“Kick-Ass não é apenas uma fantasia. É quem realmente você é”.
Em 2010, quando a versão cinematográfica do quadrinho Kick-Ass tornou-se realidade, não demorou muito para que chamasse a atenção. Não pela parte estrutural e técnica do filme, mas, sobretudo, por conter elementos insanos e completamente inesperados. Afinal, era hilário ver um adolescente nerd vestindo-se com roupa de mergulho no intuito de se tornar um super-herói, na mesma proporção em que era estarrecedor ver uma garotinha especialista em armas decepando membros de mafiosos.
Pouco tempo depois, não foi surpresa anunciarem a continuação da obra de Mark Millar. A expectativa aumentou com a contratação do novo diretor, Jeff Wadlow, o qual escreveu um roteiro baseado fielmente no quadrinho. Dessa forma, Kick-Ass 2 chega, assim como seu predecessor, trazendo o mesmo clima que o enriqueceu e também exibindo novas características que enaltecem ainda mais a história desenvolvida por Millar.
Após os acontecimentos do primeiro longa, as loucas atitudes de Dave (Aaron Taylor-Johnson) ao criar o herói Kick-Ass inspiraram outras pessoas a fazerem o mesmo. Agora existem mais super-heróis espalhados pela cidade, cada qual com um nome mais criativo que o outro. Na medida em que Dave tenta se acostumar com a companhia dos novos colegas e entra para a liga de heróis Justiça Para Sempre, comandada pelo Coronel Estrelas (Jim Carrey), Mindy (Chloe Grace Moretz) se esforça ao máximo para ter uma vida normal e esquecer que um dia já foi a Hit Girl.
Com novos heróis, também se tem novos vilões. Depois da trágica morte de seu pai na aventura anterior, Chris D’Amico (Christopher Mintz-Plasse) é alimentado pelo desejo de vingança; ele não irá descansar até que Kick-Ass pague pelo mal que causou à sua família. Ele assume a carapuça vilanesca do Mother Fucker e o arco da sua jornada sombria é uma das coisas mais interessantes de se ver na película.
Apesar da mudança na direção, a atmosfera continua idêntica. A estética que lembra uma história em quadrinho, assim como as referências à cultura pop, permanecem intactas no cerne da obra. A trilha sonora envolvente e empolgante lembra muito clássicos de videogames dos anos 80 e 90 e é tocante nos momentos que precisa ser. O senso heroico está mais intenso e rende boas cenas. No entanto, para quem gostou do humor do primeiro filme, é necessário dizer que o assunto aqui é levado a outro nível. Sim, desta vez Kick-Ass está mais dramático e psicológico, elementos que somente fortaleceram a narrativa.
Infelizmente, nem tudo é perfeito em Kick-Ass 2. Por ser um filme curto (com menos duração que o primeiro, pelo menos), certos eventos acontecem rápido e alguns personagens poderiam ter sido mais aproveitados, como o Coronel Estrelas e outros heróis e vilões novos. Ao final, fica a vontade de ver mais do potencial que a produção tem a oferecer. Todavia, o foco de fato é de domínio do trio do longa passado, aqui com seus respectivos caminhos bem definidos.
Kick-Ass 2 trouxe surpresas, ainda preservando elementos do seu antecessor. A violência, o sangue e o humor continuam lá e Hit Girl mais uma vez brilhou com êxito. E também traz consigo um drama e seriedade que não desmerecem a obra, apenas revelam mais uma faceta interessante desse universo. Em sua segunda versão cinematográfica, Kick-Ass novamente chamou atenção e conseguiu mostrar que para ser um super-herói não é preciso ter poderes; basta coragem e força de vontade para levar luz à escuridão.
"O mundo real precisa de heróis reais".
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