“Você é o
Homem-Pássaro. Você é um deus”.
É triste pensar que a indústria da arte vem perdendo sua
identidade, priorizando lucros, moldando obras superficiais, vendendo-se aos
prazeres da moda. E infelizmente – e ainda em vários casos – essas mazelas só
são perceptíveis para aqueles que estão atrás das cortinas e das câmeras, e vez
ou outra forçam o artista a esquecer-se da essência, da magia e da pureza do
seu próprio trabalho.
Riggan Thomson (Michael
Keaton) é o típico ator sonhador disposto a continuar acreditando no
potencial da arte na sua vida e na do público, chegando ao ponto de colocar sua
carreira em risco. No passado ele fez fama interpretando o super-herói Birdman
em uma trilogia e, após recusar trabalhar no quarto filme da franquia, nunca
mais conseguiu um papel marcante.
Vivendo sob a sombra do inesquecível Birdman, Riggan decide
montar um espetáculo teatral no qual é responsável pelo roteiro, direção e
também é o protagonista. Uma tentativa desesperadora de provar-se como artista;
um processo que se revela cansativo e estressante, em que nuances básicas da
humanidade (a busca por reconhecimento profissional e pessoal, por exemplo) são
exaltadas.
Birdman ou (A
Inesperada Virtude da Ignorância) satiriza e critica Hollywood, a Broadway, e a indústria do
entretenimento em geral. Mas o filme vai um pouco mais além e é – sobretudo –
uma ode à mediocridade e loucura. A insanidade está presente na atuação, no
clima do enredo e até no movimento de câmera.
O diretor mexicano Alejandro
González Iñarritu soube utilizar a parte técnica de modo interessante, o
que se encaixa perfeitamente na proposta do longa; a impressão é que o filme
inteiro foi gravado em plano-sequência, mesmo que não tenha sido, e a câmera
passeia praticamente por todos os cômodos do teatro, revelando a angústia e os
dramas dos coadjuvantes, e podendo inclusive causar náusea e desconforto no
espectador.
Certamente, o que sustenta boa parte do conteúdo de Birdman é o seu primoroso elenco. Cada
qual com seu personagem estereotipado, carregando sua dose de maluquice, ajuda
a completar a sátira com chave de ouro, desde a filha drogada (Emma Stone), ao ator galanteador (Edward Norton) e a atriz em busca de
estrelato (Naomi Watts).
No meio dessa atrapalhada trupe, parece de fato que Riggan é
o mais normal, mesmo que possua a maior carga dramática e ainda tenha que
suportar uma voz em sua mente (Destaque para a cena do delírio voador).
Iñarritu tenta consolidar que há um mundo de pesadelos atrás das cortinas, e
que a pressão que conduz ao declínio pode estar até nos locais que deveriam
reproduzir divertimento sincero e paz. Há beleza, loucura e capitalismo na
arte, e Birdman é mais uma evidência
de que talvez esta trindade jamais se separe.
Trailer:
Eu achei uma muito boa crítica. Obrigada por compartilhar. Mais que filme de drama, é um filme de suspense, todo o tempo tem a sua atenção e você fica preso no sofá. Este é um dos filmes de Michael Keaton que eu mais gosto, acho que é melhor que The Founder legendado que estrenou no ano passado. A verdade Birdman vale muito à pena, é um dos melhores do seu gênero. Além, tem pontos extras por ser uma historia criativa. Para uma tarde de lazer é uma boa opção.
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