sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Turma da Mônica - Laços


A idade de uma pessoa não é medida pela quantidade de anivelsálios que ela fez, mas pelo seu estado de espílito”. 

Todo visitante que já conheceu a Terra do Nunca deve saber que existe uma regra básica para sempre se lembrar desse ambiente mágico: nunca crescer. Ou, pelo menos, nunca deixar morrer o seu espírito de criança. No entanto, sinto-me incumbido para formular uma nova ordem, a qual vários adultos preservam e, muitas vezes, têm vergonha de admitir: valorizar as coisas que tornaram a infância memorável. 

Na década de 1990, o gênero textual com o qual eu tinha mais contato eram os gibis da Turma da Mônica. Colecionava as aventuras e devo dizer que a raiz do meu caráter leitor se formou ali. E, para um letrado, isso faz a diferença. Em 2013 a obra de Mauricio de Sousa completa 50 anos de existência e diversas homenagens foram realizadas, entre elas Turma da Mônica – Laços

A graphic novel, título dado ao estilo de romance gráfico, é a segunda do selo Graphic MSP que os Estúdios Mauricio de Sousa vêm desenvolvendo desde o ano passado (A primeira foi Astronauta – Magnetar). A história, criada pelos irmãos Vitor e Lu Cafaggi, é uma releitura dos clássicos personagens e transporta o leitor para uma trama emocionante, nostálgica e realmente formidável. 


Laços é extraordinário da primeira à última página. O enredo tem início com Cebolinha bebê, tendo o primeiro encontro com seu cachorro, Floquinho. Desde o começo, as cores e os traços do desenho merecem destaque, pois basta virar a página para se perceber o notável contraste de um flashback para o tempo real da narrativa. Após mais uma tentativa falha de roubar Sansão, o coelho de pelúcia da Mônica, Cebolinha e Cascão levam uma surra da dentuça e retornam à residência da família Cebola. 

Os meninos são pegos de surpresa com a notícia de que Floquinho desapareceu. A mensagem é clara: o companheirismo é o alicerce. No dia seguinte, o quarteto mais famoso do bairro do Limoeiro (e, talvez, do Brasil) une ideias para iniciar uma busca pelo cão perdido. Eles seguem as pistas e partem rumo à aventura, bem no estilo dos clássicos dos anos 80. 


Contudo, não são apenas o desenho e o roteiro que chamam a atenção na obra dos irmãos Cafaggi. Eles conseguiram respeitar os personagens do cânone, sempre colocando em evidência as características que os faz serem tão peculiares; Magali, com sua gula, está impagável. As cenas noturnas, inclusive o clímax, são as melhores (especialmente as do parque), criando uma atmosfera sombria ao enredo e atribuindo-lhe um tom de seriedade. 

Uma das coisas que mais comovem em Laços, todavia, é observar que a amizade é a engrenagem condutora da trama, a qual torna o conteúdo do quadrinho algo mais bonito e sublime. Com um desenho incrível, uma história bem estruturada e um humor inteligente, os Cafaggi conseguiram reavivar as lembranças da infância de uma maneira que faria Peter Pan ter inveja. E se para alçar voo até a Terra do Nunca seja necessário ter pensamentos felizes, o desafio fica bem mais prazeroso ao reencontrar essa saudosa e inseparável turminha.

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