É de uma beleza extraordinária observar o carinho e a atenção que um fã possui. Exceto, é claro, quando o sentimento se transforma em obsessão. E não falo somente do ato de admirar, mas sobretudo do ato de homenagear. Você deve saber do que estou falando; quando dispomos de subsídios para realizar uma homenagem, e provar a nós mesmos que não há vergonha em expor nosso apreço, é quase certo que o sonho vai se concretizar.
Steven Spielberg conseguiu realizar um antigo desejo que provavelmente muitos teriam desistido de tentar: adaptar para o cinema As Aventuras de Tintim, obra do autor belga Hergé e que teve origem nos quadrinhos. Essa vontade de filmar o projeto surgiu nos anos 80, mas devido a outras ocupações – entre elas as filmagens de Indiana Jones – Spielberg teve que adiar seu sonho por mais alguns anos.
No início do novo milênio, surgiu a ideia de fazer a adaptação em formato de computação gráfica, como Toy Story, Shrek e tantos outros. Para ficar mais próximo da realidade, sugeriram que a animação fosse feita por intermédio da captura de movimento. Como Peter Jackson usou tal tecnologia em O Senhor dos Anéis e King Kong, foi convidado a fazer parte do projeto e produzir o filme. Andy Serkis, ator que interpretou Gollum e o César de Planeta dos Macacos: A Origem, também foi contratado por ter uma vasta prática no assunto.
Com esses nomes de peso na equipe, o longa já era garantia de sucesso. O que realmente acabou sendo. Ao comprar a réplica de um navio antigo, o jovem jornalista Tintim se vê dentro de uma enorme teia de mistério. Homens de índole suspeita querem comprar a réplica e, ao fazer uma pesquisa, Tintim descobre que o navio se chamava Licorne e que guarda um sigilo: seu capitão, Francis Haddock, antes de morrer, anunciou que apenas um descendente seu poderia desvendar o segredo do Licorne.
Sendo vítima de um sequestro, Tintim conhece Archibald Haddock, fiel seguidor da ideologia do alcoolismo e que garante a parte cômica do filme. Também com a ajuda dos atrapalhados detetives Dupond e Dupont, e do leal cachorro Milu, ele consegue descobrir que existem três réplicas do Licorne e que cada qual contém um pergaminho. Uma vez unidos, poderão revelar algo espetacular. Agora, Tintim e seus amigos precisam adentrar nessa perigosa aventura antes que seus inimigos cheguem primeiro ao pote de ouro.
A primeira aparição de Tintim no papel é datada de 1929. Hergé dedicou-se ao personagem até o fim da vida, publicando 24 obras, da qual a última permanece inacabada. Embora houvesse esse vasto leque de opções para ser trabalhado, o roteiro é inspirado em somente três aventuras. E Spielberg, que não é bobo, preservou os traços de Hergé, fazendo com que a animação dos personagens fosse similar às caricaturas do desenho original. Tendo em vista que o filme deu lucro e que Steven é um fã assíduo de Tintim, uma continuação já é aguardada e estará sob o comando de Peter Jackson.
É notável o cuidado que Steven deu ao seu primeiro longa animado; a agilidade do enredo é natural e não interfere no entendimento do público. Talvez o diretor tenha apenas exagerado em um determinado plano-sequência, em que o surrealismo fica bastante explícito. Algo compreensível; tratando-se de um fã, é mais do que normal que ele queira arranjar um tempo para voltar a ser criança. Fato que pode ser facilmente perdoado.
Trailer (DUBLADO):
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