segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Inferno


Os lugares mais sombrios do Inferno são reservados àqueles que se mantiverem neutros em tempos de crise moral”. 

O termo “dantesco” é comumente relacionado ao escritor florentino Dante Alighieri porque o mesmo é o autor de uma obra grandiosa e atemporal, na qual um homem (o próprio Dante) precisa atravessar o Inferno, Purgatório e Céu para reencontrar-se com sua amada. O livro, que possui uma narrativa épica com elementos teológicos, tornou-se referência na literatura universal. 

A Divina Comédia de fato é uma obra rica em informações e reflexões, tendo inspirado centenas de artistas. Talvez um dos mais famosos e recentes desses admiradores seja Dan Brown, que em seu livro Inferno utilizou-se da obra de Dante como a bússola para guiar o professor e simbologista Robert Langdon em uma nova jornada. 

Certa noite, Langdon acorda em um hospital em Florença, com um ferimento na cabeça e perda de memória. Sem saber como foi parar ali, ele pede a ajuda da Dra. Sienna Brooks. No entanto, antes que a médica possa fazer qualquer coisa, ambos são atacados por uma assassina cuja missão é matar Langdon. 

Após uma eletrizante fuga, Robert descobre um objeto peculiar dentro do seu paletó. Nele está a pista do que o professor esteve fazendo nas últimas 36 horas; curiosamente, ele foi à Florença para seguir os vestígios que alguém deixou para ele. Evidências que apenas um bom conhecedor de simbologia e leitor fanático da Divina Comédia conseguiria identificar. 

Com o passar do dia, na companhia de Sienna, a trama se desenrola e os dois acabam descobrindo que o responsável por tais pistas não é apenas um homem rico e inteligente, mas também um cientista com a deturpada visão de que, para que a humanidade não fique diante de um iminente evento cataclísmico, bilhões de pessoas precisam morrer. Dessa maneira, é necessário que Robert e Sienna corram contra o tempo antes que um mal desconhecido se alastre pelo mundo. 

Assim como fez em O Código Da Vinci e Anjos e Demônios, Dan Brown constrói a narrativa de Inferno ao redor de um intenso suspense que prende o leitor desde as primeiras páginas. O enredo contém explicações didáticas a respeito de temas relativos à ciência biológica e social, convergindo áreas distintas para um clímax interessante. Além disso, faz um passeio por algumas cidades europeias de um modo tão detalhado e específico, que fica notável a abundante pesquisa que Brown fez para desenvolver a trama. Todavia, vez ou outra a descrição exacerbada torna a leitura cansativa. 

Inferno também é repleto de reviravoltas, diferente do morno Símbolo Perdido, revelando que aquilo que antes parecia não ser tão simples para o professor Langdon agora pode se expandir ao resto do planeta. E como de costume, o livro é considerado um fenômeno e sua versão cinematográfica já está confirmada. Em seu isolamento, Dante criou uma obra que para alguns da época foi considerada transgressiva. Hoje a sua importância e valor são imensuráveis. Destino irônico à parte, o incrível permanece dantesco. 

Busca e encontrarás”.

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