A Fox, pobre coitada, acumula em seu histórico um conjunto de
obras ruins. Já não bastasse a ausência de coerência na cronologia de X-Men,
sua franquia mais lucrativa, o estúdio ainda guarda em seu currículo as
terríveis lembranças de X-Men Origens:
Wolverine e o recente e não menos patético Quarteto Fantástico. E, como algumas manchas do passado precisam
ser superadas – e esquecidas –, é preciso encontrar meios de sobrepujá-las.
Deadpool surge como uma luz para que a Fox
encontre a esperança de dias de glória. A película, que passou anos em fase de
produção, e que teve uma forte campanha de marketing impulsionada quase que
totalmente por Ryan Reynolds,
finalmente conseguiu seu espaço para apresentar o Mercenário Tagarela de
maneira cômica e satisfatória. E sobra espaço para o personagem zoar com os
filmes mencionados acima.
O enredo do filme é simples e contado em estilo não linear.
Wade Wilson (Reynolds) é um
mercenário com passado sanguinário, mas que atualmente vive para ajudar pessoas
que se sentem oprimidas de alguma forma. No bar onde os outros mercenários se
reúnem, ele conhece a prostituta Vanessa (Morena
Baccarin) e ambos iniciam uma relação amorosa.
Porém, não é o amor que causa a maior reviravolta na vida de
Wade; o encarregado disso é o câncer em estado avançado que se espalhou por
várias partes do seu corpo. Logo surge um misterioso homem que faz uma proposta
aparentemente irrecusável ao moribundo: curar sua doença e transformá-lo em
herói. E após um longo processo de experimentos brutais e tortura, nasce
Deadpool, com super força e poderes regenerativos.
Deadpool é uma obra, digamos, diferenciada. É
o primeiro longa de herói com classificação etária alta, por isso espere muito
sangue, palavrões e um pouco de nudez. Além do aspecto sanguinário, o filme
também traz dos quadrinhos outra forte característica: a quebra da quarta
parede, em que o personagem fala diretamente com o público, que inclusive
muitos fãs interpretam como esquizofrenia.
A façanha para que esses elementos não prejudiquem a trama e faz com que ela tenha um clima, de certa forma, mais amigável, deve-se aos roteiristas Rhet Reese e Paul Wernick, responsáveis pelo roteiro do magnífico Zumbilândia. Os diálogos são repletos de piadas (algumas metalinguísticas) e referências à cultura pop (nem o Lanterna Verde de 2011 escapa), algo que a dupla de escritores sabe fazer muito bem.
Contudo, a comicidade exacerbada pode se tornar um defeito
quando o resto do quadro geral é ignorado. O enredo funciona bem no quesito
história de origem, embora o fio condutor seja raso e previsível, e o clímax
seja composto por clichês. Fora isso, a presença de dois personagens dos X-Men
revela um artifício desesperador da Fox em incluir o Mercenário Tagarela em
algum filme futuro dos mutantes.
Deadpool, certamente, foi uma aposta
arriscada. Dirigido por Tim Miller,
diretor estreante, e com um orçamento abaixo da média, o resultado da obra é
uma bela surpresa e talvez seja o melhor trabalho da carreira de Ryan Reynolds.
O segundo filme já foi confirmado e a Fox conseguiu o que queria: estabelecer
uma nova franquia de sucesso e encher os seus cofres de dinheiro. Parece que as
manchas no histórico não serão mais problema. É tempo de uma nova era.
Trailer:
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