“É assim que a vida deve ser. Pessoas que se
amam... Um lar... Sinta isso. Logan, você ainda tem tempo”.
No ano 2000, o diretor Bryan
Singer lançou X-Men, primeiro
filme da franquia dos mutantes no cinema. Naquela época, tratava-se apenas de
uma obra comum, alternativa, sem grandes ambições. No entanto, à medida que o
tempo passou, o gênero foi ganhando mais espaço e força em Hollywood, e hoje
esta categoria é simplesmente uma das mais lucrativas da indústria da sétima
arte.
Enfim, 17 anos depois que os Filhos do Átomo estrearam no
mundo cinematográfico, chega Logan,
colocando não somente um ponto final na jornada do mutante mais famoso e
violento de todos, como também é o epílogo da encarnação de Hugh Jackman como Wolverine.
E a despedida é digna de honra.
Em 2029, em um mundo em que não nascem mais mutantes e que os
X-Men deixaram de existir, Logan (Hugh
Jackman) é um herói aposentado e ganha a vida como motorista de uma
limusine. Nas horas vagas, sua função é cuidar de um bastante idoso e debilitado
professor Xavier (Patrick Stewart),
cuja mente não é mais a mesma.
A rotina de ambos muda com a chegada de Laura (Dafne Keen, incrivelmente talentosa),
uma menina misteriosa que está sendo caçada por Donald Pierce (Boyd Holdbrook) e seu grupo de
ciborgues, os Carniceiros. Logan é forçado a voltar à ação e a encarar dores do
passado.
E é exatamente sobre drama que Logan se trata. Essa era a intenção principal do diretor James Mangold (também diretor de Wolverine – Imortal), que se inspirou
levemente na HQ Old Man Logan e, além
disso, trouxe elementos de faroeste para compor o último capítulo da história
do Carcaju. A estética do filme, desde a fotografia aos cenários e maquiagem,
representa um tom melancólico e sem vida, fortalecendo a ideia de que Logan não é uma narrativa super-heroica,
e sim um drama de alguém que teve uma vida repleta de sofrimento.
O clima de tristeza é enaltecido com as belíssimas atuações
de Hugh Jackman e Patrick Stewart, e será um grande equívoco se elas passarem
despercebidas pelas premiações da próxima temporada. A dupla funciona com
harmonia e é comovente de ver em dados momentos como a ideia de família é
implantada. Porém, outra coisa que chama a atenção em Logan é a classificação indicativa.
Assim como aconteceu com Deadpool,
a obra é para maiores de idade e este recurso é usado com sabedoria nas cenas
de ação. Logan não poupa no sangue e
na violência, mas a carnificina não é gratuita; a brutalidade é apenas um
reflexo da jornada selvagem e infeliz que Wolverine teve. E Jackman se entregou
totalmente, pois sua dedicação é perceptível mesmo com todo o corpo
ensanguentado.
Logan é de fato o encerramento de um ciclo
que durou 17 anos. Se em 2000 X-Men
foi o marco para o retorno dos heróis no cinema, agora Logan é o divisor de águas para repensar a fórmula de como retratar
este gênero. É a consagração que a Fox tanto necessitava, equiparando-se ao
patamar atingido por Batman – O Cavaleiro
das Trevas e Capitão América 2 – O
Soldado Invernal. Um enredo definitivo, uma despedida emocionante e uma
sensação de gratidão. E, como o próprio Hugh Jackman falou em entrevistas, uma
verdadeira e sincera carta de amor aos fãs.
"Um
homem tem que ser aquilo que ele é, Joey. Não pode quebrar o molde. Eu tentei e
não funcionou comigo. Não tem como viver com um assassinato. Não tem como
voltar de uma morte. Certo ou errado, é uma marca. Marcas ficam. Não há como
voltar. Agora, corra até sua mãe e lhe diga... diga que está tudo bem. E que
não há mais nenhuma arma de fogo no vale".
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