domingo, 22 de junho de 2014

Conta Comigo


"É como se Deus desse algo a você, cara. Todas essas histórias que você pode inventar... Ele disse: 'Isso é o que eu tenho para você. Tente não perder'. Crianças perdem tudo a menos que exista alguém que olhe por elas".

Em 2011, Steven Spielberg, em parceria com J. J. Abrams, lançou nos cinemas o filme Super 8, no qual tentaram resgatar alguns aspectos do gênero infanto-juvenil que arrebatou grande sucesso nas décadas de 1980 e 1990. Além de o objetivo ter sido alcançado com êxito, entregando ao público uma película incrível, elementos de suspense e ficção científica ajudaram a compor a trama.

Assistindo a Conta Comigo, longa-metragem de 1986, fica fácil de ver os alicerces em que Super 8 se apoiou, o que demonstra não apenas uma sábia decisão de Spielberg e Abrams, como também ajudou a relembrar que a qualidade de um clássico pode permanecer intacta por quase 30 anos, elucidando sua importância para as gerações futuras.
   

Ambientado no verão de 1959, o enredo discorre a respeito de um evento que marcou a vida de Gordie Lachance (Wil Wheaton) e seus amigos Chris Chambers (River Phoenix), Teddy Duchamp (Corey Feldman) e Vern Tessio (Jerry O’Connell). O quarteto vive em uma pequena cidade estadunidense chamada Castle Rock, onde há mais de três dias um garoto chamado Ray Brower desapareceu. O grupo descobre que o menino morreu e todos decidem traçar uma jornada parar encontrar o corpo.

Embora a história seja aparentemente simples e fraca, é na aventura do quarteto que o espectador reconhece a profundidade dos personagens. De início, o plano é encontrar o cadáver, levá-lo de volta à cidade e ganhar todo o prestígio que esse ato de heroísmo pode acarretar, mas à medida que avançam por meio da mata e da linha do trem, cada qual se vê diante de sua dura realidade; famílias dilaceradas pelo sofrimento e a falta de boas perspectivas para o futuro revelam o lado obscuro e dramático da obra.


Dirigido por Rob Reiner, o filme é inspirado em um conto chamado “O Corpo”, de Stephen King, e concorreu ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. O título original, Stand By Me, é o mesmo de uma canção de Ben E. King, a qual toca nos créditos finais e aparece suavemente em momentos-chave, colaborando com a ideia de saudosismo e amizade que se perpetua por quase toda exibição.

Com cenas memoráveis (a tentativa de escapar do trem, as sanguessugas no rio) e diálogos comoventes, não é de se admirar que alguns diretores ainda queiram produzir filmes que se equiparem a Conta Comigo, em que a coragem de crianças é posta à prova e suas responsabilidades ficam mais acentuadas do que a de adultos inertes e relapsos. Felizmente, Super 8 conseguiu, e resta agora esperar outras obras similares darem o ar da graça. Afinal, boas referências não faltam.



Às vezes acontece. Amigos entram e saem da nossa vida”.

Trailer:


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