sexta-feira, 1 de março de 2013

O Palhaço

 

Na vida, a gente tem que fazer aquilo que sabe fazer. O gato bebe leite, o rato come o queijo... E eu sou palhaço”.

Certa vez fui a um circo, onde, ao final da sessão, o palhaço explicou que o picadeiro é um espaço que tenta representar o mundo; todos nossos sonhos, receios, sentimentos, e que nós, os espectadores, fazíamos parte deste magistral espetáculo. Essa interpretação ecoou em meus pensamentos por vários dias e então percebi que uma das funções primordiais da arte é justamente agregar pessoas em prol de uma única causa. 

Em O Palhaço, dirigido e roteirizado por Selton Mello, é notável observar esta união quando se tem a visão dos bastidores de uma trupe circense. Benjamim (Selton) é um rapaz que vive ao redor da única coisa que aparentemente sabe fazer: entrar no picadeiro e assumir a postura do palhaço Pangaré. Ao seu lado está o seu pai (Paulo José), dono do circo.

 

Sendo filho do proprietário, cabe a Benjamim resolver todos os problemas que caem sobre o circo, entre eles conseguir um ventilador (desejo que permeia quase todo o filme, tornando a relação entre homem e objeto quase poética). Mas, como pano de fundo, esse é o menor dos problemas do jovem palhaço; ele não tem certeza se de fato trabalhar em um circo faz parte de sua verdadeira identidade, e mesmo que seja, do que adianta fazer as pessoas rirem, se não há ninguém para fazê-lo rir? 

Ainda que O Palhaço seja um longa colorido, com uma iluminação exótica e paisagens belíssimas e muito bem selecionadas, sempre há um tom melancólico na forma com que Benjamim enxerga as coisas. Seria um filme entediante, porém as lacunas são facilmente preenchidas com os outros membros do elenco que, com expressões faciais e corporais, souberam transmitir as vicissitudes de seus personagens (destaque para a menina).


Selton Mello soube direcionar seu projeto de maneira suave e carinhosa. E sim, é possível sentir isso em algumas cenas. O movimento da câmera, os enquadramentos e a iluminação, são elementos que convergem para uma simplicidade de encher os olhos. A trilha sonora instrumental colabora para que esta imagem fique firmada até o final. 

Não sei se o circo é a arte mais completa do mundo, mas em O Palhaço pude ver um pouco de tudo; desde referências teatrais à uma vaga lembrança dos Trapalhões em seus tempos de glória. Talvez a arte mais complexa de todas seja a questão humanidade, a qual, atrelada a um turbilhão de sentimentos, torna-se a maior responsável pelo nascimento de um artista no maravilhoso espetáculo da vida. 


Trailer:

2 comentários:

  1. Own! O Palhaço, filme lindo! =)

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  2. Cara eu assisti e não gostei, entendi o filme(acredito), mas não gostei!!!

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