quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Rede Social



"1 milhão de dólares não é legal. Sabe o que é legal? 1 bilhão de dólares!"


Nós somos escravos das grandes empresas. Somos consumidores fervorosos delas. Clientes fiéis. Ficamos tão cegos com o tamanho do entretenimento que elas podem nos proporcionar, que não paramos para pensar da onde e como surgiram. Infelizmente, muitas verdades nos são omitidas e quando isso acontece, é porque existe algo muito obscuro para se esconder. E quem de nós não gostaria de descobrir algumas verdades, de ficar por dentro dos bastidores que originaram determinada Companhia? Para nossa sorte, há aqueles que fazem questão de nos revelar a maçã podre da colheita.

A Rede Social, por mais que seja um filme feito para entreter ou até mesmo para dar uma lição de moral ao espectador, querendo ou não, acaba sendo uma espécie de denúncia. E, se não fosse por esse teor dramático de "Você não consegue 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos" que é mostrado no pôster, talvez o filme não tivesse sido tão impactante ao ponto de arrancar elogios do público e da crítica. O excelente trailer já deixa o drama bastante explícito (confira no fim da postagem).

O longa foi dirigido por David Fincher (mesmo diretor de O Clube da Luta e O Curioso Caso de Benjamim Button) e recebeu 8 indicações ao Oscar, incluindo o de Melhor Filme. E me arrisco a dizer: caso ganhe em pelo menos uma das categorias, será por puro merecimento. O filme nos mostra como Mark Zuckerberg teve a ideia de criar o Facebook e por que teve que enfrentar dois grandes processos por causa disso.

A primeira cena já deixa claro que Mark é um nerd ambicioso, que deseja ganhar a atenção dos grandes clubes da faculdade por meio da sua inteligência. A interpretação que Jesse Eisenberg deu ao personagem ajudou a enriquecer o fato de nos ensinar o quão esnobe a pessoa pode se tornar apenas para demonstrar que é mais inteligente que o próximo. Mark é tão obcecado por sua criação, que chega a ser antipático (É possível contar nos dedos quantas vezes ele abre um sorriso durante todo o filme).

A inteligência deu poderes ilimitados a Mark, e isso logo chamou a atenção dos gêmeos Winklevvos. Ambos dão a chance para Zuckerberg escrever os algoritmos de um site onde todos os alunos da faculdade pudessem se conectar uns com os outros. Mark utiliza-se dessa ideia para elaborar algo melhor e mais sofisticado, mas para que as raízes de sua ideia pudessem germinar era necessário que alguém o financiasse. É aí que entra a participação do brasileiro Eduardo Saverin, interpretado por Andrew Garfield.

Eduardo torna-se o co-criador do Faceboock e 30% da empresa passa a ser sua. Diga-me com quem tú andas, e eu te direi quem és... Mark começa a andar na companhia de Sean Parker sob a desaprovação de Eduardo. Não deu outra; Parker passou a perna no ingênuo brasileiro, diluindo sua parte das ações para 0,03 %. A decepção de Eduardo por ter sido enganado e saber que seu amigo nada fez para impedir isso chega a ser tocante. E assim, nesta trama repleta de dramas, Mark é processado e perde o melhor amigo.

O verdadeiro Mark Zuckerberg não gostou muito da adaptação que fizeram de si mesmo. Alegou que os eventos não foram abordados com total veracidade. Afinal, o filme o mostra como um anti-herói bastante insensível. O fato é que Eduardo realmente o processou e provavelmente a versão original da história jamais venha à tona. Eles não têm do que reclamar, são bilionários. Milhões de internautas usufruem da criação dos dois. E se o Facebook fez dos dois inimigos e fez com que Mark fosse odiado por muitos, este foi o preço para obter fama, riqueza e sucesso. É a consequência que se tem por utilizar a inteligência para pisar em cima dos outros.


Trailer:

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