quarta-feira, 4 de maio de 2016

Capitão América: Guerra Civil


Nosso trabalho é tentar salvar o máximo de pessoas possível. Às vezes isso não significa todo o mundo. Mas você não desiste”.

Os números falam por si. Doze filmes, duas fases, quatro séries de TV na atualidade (com mais quatro em desenvolvimento), alguns curtas-metragens e milhares de quadrinhos para se inspirar. Parece um conto de fadas imaginar que um projeto iniciado em 2008 pudesse gerar vários bons frutos, mas esse é o legado que o Universo Cinematográfico da Marvel vem construindo ao longo de tantos anos.


Talvez nem o produtor Kevin Feige suspeitasse que seu projeto ambicioso pudesse dar certo. Os fãs compraram a fórmula de universo compartilhado, uma vez que se trata de um reflexo do universo dos quadrinhos, e a produção logo tratou de dividir sua enorme franquia em fases. E tendo a Fase 2 terminado em Homem-Formiga, a Fase 3 chega com diversas promessas e com um maravilhoso início: Capitão América: Guerra Civil


Vingadores: Era de Ultron terminou com a destruição de Sokovia e centenas de civis mortos, assim como mostrou a nova formação da equipe de heróis. Guerra Civil tem início com o novo grupo em uma missão, a qual tem um desfecho trágico. A fatalidade faz com que o General Ross, apoiado por Tony Stark (Robert Downey Jr.) – este com uma sobrecarga bastante dramática –, force Capitão América (Chris Evans) e companhia a assinarem o Tratado de Sokovia, documento que concede ao governo a autoridade para controlar as ações dos Vingadores.   


E a divisão logo fica evidente: Steve Rogers é a favor da liberdade, Tony está ao lado do governo. O interessante é que a narrativa, muito bem estruturada pelos roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely, não induz o espectador a decidir em qual lado deve ficar. Tratando-se apenas de uma jogada de marketing, do mesmo modo que aconteceu com Batman vs. Superman (e as semelhanças não ficam somente neste aspecto), o conflito entre Homem de Ferro e Capitão América acontece de maneira natural e gradativa. Não é uma luta entre dois oponentes que se odeiam e pretendem matar um ao outro; é um desentendimento entre dois amigos, e é importante lembrar que ambos já entraram em desacordo em filmes anteriores.


Essa perspectiva pode desagradar o fã dos quadrinhos que espera assistir no cinema uma das maiores aventuras do Capitão América. A questão é que a Disney é proprietária da Marvel, o que significa que as mortes que acontecem na HQ não necessariamente vão ser adaptadas para o longa. Outra questão que prejudica a trama é que a Marvel não detém os direitos de todos os personagens dos quadrinhos, fazendo com que ícones como Quarteto Fantástico e X-Men fiquem de fora e também reduzindo a “guerra” a pequenas lutas.


Os irmãos Anthony e Joe Russo, diretores de Capitão América 2 – O Soldado Invernal, retornam ao posto na tentativa de reprisar o sucesso do antecessor. O desempenho da dupla é esplêndido; as batalhas, especialmente a cena do aeroporto, são extremamente bem coreografadas e os personagens são como peças de xadrez em um enorme tabuleiro. A estratégia dos Russo revela-se eficaz ao exibir o embate de cada herói, sem fazer em momento algum com que o espectador se sinta perdido. Na verdade, a harmonia e o sincronismo são elegantes, algo que se repete na luta final (O escudo trocando de mão em rápidos movimentos, por exemplo), e seria possível passar um longo tempo admirando os Vingadores brigando entre si. 


No entanto, Guerra Civil também tinha outros objetivos a cumprir. Aqui se encerra o ciclo de Steve Rogers em busca do Soldado Invernal, ao passo que se inicia a introdução do Pantera Negra e do mais recente Homem-Aranha (resultado do acordo contratual entre Sony e Marvel). E a escalação do elenco não poderia ter sido melhor, com Chadwick Boseman mostrando toda a postura da realeza de Wakanda e Tom Holland sendo talvez o Amigão da Vizinhança mais engraçado e simpático já visto no cinema. 


Capitão América: Guerra Civil não é o melhor filme da Marvel, possui falhas (Zemo é uma delas, embora seu futuro tenha ficado em aberto), mas mostra a responsabilidade que toda a produção teve ao trabalhar com apenas um determinado time de heróis. O pontapé inicial da Fase 3 é excepcional e as cenas pós-créditos de Guerra Civil apontam os novos caminhos que o universo Marvel pretende seguir. Ainda resta muita coisa a ser acrescentada nesse legado e, até lá, milhares de pessoas para conquistar.     

Trailer:

Nenhum comentário:

Postar um comentário