sábado, 16 de março de 2013

A Busca


 

A jornada é o que conduz o herói. É nela que ele vai encontrar dificuldades, soluções e objetivos, assim também como a definição de quem ele é. Infelizmente, nem todas as histórias possuem um arco dramático profundo o suficiente para fazer o protagonista lançar sobre si reflexões que lhe tragam autoconhecimento e o faça sair da inércia para uma nova etapa.

Não é o que ocorre em A Busca, filme de estreia do diretor Luciano Moura, em que um pai traça uma trajetória tortuosa e trôpega para reencontrar seu filho. A premissa da trama, no entanto, vai além disso, refletindo o cuidado dos roteiristas em lapidar detalhes e entregando ao público uma obra cujo gênero deveria ter um destaque maior no cinema nacional.

O pai em questão é Téo, interpretado magnificamente por ninguém menos que Wagner Moura. Ele e sua esposa, Branca (Mariana Lima), estão separados e tentam fazer com que seu filho, Pedro, não seja espectador do processo dolorido da distância. Portanto, dão o espaço necessário para que o garoto possa desopilar, inclusive oferecendo-lhe uma viagem para o exterior.


Eis que, nas vésperas de seu aniversário de 15 anos, Pedro desaparece e ninguém do seu círculo de amizades sabe onde ele se encontra. Logo o pai ausente encara sua jornada seguindo os ínfimos vestígios que o filho largou pelo caminho, conhecendo novos cenários e pessoas que vão deixando marcas em seu semblante (literal e emocionalmente falando).

O interessante em A Busca é observar as semelhanças com as fábulas, uma vez que a moral tem que ser absorvida no fim ao passo que o teor metafórico também tem um papel fundamental no enredo. A ausência de água na piscina da casa em reforma é o exemplo de que a família está desestruturada, assim como a goteira na casa de Téo representa sua estagnação perante o seu relacionamento paterno.


E por ser um filme que perpassa várias localidades, é no mínimo natural – ou ao menos característico – que o protagonista se sinta tocado e saia modificado de cada situação que vivência ao longo da busca, como as águas de um rio que vão mudando no decorrer de seu trajeto (A cena em que Wagner se banha no rio é altamente simbólica e linda).

Em sua película de estreia, na qual o roteiro é bem organizado e a trilha sonora é quase infalível, Luciano Moura revela um resultado que, tragicamente, conquistará apenas uma determinada camada do público brasileiro. O que não é um demérito, pois a jornada já está definida e, assim como a correnteza de um indômito rio, as águas não vão parar até alcançar seu destino final.

Trailer:

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