“Bom,
Clarice, as ovelhas pararam de gritar?”.
O gênero suspense tem muito a agradecer aos anos em que Alfred Hitchcock consolidou sua
assinatura cinematográfica e ao período no qual Stanley Kubrick alavancou seu nome. Isso somente para citar dois
grandes diretores, quando na verdade o legado é vasto e a lista de referências
não caberia em uma simplória análise.
O cinéfilo cujo gosto pessoal costuma frequentemente pender
para este gênero deve ter cravado em sua mente diversos nomes de personagens
fictícios que, de certo modo, deixaram impressões imutáveis nas entranhas que
constituem a sétima arte. E quando a temática envolve sangue e canibalismo, as
façanhas do ilustre doutor Hannibal
Lecter são dificilmente esquecidas.
O notável personagem nasceu nas páginas das obras escritas
por Thomas Harris, o qual iniciou
sua série com o livro Dragão Vermelho,
lançado em 1981. Mas foi com a adaptação para o cinema de O Silêncio dos Inocentes, em 1991, que Hannibal ganhou vida e
grande prestígio no magnífico desempenho de Anthony Hopkins.
O enredo é focado na estagiária Clarice Starling (Jodie Foster), cujo sonho é se tornar
uma agente especial do FBI. Seu superior, na intenção de testar suas
habilidades, a insere em uma investigação policial. Clarice precisa traçar o
perfil psicológico de um serial killer, conhecido como Buffalo Bill, que
sequestra mulheres e arranca parte de suas peles.
Entretanto, para conhecer a mente de um psicopata é preciso
ter a ajuda daquele que foi o maior de todos. Sob o consentimento do FBI,
Clarice passa a consultar o Dr. Hannibal Lecter, que já está preso há mais de
oito anos. A interação entre ambos é o ponto forte do roteiro, ilustrando o
conflito da novata com o experiente. Porém, é a postura que Hopkins dá ao
personagem que prende a atenção do espectador; o caráter de Lecter é tão
animalesco quanto o de um predador; no jeito de olhar frio e calculista, na maneira
como seu olfato é aguçado, no modo como seu raciocínio é rápido, perspicaz e
fatal. De fato, quando os dois estão cara a cara, a tensão é semelhante à de uma
ovelha esperando ser devorada pelo lobo.
Dirigido por Jonathan
Demme, O Silêncio dos Inocentes
foi um marco para sua época. Foi o terceiro filme da história do cinema a
vencer todas as categorias principais do Oscar (Melhor Filme, Diretor, Ator,
Atriz, Roteiro Adaptado) e é considerado por muitos o melhor filme de
terror/suspense depois de O Exorcista.
Grande parte do mérito deve-se a brilhante direção de Demme, juntamente com o
talentoso elenco e a lânguida trilha sonora; a mania que o diretor tem de focar
no rosto dos atores aumenta a tensão e apenas melhora a qualidade estética da
película e, somada ao som, que sobe de volume em momentos-chave, faz com que o
resultado final seja sublime e irretocável.
O Silêncio dos
Inocentes certamente
não deve ser excluído da lista das melhores referências do gênero suspense
(Apenas o olhar de Anthony Hopkins já é o suficiente para proporcionar
pesadelos) e foi o responsável por elevar o status de Hannibal Lecter, que
possui mais três filmes e um seriado de TV. Ao que parece, a herança do
suspense ficcional ainda tem muita riqueza e, principalmente, o poder de causar
calafrios.
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