“Você tem que decidir se faz parte da história ou se vai
filmar a história”.
Um Estado Democrático é regido por três poderes
(Legislativo, Executivo e Judiciário), pelo menos é o que diz a teoria. Com o
avanço das mídias, logo surgiu a expressão “quarto poder”, referindo-se ao
desempenho que o jornalismo exerce sobre a sociedade. Considerado por muitos
como uma prática social, o jornalismo atua dentro dos âmbitos dos três poderes
mencionados; ele analisa, investiga e revela à população ocorrências de
natureza ilícita. No caso do Brasil, é mais corriqueiro observar este aspecto
no parâmetro político.
O filme Mad City, lançado em 1997 e dirigido por
Costa-Gavras, narra a rotina do inescrupuloso
jornalista Max, interpretado por Dustin
Hoffman, o qual foi designado a realizar uma reportagem comum em um museu.
A reviravolta acontece quando Sam (John
Travolta), ex-vigilante do museu, surpreende a todos ao adentrar no local
em posse de uma arma e explosivos. Sam quer somente o emprego de volta, mas ao
plano sai do controle quando alguém é baleado. Max enxerga na situação a
possibilidade de ganhar o merecido destaque e, por conseguinte, impulsionar
sua carreira.
O Quarto Poder, como foi traduzido no Brasil, é uma típica obra simplória; com
sutileza, Costa-Gavras não se utiliza de enquadramentos de câmera complexos e
tampouco de uma trilha sonora elaborada. É um filme que não almeja grandes
ambições e, mesmo que fosse este o caso, talvez tenha faltado um pouco mais de
recursos.
Apesar de ter sido um fracasso
na bilheteria, O Quarto Poder sabe a
que veio. O roteiro relata uma faceta negativa do jornalismo: o
sensacionalismo, a busca desenfreada por audiência e a capacidade de manipular
as massas. É estarrecedor perceber como a vida imita a arte e ver as
engrenagens da imprensa modificando a opinião pública. E a última imagem do
filme, congelada propositadamente para causar um efeito impactante, cumpre com
sua função, estampando a ausência de limites que a mídia possui e sua
insaciável vontade de sufocar a fonte até onde for possível.
Essas ferramentas são
exploradas com eficácia à medida que Max constrói em Sam uma figura icônica capaz de despertar sentimentos variados no telespectador e, principalmente,
demonstrando a destreza da mídia em moldar ideologias e destruir vidas. O Quarto Poder traz um final assombroso
e reflexivo, e não é coincidência ter a sensação de já ter visto algo similar
na televisão. Estranho seria se fosse o contrário.
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