sexta-feira, 20 de março de 2015

Relatos Selvagens


No mundo do futebol, Argentina e Brasil são inimigos declarados. Essa rivalidade pode até ter bons motivos e fundamentações convincentes, mas o que realmente não se deve negar é o quão as duas nações são parecidas, e não apenas no quesito geográfico.


Relatos Selvagens, filme que representou a Argentina no Oscar 2015 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, é uma narrativa sobre as alegrias (não no sentido convencional), surpresas e decepções do cotidiano, enfatizando na reação que um cidadão tem ao ultrapassar o limite do seu controle. 


A estrutura da exibição é dividida em seis histórias, o que remete muito a um livro de contos e crônicas. Tem-se o sujeito cujo plano de vingança é colocar todos os inimigos dentro do mesmo avião; a mocinha que se reencontra com o homem que desgraçou sua família; um desentendimento no trânsito que termina de maneira trágica; um homem que se sente saturado com o sistema burocrático e corrupto; um rapaz que atropela uma mulher grávida; e a esposa que descobre a traição do marido no meio da festa de casamento. 


O que todas têm em comum, além da introdução e desenvolvimento, é o ápice em que cada protagonista cruza a linha da ética social para a brutalidade e selvageria. Dirigido e roteirizado por Damián Szifron, Relatos Selvagens teria de tudo para ser caracterizado como uma obra dramática. 


No entanto, de modo sutil e inteligente, a trama possui em seu cerne um teor cômico, revelando que muitas vezes é interessante e humorística a forma como se perde a razão e a paciência. E o filme cresce ainda mais com o talentoso elenco, o qual se entrega completamente à subversão inerente ao caráter de seus personagens (Destaque para Erica Rivas). Surpreendentemente, termina com um clima tranquilo e positivo; porque, apesar das dificuldades, é preciso manter a esperança.


Em tempos de manifestações sociais, Relatos Selvagens corrobora para tecer uma semelhança entre Brasil e Argentina, como também de qualquer outra nação que reage perante uma ação impune e digna de ojeriza. Tudo isso mesclado na vertente Um Dia de Fúria, com Michael Douglas. Afinal, se a vida é uma floresta e as leis que a regem são severas, então é natural que a selvageria seja um item que não pode faltar no pacote. 


Trailer:

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