sexta-feira, 10 de março de 2017

Logan


É assim que a vida deve ser. Pessoas que se amam... Um lar... Sinta isso. Logan, você ainda tem tempo”.

No ano 2000, o diretor Bryan Singer lançou X-Men, primeiro filme da franquia dos mutantes no cinema. Naquela época, tratava-se apenas de uma obra comum, alternativa, sem grandes ambições. No entanto, à medida que o tempo passou, o gênero foi ganhando mais espaço e força em Hollywood, e hoje esta categoria é simplesmente uma das mais lucrativas da indústria da sétima arte.

Enfim, 17 anos depois que os Filhos do Átomo estrearam no mundo cinematográfico, chega Logan, colocando não somente um ponto final na jornada do mutante mais famoso e violento de todos, como também é o epílogo da encarnação de Hugh Jackman como Wolverine. E a despedida é digna de honra.


Em 2029, em um mundo em que não nascem mais mutantes e que os X-Men deixaram de existir, Logan (Hugh Jackman) é um herói aposentado e ganha a vida como motorista de uma limusine. Nas horas vagas, sua função é cuidar de um bastante idoso e debilitado professor Xavier (Patrick Stewart), cuja mente não é mais a mesma. 


A rotina de ambos muda com a chegada de Laura (Dafne Keen, incrivelmente talentosa), uma menina misteriosa que está sendo caçada por Donald Pierce (Boyd Holdbrook) e seu grupo de ciborgues, os Carniceiros. Logan é forçado a voltar à ação e a encarar dores do passado.

E é exatamente sobre drama que Logan se trata. Essa era a intenção principal do diretor James Mangold (também diretor de Wolverine – Imortal), que se inspirou levemente na HQ Old Man Logan e, além disso, trouxe elementos de faroeste para compor o último capítulo da história do Carcaju. A estética do filme, desde a fotografia aos cenários e maquiagem, representa um tom melancólico e sem vida, fortalecendo a ideia de que Logan não é uma narrativa super-heroica, e sim um drama de alguém que teve uma vida repleta de sofrimento.


O clima de tristeza é enaltecido com as belíssimas atuações de Hugh Jackman e Patrick Stewart, e será um grande equívoco se elas passarem despercebidas pelas premiações da próxima temporada. A dupla funciona com harmonia e é comovente de ver em dados momentos como a ideia de família é implantada. Porém, outra coisa que chama a atenção em Logan é a classificação indicativa. 


Assim como aconteceu com Deadpool, a obra é para maiores de idade e este recurso é usado com sabedoria nas cenas de ação. Logan não poupa no sangue e na violência, mas a carnificina não é gratuita; a brutalidade é apenas um reflexo da jornada selvagem e infeliz que Wolverine teve. E Jackman se entregou totalmente, pois sua dedicação é perceptível mesmo com todo o corpo ensanguentado.  

Logan é de fato o encerramento de um ciclo que durou 17 anos. Se em 2000 X-Men foi o marco para o retorno dos heróis no cinema, agora Logan é o divisor de águas para repensar a fórmula de como retratar este gênero. É a consagração que a Fox tanto necessitava, equiparando-se ao patamar atingido por Batman – O Cavaleiro das Trevas e Capitão América 2 – O Soldado Invernal. Um enredo definitivo, uma despedida emocionante e uma sensação de gratidão. E, como o próprio Hugh Jackman falou em entrevistas, uma verdadeira e sincera carta de amor aos fãs.



"Um homem tem que ser aquilo que ele é, Joey. Não pode quebrar o molde. Eu tentei e não funcionou comigo. Não tem como viver com um assassinato. Não tem como voltar de uma morte. Certo ou errado, é uma marca. Marcas ficam. Não há como voltar. Agora, corra até sua mãe e lhe diga... diga que está tudo bem. E que não há mais nenhuma arma de fogo no vale". 

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