Nos minutos iniciais de Elysium já é possível identificar qual a temática do filme, quando um cenário de seca e devastação entra em contraste com extensos gramados verdejantes e edificações reluzentes. A segregação fica cada vez mais gritante à medida que o espectador conhece a realidade de cada ambiente e o inexorável conflito entre ambos vai se tornando claro.
O interessante em adotar a desigualdade social como o cerne de sua narrativa é que o diretor e também roteirista Neil Blomkamp (de Distrito 9) permitiu que boa parte do elenco fosse composto por atores latinos. As variadas etnias e os sotaques diferenciados dão mais consistência à trama, fortalecendo a ideia de que diante de um colapso global seria racional que as nações se unissem.
Sendo fã dos dois Tropa de Elite, o diretor sul-africano escalou como um dos antagonistas o talentoso Wagner Moura, que não faz feio em sua estreia hollywoodiana e ainda ganhou espaço para bradar palavrões brasileiros. O enredo se passa no ano de 2159 em um planeta Terra avassalado pela miséria, doenças e desordem. Em contrapartida, tem-se Elysium, uma gigantesca plataforma espacial que guarnece os humanos economicamente favorecidos. Lá todos são isentos de qualquer tipo de enfermidade, possuem uma medicina deveras avançada e usufruem do bom e do melhor.
Max (Matt Damon) é um operário que ganha a vida montando androides. Com um histórico recheado por delitos, ele acaba sendo vítima da própria desgraça. Agora o seu prazo de validade é curto, portanto ele busca a ajuda de Spider (Wagner) para entrar clandestinamente em Elysium e conseguir se salvar. De maneira inesperada, ele penetra em uma mirabolante empreitada e seu objetivo acaba ficando bem mais abrangente.
O roteiro também explora questões políticas, sem a qual talvez a história perdesse o sentido. Jodie Foster, em um desempenho frio, interpreta uma das principais secretárias de Elysium e fará o possível para que esse paraíso artificial permaneça elitista e conservador. E se o brasileiro Moura merece elogios, o mesmo vale para Alice Braga, a qual representa não apenas uma figura icônica no passado de Max, mas também traz à película uma emoção maternal.
A ação do clímax não é tão empolgante, embora consiga transmitir certa tensão. Um pouco mais de suspense fez-se necessário, mesmo com um final imprevisível e com a bela mensagem. Em seu novo filme, Neil Blomkamp aborda a desigualdade e a sede de sobrevivência como os propulsores de uma profunda reflexão, em uma provável tentativa de representar a situação do seu país de origem. Uma temática antiga, ainda que sempre bem-vinda, adornada por um renovado desejo de mudança.
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