sexta-feira, 31 de maio de 2013

E após três anos, fez-se a celebração


Sonhar é uma coisa perigosa. Nada é sólido e firme, e até que a ideia seja concretizada, o caminho é preenchido pelo desequilíbrio da incerteza. Hoje venho aqui para confirmar aos incrédulos que o poder de um sonho realizado é capaz de cruzar as fronteiras do racional, do imaginável, e do real. Que o poder de um sonho traduzido em palavras pode quebrar preconceitos e inspirar os desacreditados a repercutirem proezas similares. 

Hoje venho aqui para dizer que um dia eu tive um sonho. E que há exatos dois anos, pude colocá-lo em prática. As bodas de papel se desfazem e se transformam em algodão, pois nesta data o Menino das Letras completa seu segundo aniversário – Fragmento da postagem do segundo aniversário do Menino das Letras, há um ano. 

A história nos conta que Alice, ao adentrar na toca do coelho, fica assustada e ao mesmo tempo encantada com o maravilhoso mundo novo que se apresenta diante de seus olhos. Essa mistura de sentimentos não é nada incomum, uma vez que a novidade gera múltiplas possibilidades de sensações. Por consequência, o olhar fica mais crítico em relação ao que o cerca, à medida que, lá no interior, cresce uma vontade de desbravamento, de descoberta. Uma vontade de ir além. 

Atrevo-me a dizer que, há exatamente três anos, pude conhecer o meu País das Maravilhas. Assim como Alice, mergulhei na aventura e busquei mistério, desejos, fé, respostas, e consegui, por meio de um exercício de solidão, estabelecer um contato com o mundo, com pessoas carentes e ensandecidas por palavras. Hoje fico alegre em perceber, apesar dos fortuitos e alguns hiatos, que o Menino das Letras completa 3 anos e permanece vivo. 

Já disse Rubem Alves: “A felicidade nasce de dentro do olhar que foi tocado pela poesia”. E a cada postagem, cada resenha escrita, fui assimilando que o Menino das Letras iniciou seu processo de latência; o blog já foi visualizado em todos os continentes do mundo, ao passo que também foi visto na maioria dos estados brasileiros. 

São pessoas que, de alguma forma, não se identificam somente com o meu gosto cultural, mas que também encontram fascínio e inspiração por entre minhas palavras. Pessoas que, cotidianamente, buscam suas tocas de coelho. Hoje, graças a você, o blog possui mais de 40 mil visualizações ao longo de 144 postagens e 119 comentários. O Menino das Letras também possui uma página no Facebook, a qual está quase alcançando o número de 100 seguidores. 

Não obstante, vez ou outra ainda sou acometido pela credulidade, pois as palavras nunca deixam de me surpreender e estimular minha imaginação. Que combustível é esse que move engrenagens tão mirabolantes? Acho que o Menino das Letras já foi capaz de me responder... Misteriosos são os caminhos linguísticos. 

Agradeço, imensuravelmente, a todos os leitores que passaram por aqui e a os que continuam fazendo questão de visitar o blog. Aos amigos, familiares, irmãos de Igreja, minha sincera gratidão. Aos visitantes dos Estados Unidos, Portugal, Rússia, Alemanha, Ucrânia, Reino Unido, França (entre outros) e, principalmente, de todas as regiões do Brasil, obrigado pela leitura. Continuarei na batalha no intuito de que o blog permaneça atraindo vocês. 

Embora desafios externos estejam sempre no limiar de acontecer, os quais podem me expulsar do País das Maravilhas a qualquer instante, reconheço que sempre estarei à mercê da escrita, mesmo que um dia o Menino das Letras caia em um sono eterno. E ainda que eu deseje que isso não esteja perto de ocorrer, fico torcendo para que o espírito de descoberta que habitou em Alice também se perpetue em mim, reconfigurando a vontade de desbravamento. Reavivando a minha vontade de ir além. 

Obrigado!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Juventude em Fúria


Às vezes, as pessoas ficam desequilibradas quando coisas ruins acontecem. Mas elas ficam boas de novo, no final”. 

A dor é capaz de causar efeitos colaterais bastante imprevisíveis. Você pode sofrer um trauma e encontrar uma maneira de esquecer e aprender com aquilo. Em outras palavras, amadurecimento. Ou você pode se afogar no sofrimento, sem conseguir encontrar subterfúgios que te libertem da melancolia. 

O curioso é que, em alguns casos, a solução está embaixo do nosso nariz e somente percebemos quando já é tarde demais. Em Juventude em Fúria, vemos a dor sob a ótica de uma criança, e fica muito evidente que sua reação diante do lado cruel da vida é extremamente instável. 


TJ (Devin Brochu) é um garoto que perdeu a mãe recentemente. Ele reside na casa de sua avó, onde seu pai passa grande parte do tempo deitado no sofá, entorpecido com os remédios antidepressivos. Além de ter que enfrentar a ausência materna e a negligência do pai, ele precisa encarar problemas na escola e na rua, o que torna sua fúria contra o mundo algo bem maior. 

O clima fica mais caótico com a chegada de Hesher (Joseph Gordon-Levitt), um rapaz que adora música alta, pornografia e que tem o corriqueiro hábito de atear fogo nas coisas. Hesher passa a viver, sem motivo aparente, na mesma casa de TJ, e em muitos momentos estimula a ira do garoto. Para equilibrar amor com ódio, o menino começa a fazer amizade com a funcionária de um supermercado (Natalie Portman) e, de um jeito nada convencional, projeta neles novas figuras paternas. 


Dirigido por Spencer Susser, o filme é metafórico, ainda que de um modo estranho e pornográfico. Hesher, o andarilho anarquista, acaba deixando marcas no pai e no filho em luto, ao passo que o próprio se modifica. É um drama reflexivo, que mostra que a conclusão de um problema pode vir personificada na forma de um semblante bizarro. Os atores estão ótimos – especialmente os menos conhecidos (destaque para a personagem da avó, um dos mais tocantes) – e a direção soube expor que cenas tristes não precisam de uma sonoplastia melancólica o tempo todo. 

Por meio de muitas quedas, decepções, perdas e palavras ofensivas bradadas aos quatro ventos, TJ vai descobrindo os terríveis sintomas que a dor pode proporcionar. Juventude em Fúria deixa a lição de que as respostas se encontram nos detalhes mais próximos e às vezes apenas um amigo – inusitado ou não – é capaz de nos fazer olhar com mais atenção. A solução é tão imprevisível quanto o efeito da dor. 
 
Trailer:


sábado, 18 de maio de 2013

Os Fantásticos Livros Voadores do Sr. Lessmore





Não há como mensurar a capacidade de alcance da leitura e o poder que as palavras possuem em nossa vida. Pode-se, no entanto, reconhecer isso, valorizar o ato de ler e repassar algo tão valioso e importante a outros que ainda não perceberam ou não visualizaram o caminho até as portas da imaginação.

A postagem de hoje é a respeito do curta-metragem Os Fantásticos Livros Voadores do Sr. Lessmore, o qual foi dirigido por Brandon Oldenburg e William Joyce. Vencedor do Oscar de Melhor Curta -Metragem Animado, o enredo nos apresenta ao sr. Lessmore, um homem simples que logo tem seu cotidiano alterado com a chegada de um furacão em sua cidade. 

Não sobra nada e, como é perceptível no curta, a ausência de palavras nos livros é o que mais enfraquece a população desperançosa. Entrementes, o sr. Lessmore se depara com livros voadores que o levam até uma casa cujos cômodos possuem livros a cada centímetro quadrado. Neste ambiente nem um pouco convencional, ele redescobre a magia da leitura e compreende que as palavras podem sarar feridas, preencher lacunas e nortear uma trajetória de vida. 

A trilha sonora é quase a mesma durante toda a projeção, mais com nuances diferentes de acordo com o momento. A cor é também um ponto forte do curta, assim como os livros, que se revelam formidáveis coadjuvantes. No final, tem-se uma memorável lição de moral; uma mensagem para despertar os letárgicos e negligentes. Uma mensagem que talvez reverbere apenas no coração de um verdadeiro leitor.    

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Homem de Ferro 3


Nós criamos nossos demônios”.

Muitas pessoas ainda não entenderam uma coisa: por trás de um herói existe sempre uma fragilidade. É necessário lembrar que, apesar de todos os recursos, de toda inteligência e força, a figura heroica (às vezes) é preenchida por um cidadão de carne e osso que tem medo, defeitos e em alguns casos precisa aprender certas lições para prosseguir em sua jornada. 

Observamos isso ano passado em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, em que Bruce Wayne é jogado literalmente em um buraco e tenta traçar um caminho de superação que o faça voltar à luz. Então por que seria diferente com um herói da Marvel? 

Homem de Ferro 3 traz de volta Robert Downey Jr. interpretando pela quarta vez o que talvez seja seu personagem mais icônico, Tony Stark. Depois dos eventos de Os Vingadores, no qual a trupe super-heroica enfrentou o exército de alienígenas liderados pelo rebelde asgardiano Loki, o bilionário Stark não consegue dormir; agora não é mais tão fácil viver tranquilamente sabendo da existência de aliens, deuses e mundos paralelos. 


Portanto, com as Indústrias Stark sendo direcionadas por Pepper (Gwyneth Paltrow), Tony dedica grande parte do seu tempo a trabalhos secretos no porão de sua mansão, entre eles o aprimoramento da tecnologia de suas armaduras (um dos pontos positivos do filme). Infelizmente, a paz é momentânea e logo todos se veem ameaçados com a chegada do terrorista Mandarim (Ben Kingsley), cuja promessa é destruir os EUA. 

E aqui Homem de Ferro 3 mostra algo que provavelmente nos seus predecessores não tenha sido tão perceptível: um Tony Stark mais humano, mais altruísta, preocupado em perder as coisas que são importantes para ele. A cena em que sua mansão é dizimada pelos mísseis de Mandarim é o ápice da sua queda. Mas também é deveras interessante e empolgante vê-lo agir sem o auxílio de seus brinquedos.


Dirigido desta vez por Shane Black (de Beijos e Tiros), Homem de Ferro 3 é o primeiro filme da fase 2 da Marvel nos cinemas, a qual culminará em Os Vingadores 2, com estreia prevista para 2015. Um pouco diferente do antigo diretor, Black conseguiu sustentar o longa por meio de cenas de ação rápidas (o clímax é ótimo). A trilha sonora, drasticamente, não traz emoção quando deveria em determinadas situações, e isso somado com uma câmera tão ágil, deixa no final um desejo de querer ver mais. 

Em suma, Homem de Ferro 3 acaba se revelando como o final de uma trilogia. E por isso – e também devido ao sucesso avassalador de Os Vingadores – era de se esperar um roteiro em que os personagens fossem mais aproveitados e que os fatos fluíssem de uma maneira menos veloz. Apesar de algumas decepções, o filme está bom e este parece ser o início de um novo caminho que Tony Stark, agora mais homem e menos máquina, está prestes a trilhar.


Trailer: