“O caminho do homem justo está bloqueado por todos os lados pelas iniquidades dos egoístas e a tirania dos homens maus. Bendito aquele que, em nome da caridade e da boa vontade, é pastor dos humildes pelo vale das sombras. Pois ele é o verdadeiro guardião de seus irmãos e o descobridor das crianças perdidas. E eu exercerei uma vingança terrível e furiosos castigos aos que tentarem destruir meus irmãos. E ficarão sabendo que eu sou o Senhor quando Eu executar sobre eles a minha vingança”.
No começo da década de 1900, o termo pulp era diretamente relacionado às revistas produzidas com um papel de baixa qualidade. As publicações continham, em geral, histórias ficcionais, e inclusive várias editoras, como a Marvel Comics, iniciaram suas produções nesse formato.
Não é de se admirar que, no decorrer do tempo, a expressão “pulp fiction” tenha surgido para classificar folhetins similares, sendo estes com um enredo mais curto e com situações, muitas vezes, irracionais. E foi por meio deste pensamento que o diretor Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios, Kill Bill Vol. 1 e Vol. 2) teve a ideia de batizar o terceiro filme de sua carreira: Pulp Fiction – Tempo de Violência.
A narrativa é composta pela ausência de linearidade, uma das mais famosas marcas registradas de Tarantino. De uma maneira que vai contra as leis cronológicas, o espectador é convidado a conhecer os personagens em três capítulos distintos, os quais conseguem se entrelaçar satisfatoriamente.
É no primeiro ato que a dupla de assassinos Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) é apresentada. Eles trabalham para o mafioso Marsellus Wallace, o qual pede a Vincent para fazer companhia a sua esposa, Mia (Uma Thurman), enquanto viaja a negócios. O segundo ato é protagonizado por Butch (Bruce Willis), um lutador de boxe que é subornado por Marsellus para perder sua próxima luta.
No capítulo derradeiro, o foco retorna para a dupla Vincent e Jules. E, após escaparem de um atentado, Jules passa a se considerar testemunha de uma intervenção divina e tenta traçar uma trajetória de redenção através da fé recém-adquirida. O interessante do roteiro, escrito pelo próprio Tarantino, é que cada ato é desenvolvido pela perspectiva de seus respectivos protagonistas, e em todos sempre há uma situação de desespero envolvendo outras pessoas.
Indicado a 7 Oscar, incluindo o de Melhor Filme e tendo vencido o de Melhor Roteiro Original, Pulp Fiction foi lançado em 1994. Foi aclamado pela crítica e marcou sua época, consolidando a direção de Quentin como uma das mais criativas dos últimos anos ao passo em que também ajudou a melhorar a carreira de John Travolta e Uma Thurman. E mesmo se tratando de uma de suas primeiras produções, aqui já é perceptível outra característica peculiar de Tarantino: o banho de sangue.
Ainda que a estética do filme não apresente semelhança alguma com revistas de aventura e ficção, de fato Pulp Ficcion – Tempo de Violência deixa a impressão, de modo sangrento e subversivo, que pessoas comuns também podem ser heróis e escapar de situações de risco, por mais bizarras que essas sejam. Detalhe este que continuou guiando Tarantino em outros trabalhos e que ironicamente consegue retratar vários aspectos do insano mundo real.
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