam a tão almejada liberdade. Um bom líder precisa de soldados inteligentes, e César não hesita em expor todos os gorilas e orangotangos à mesma droga que o tornou tão humano quanto nós. É assim que a revolução explode, atingindo toda São Francisco e iniciando a batalha entre homens e símios. Destaque para a cena da Ponte, na qual a estratégia militar de César o torna digno do cargo de imperador dos primatas. Algo magnífico de se ver.

O filme foi dirigido por Rupert Wyatt, diretor pouco conhecido que demonstrou talento e simplicidade em um enredo de hipnotizar. As sequências de ação estão formidáveis e fica mais do que evidente o prazer que Wyatt teve de conduzir a história. Os efeitos visuais são de bestificar qualquer um, dando a impressão de que os macacos de fato são reais. A escolha de reproduzir os chimpanzés através da computação gráfica revelou-se um elemento inovador que certamente terá um peso maior em uma possível continuação. Afinal, ninguém gostaria de ver um macaco real levando um tiro de verdade...

Como o prelúdio de um clássico dos anos 60, Planeta dos Macacos: A Origem funciona perfeitamente bem. Entretanto, por mais que seja um filme impressionante, há certos ovos podres que atrapalham seu brilho, como a interpretação de alguns atores; em uma história na qual o foco é a queda da humanidade diante dos gorilas, é sensato esperar um pouco mais de desespero na atuação. Mas o palco aqui pertence aos primatas, e aposto que Charles Darwin vibraria de emoção ao assistir o triunfo de César e seu exército sobre uma raça que se julga superior e mais esperta. Bom, se destruir coisas, enganar o próximo e praticar atrocidades são sinônimos de evolução, então é melhor cada um ir pegando uma banana e procurar um galho para se instalar, pois os macacos herdarão a Terra e não haverá previsão para o reinado deles acabar.

Trailer:

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