Sim, 2014 encerra seu primeiro semestre e leva consigo todas as decepções e surpresas causadas pelo mundo do cinema. Com o limiar da chegada do segundo semestre, resta torcer para que bons filmes inebriem o espectador com suas qualidades e conteúdos. Segue abaixo uma lista com alguns trailers dos filmes mais esperadas para 2014.2. Qual será o melhor? Façam suas apostas!
Grande Hotel Budapeste:
Transformers: A Era da Extinção:
Planeta dos Macacos: O Confronto
Guardiões da Galáxia:
As Tartarugas Ninja:
O Doador de Memórias:
Sin City - A Dama Fatal:
Debi & Lóide 2:
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1:
Interestelar:
Outros filmes que também irão estrear no segundo semestre:
"É como se Deus desse algo a você, cara. Todas essas histórias que você pode inventar... Ele disse: 'Isso é o que eu tenho para você. Tente não perder'. Crianças perdem tudo a menos que exista alguém que olhe por elas".
Em 2011, Steven Spielberg, em parceria com J. J. Abrams, lançou nos cinemas o filme Super 8, no qual tentaram resgatar alguns aspectos do gênero infanto-juvenil que arrebatou grande sucesso nas décadas de 1980 e 1990. Além de o objetivo ter sido alcançado com êxito, entregando ao público uma película incrível, elementos de suspense e ficção científica ajudaram a compor a trama.
Assistindo a Conta Comigo, longa-metragem de 1986, fica fácil de ver os alicerces em que Super 8 se apoiou, o que demonstra não apenas uma sábia decisão de Spielberg e Abrams, como também ajudou a relembrar que a qualidade de um clássico pode permanecer intacta por quase 30 anos, elucidando sua importância para as gerações futuras.
Ambientado no verão de 1959, o enredo discorre a respeito de um evento que marcou a vida de Gordie Lachance (Wil Wheaton) e seus amigos Chris Chambers (River Phoenix), Teddy Duchamp (Corey Feldman) e Vern Tessio (Jerry O’Connell). O quarteto vive em uma pequena cidade estadunidense chamada Castle Rock, onde há mais de três dias um garoto chamado Ray Brower desapareceu. O grupo descobre que o menino morreu e todos decidem traçar uma jornada parar encontrar o corpo.
Embora a história seja aparentemente simples e fraca, é na aventura do quarteto que o espectador reconhece a profundidade dos personagens. De início, o plano é encontrar o cadáver, levá-lo de volta à cidade e ganhar todo o prestígio que esse ato de heroísmo pode acarretar, mas à medida que avançam por meio da mata e da linha do trem, cada qual se vê diante de sua dura realidade; famílias dilaceradas pelo sofrimento e a falta de boas perspectivas para o futuro revelam o lado obscuro e dramático da obra.
Dirigido por Rob Reiner, o filme é inspirado em um conto chamado “O Corpo”, de Stephen King, e concorreu ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. O título original, Stand By Me, é o mesmo de uma canção de Ben E. King, a qual toca nos créditos finais e aparece suavemente em momentos-chave, colaborando com a ideia de saudosismo e amizade que se perpetua por quase toda exibição.
Com cenas memoráveis (a tentativa de escapar do trem, as sanguessugas no rio) e diálogos comoventes, não é de se admirar que alguns diretores ainda queiram produzir filmes que se equiparem a Conta Comigo, em que a coragem de crianças é posta à prova e suas responsabilidades ficam mais acentuadas do que a de adultos inertes e relapsos. Felizmente, Super 8 conseguiu, e resta agora esperar outras obras similares darem o ar da graça. Afinal, boas referências não faltam.
“Às vezes acontece. Amigos entram e saem da nossa vida”.
“Jurei que, se um dia eu tivesse uma namorada, eu a trataria direito e nunca seria mau nem safado com ela, nem a magoaria. Nunca. Jurei e tinha toda a confiança do mundo de que manteria a promessa”.
Em A Menina que Roubava Livros, Markus Zusak demonstrou todo o seu talento por meio da criatividade e da sensibilidade. Elementos que foram reprisados de maneira satisfatória em sua segunda obra publicada no Brasil, Eu Sou o Mensageiro. Entretanto, muitos leitores e fãs dos dois livros citados ainda não sabem que, antes de escrevê-los, Zusak começou sua carreira com uma trilogia.
O Azarão é o primeiro volume da Trilogia dos Irmãos Wolf, o qual foi lançado aqui pela editora Bertrand Brasil. E mesmo este sendo voltado para o público juvenil, já fica evidente no decorrer da leitura uma das características mais marcantes das tramas de Zusak: a narração em primeira pessoa.
Cameron Wolf é um adolescente de 15 anos e o caçula de quatro filhos. Sua família é aparentemente normal, mas sob a ótica do garoto fica bastante claro a desordem e o abismo existente entre cada um deles. Rube, seu terceiro irmão, é o único com quem ele tem mais afinidade e, mesmo assim, não é das melhores; ambos estão sempre tentando arquitetar roubos.
Em meio a planos frustrados e lutas de boxe, Cameron resolve trabalhar com seu pai nos finais de semana e acaba conhecendo Rebecca Conlon. Nela está a oportunidade de se relacionar com uma garota real e também a esperança de ele se tornar um menino mais normal e, talvez, feliz.
Do mesmo modo em que ocorre nas outras obras de Markus, a narração aproxima o leitor do personagem e faz com que seja possível sentir e compartilhar de todas as dores, incertezas e batalhas pessoais dos indivíduos envolvidos no enredo. E, por ser uma história focada em um adolescente inseguro, inconsequente, que busca um dia mudar de rumo e adquirir respeito, as emoções são mais latentes e profundas.
Com apenas 175 páginas, O Azarão é uma breve representação do que é a vida de um jovem de baixa autoestima dentro do processo de amadurecimento. O final de cada capítulo é composto por um sonho, o que reflete os medos, desejos, crenças e o novo olhar que Cameron tem de cada pessoa da sua família. Sendo este o primeiro livro que escreveu, Markus Zusak deixou claro a que veio e mostra aquilo que seus personagens têm de melhor: a veracidade dos sentimentos, o compromisso com a vida, e a incansável vontade de lutar contra o mundo.
"Sabe, eu nunca fui um cara com um monte de amigos. Meio que fiquei na minha. Odiava isso, mas também me orgulhava. Cameron Wolf não precisava de ninguém. Não precisava estar no meio do bando. Nem todo mundo gosta de andar por aí. Não, precisava apenas do instinto. Precisava apenas era dele mesmo, e poderia sobreviver às lutas de boxe no quintal de casa, aos roubos e a qualquer outra vergonha que viesse pela frente. Então, por que me sentia tão estranho agora?
Vamos ser sinceros. Tinha que ser por causa da garota".
“Tantas batalhas travadas por tantos anos e, ainda assim, nenhuma delas foi como esta. Estaremos destinados a nos destruir? Ou podemos mudar quem somos e nos unir? O futuro já está determinado?”.
A Marvel, ao que tudo indica, está fazendo escola. Ou, no mínimo, tentam seguir o seu exemplo. O universo coeso estabelecido em seus filmes, o qual convergiu em Os Vingadores, demonstrou que as aventuras vividas nos quadrinhos podem também ganhar autonomia nas telonas. A DC Comics parece ter entendido isso tarde demais e agora batalha para lançar a versão cinematográfica de Liga da Justiça.
Desse modo, a Fox não poderia ficar atrás e, na tentativa de reproduzir o sucesso alcançado pela Marvel, utilizou a franquia dos filhos do átomo para criar um grande evento e unir as duas gerações já mostradas no cinema. Bryan Singer, diretor de X-Men e X-Men 2, retorna à direção daquele que poderia ter sido o filme mais promissor dos mutantes.
Promissor no sentido de corrigir os erros cometidos anteriormente e fornecer à franquia uma merecida coesão. O esforço de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido é, pelo menos, louvável. A trama é inspirada na HQ de mesmo título e dividida em duas realidades. No futuro apocalíptico, protagonizado pelo elenco da trilogia original, a maioria dos mutantes existentes no planeta foram exterminados pelas Sentinelas, criaturas desenvolvidas pelo Governo para extinguir toda e qualquer criatura mutante.
Diante dessa ameaça mortal, os X-Men sobreviventes decidem enviar alguém ao passado no intuito de que a guerra sequer comece. O escolhido é Wolverine (Hugh Jackman), que após ter a consciência enviada para a década de 1970, tem como objetivo convencer os personagens apresentados em X-Men: Primeira Classe, especialmente Charles Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender), de que o futuro pode ser reescrito. Para evitar as calamidades que o destino reserva, eles precisam impedir que Mística (Jennifer Lawrence) mate Bolivar Trask, criador das Sentinelas.
A ação está ótima e as cenas do futuro são pesadas e fortes, o que acrescenta mais drama em todo o percurso do enredo. Como o longa se passa mais no passado, os méritos conquistados em Primeira Classe retornam; a relação de Xavier e Magneto está mais tensa e instável devido aos fatos ocorridos em Cuba. Eventos históricos, como a morte de JFK e a Guerra do Vietnã fortalecem a obra e a presença de Mercúrio no Pentágono é simplesmente fantástica.
Diferente do que muitos pensavam, desta vez Wolverine não tira o brilho dos outros personagens. Sua função no roteiro é criar e fortalecer laços, mas o clímax pertence realmente ao Xavier de McAvoy, o Magneto de Fassbender e a Mística de Lawrence, cujos desempenhos estão esplêndidos em cada cena que dividem (Destaque para Magneto, que faz um estádio de futebol levitar).
No entanto, por envolver viagem no tempo, era de se esperar que os produtores tivessem cuidado em certos detalhes, se a coerência da franquia fosse de fato o verdadeiro foco. Afinal, eles não aprenderam nada com os ensinamentos dos clássicos De Volta Para o Futuro, Exterminador do Futuro, ou até mesmo o recente Looper? Como o Xavier do futuro recuperou seu corpo, considerando os acontecimentos de X-Men 3? Desde quando Kitty Pryde tem a habilidade de fazer a consciência de alguém viajar no tempo? Wolverine – Imortal faz parte da cronologia oficial da série ou não? E quais as ações que Logan realizou no passado que foram responsáveis pelo futuro apresentado no final?
Ao fim de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, fica a dúvida do que a Fox pretende fazer a seguir. Eles vão aposentar o elenco antigo ou reaproveitá-lo? Ao menos divulgou-se que a trama do próximo filme, X-Men: Apocalipse (veja a cena pós-crédito), vai acontecer na década de 1980 e mostrará a segunda geração da escola de mutantes. A Fox chegou perto de reprisar o que a Marvel conquistou, porém, talvez o momento certo ainda esteja longe de acontecer. O futuro permanece nebuloso.