sexta-feira, 16 de maio de 2014

Piteco - Ingá


A beleza é o melhor disfarce da morte”.

Para os desinformados, a Pedra do Ingá fica localizada na região agreste da Paraíba e contém, por toda sua extensão de 24 metros, inscrições e símbolos rupestres. Alguns arqueólogos acreditam que tais desenhos foram feitos entre 2 mil a 5 mil anos atrás por uma finada civilização, e a pedra em si foi tombada em 1944, sendo seu mistério igualmente comparado com a Stonehenge. 

Talvez esse dado histórico tenha servido de estopim para o artista paraibano Shiko traçar a base do enredo da graphic novel Piteco – Ingá. O quadrinho, precedido pelo belíssimo Turma da Mônica – Laços e o hilário Chico Bento – Pavor Espaciar, encerra o primeiro ciclo de publicações do projeto Graphic MSP, cuja intenção é utilizar os personagens clássicos de Mauricio de Sousa sob novas perspectivas.


Felizmente, assim como ocorreu em Laços, as aventuras vividas por Piteco em Ingá, aqui com o mérito de acontecerem na região nordeste do país, ajudaram a reacender a chama da infância. Na trama, o povo de Lem precisa encontrar outro local para morar, visto que o rio que os abastece está na iminência de secar. Entretanto, Piteco não pode acompanhar a sua tribo porque Thuga, sua quase-namorada, foi sequestrada pelos homens-tigre. 

Com a ajuda do imprevisível amigo Beleléu e da guerreira Ogra, Piteco parte em uma jornada no intuito de resgatar Thuga. Por se tratar de um cenário pré-histórico, perigos não poderiam faltar na perambulação desses heróis, e há espaço para confrontar monstros, passear em dinossauros e até encontrar as versões jurássicas do Curupira e do Boitatá. 


O trabalho de Shiko é indiscutivelmente magnífico. Além de ser responsável pelo roteiro do quadrinho, o paraibano também cuidou de todo o desenho, o que reflete os anos de prática exercidos na esfera das artes plásticas e também no grafite. E, pelas figuras terem sido pintadas em aquarela, as cores vivas e intensas ajudam o leitor a adentrar com mais veracidade na história, desde as cenas áridas até às florestas verdejantes. 

A proposta de releitura certamente é voltada para um público mais adulto, uma vez que Shiko não poupa restrições nas lutas (Sim, temos sangue aqui) e nos traços minuciosos dos personagens. Com Piteco – Ingá, Shiko acrescenta aventura, humor, realismo e romance ao universo de Mauricio de Sousa e ainda consegue, quiçá propositadamente, lançar mais mistérios sobre a Pedra do Ingá, tornando-a mais lúdica e, sobretudo, divertida. 

O destino também é um rio”.

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