sexta-feira, 4 de março de 2016

Deadpool


A Fox, pobre coitada, acumula em seu histórico um conjunto de obras ruins. Já não bastasse a ausência de coerência na cronologia de X-Men, sua franquia mais lucrativa, o estúdio ainda guarda em seu currículo as terríveis lembranças de X-Men Origens: Wolverine e o recente e não menos patético Quarteto Fantástico. E, como algumas manchas do passado precisam ser superadas – e esquecidas –, é preciso encontrar meios de sobrepujá-las.  

Deadpool surge como uma luz para que a Fox encontre a esperança de dias de glória. A película, que passou anos em fase de produção, e que teve uma forte campanha de marketing impulsionada quase que totalmente por Ryan Reynolds, finalmente conseguiu seu espaço para apresentar o Mercenário Tagarela de maneira cômica e satisfatória. E sobra espaço para o personagem zoar com os filmes mencionados acima.


O enredo do filme é simples e contado em estilo não linear. Wade Wilson (Reynolds) é um mercenário com passado sanguinário, mas que atualmente vive para ajudar pessoas que se sentem oprimidas de alguma forma. No bar onde os outros mercenários se reúnem, ele conhece a prostituta Vanessa (Morena Baccarin) e ambos iniciam uma relação amorosa.


Porém, não é o amor que causa a maior reviravolta na vida de Wade; o encarregado disso é o câncer em estado avançado que se espalhou por várias partes do seu corpo. Logo surge um misterioso homem que faz uma proposta aparentemente irrecusável ao moribundo: curar sua doença e transformá-lo em herói. E após um longo processo de experimentos brutais e tortura, nasce Deadpool, com super força e poderes regenerativos.


Deadpool é uma obra, digamos, diferenciada. É o primeiro longa de herói com classificação etária alta, por isso espere muito sangue, palavrões e um pouco de nudez. Além do aspecto sanguinário, o filme também traz dos quadrinhos outra forte característica: a quebra da quarta parede, em que o personagem fala diretamente com o público, que inclusive muitos fãs interpretam como esquizofrenia. 


A façanha para que esses elementos não prejudiquem a trama e faz com que ela tenha um clima, de certa forma, mais amigável, deve-se aos roteiristas Rhet Reese e Paul Wernick, responsáveis pelo roteiro do magnífico Zumbilândia. Os diálogos são repletos de piadas (algumas metalinguísticas) e referências à cultura pop (nem o Lanterna Verde de 2011 escapa), algo que a dupla de escritores sabe fazer muito bem.

Contudo, a comicidade exacerbada pode se tornar um defeito quando o resto do quadro geral é ignorado. O enredo funciona bem no quesito história de origem, embora o fio condutor seja raso e previsível, e o clímax seja composto por clichês. Fora isso, a presença de dois personagens dos X-Men revela um artifício desesperador da Fox em incluir o Mercenário Tagarela em algum filme futuro dos mutantes.


Deadpool, certamente, foi uma aposta arriscada. Dirigido por Tim Miller, diretor estreante, e com um orçamento abaixo da média, o resultado da obra é uma bela surpresa e talvez seja o melhor trabalho da carreira de Ryan Reynolds. O segundo filme já foi confirmado e a Fox conseguiu o que queria: estabelecer uma nova franquia de sucesso e encher os seus cofres de dinheiro. Parece que as manchas no histórico não serão mais problema. É tempo de uma nova era.        

Trailer:

Nenhum comentário:

Postar um comentário