A história nos conta que Alice, ao adentrar na toca do coelho, fica assustada e ao mesmo tempo encantada com o maravilhoso mundo novo que se apresenta diante de seus olhos. Essa mistura de sentimentos não é nada incomum, uma vez que a novidade gera múltiplas possibilidades de sensações. Por consequência, o olhar fica mais crítico em relação ao que o cerca, à medida que, lá no interior, cresce uma vontade de desbravamento, de descoberta. Uma vontade de ir além.
Atrevo-me a dizer que, há exatamente três anos, pude conhecer o meu País das Maravilhas – Fragmento da postagem do terceiro aniversário do Menino das Letras, há um ano.
“A arte existe porque a vida não basta”, foi o que falou o poeta brasileiro Ferreira Gullar, quando questionado a respeito de suas atividades poéticas. Do outro lado do Atlântico, o filósofo alemão Nietzsche disse certa vez que a arte deve embelezar a vida e, por conseguinte, ela existe para que a cruel realidade não nos destrua. De modo curioso, embora sejam de culturas distintas, ambos conceituaram muito bem algo que salva (e continua salvando) nossas vidas.
A habilidade de parar para apreciar um objeto artístico e cultural, seja sua essência complexa ou simplória, reacionária ou livre de qualquer barreira, é uma maneira de escapar das misérias que afligem a sociedade e, inevitavelmente, nosso cotidiano. Há quatro anos, quando criei o Menino das Letras, não imaginei que o meu produto fosse chegar tão longe, e tampouco a este nível.
Ainda é um pouco surreal, sabia? Olhando para trás e comparando com hoje, os fatos falam por si. O que antes era aparentemente o passatempo de um estudante do curso de Letras tornou-se algo sério; algo feito por um profissional de Letras. Os leitores foram acompanhando essa mudança e pelo visto o encantamento pelo mundo da arte só fez aumentar.
O Menino das Letras provou que as pessoas sentem carência por arte. Com os temas cinema, literatura, músicas, e no último ano o acréscimo de quadrinhos, surpreendo-me com a ideia de que pessoas acessam a página mais de uma vez por semana. Indivíduos que veem na arte um refúgio, a possibilidade de que ainda há esperança para a vida ser menos atroz e mais bonita.
E assim como os leitores, eu me encantei com o encantamento deles, e cá estamos para comemorar o quarto ano do blog. E pela quarta vez consecutiva, o que me resta é agradecer pela paciência e boa vontade de cada um que reserva um tempo do seu dia para ler as postagens ou visitar a página no Facebook. É graças a você e à sua busca por cultura que hoje o blog possui mais de 52 mil visualizações e quase 200 curtidas no Facebook.
No decorrer de 185 postagens, arrisquei-me pelos caminhos linguísticos textuais no intuito de passar informações relevantes sobre diversas obras. Ao que parece, isso agrada algumas pessoas. Continuarei tentando, na medida em que for possível, compartilhar e propagar conteúdos artísticos, pois, assim como Gullar e Nietzsche, creio que a arte desempenha uma função crucial em nossas vidas.
Agradeço aos leitores espalhados pelo Brasil afora e também aos leitores de Portugal, Estados Unidos, Rússia, Alemanha, Malásia, Ucrânia, Canadá, Índia, China, e outros que por ventura eu tenha esquecido de mencionar. E não posso deixar de agradecer a você – sim, você mesmo – que está comigo neste momento. Muito obrigado.
Aproveite a festa! Ela também é sua.