A manipulação e a corrupção são elementos que podem andar de mãos dadas quando provenientes da mesma fonte. E se essa origem for poderosa no sentido de atingir e influenciar uma grande parcela da sociedade, além de refletir uma triste faceta da situação real de muitas civilizações, nas mãos certas, pode render um prato cheio para uma obra de ficção.
O público brasileiro parece gostar e entender bastante deste assunto, uma vez que a maior bilheteria do cinema nacional pertence a Tropa de Elite 2, dirigido por José Padilha. E o diretor, por gostar de abordar questões políticas e sociais em suas películas – e, diga-se de passagem, consegue fazer isso com maestria –, viu a oportunidade de repetir a abordagem em seu novo projeto: RoboCop.
Por mais que a mania de refilmagens gere dor de cabeça nos fãs mais antigos e saudosistas, e algumas vezes há de fato motivos para comentários negativos, a estreia de Padilha em Hollywood não foi ruim, mas também não chega a ultrapassar toda a dramaticidade e o foco verossímil estabelecidos nos dois Tropa.
O filme tem início com o personagem de Samuel L. Jackson (em uma atuação até que admirável), o âncora de um programa televisivo, tentando mostrar a os seus espectadores norte-americanos que várias cidades do mundo estão seguras devido à proteção criada por robôs. Sendo assim, não há razões para os Estados Unidos ter receio de negar tamanha tecnologia.
Todavia, o dono da empresa que fabrica esses robôs, Raymond Sellars (Michael Keaton), no intuito de causar empatia na população da América, resolve desenvolver uma técnica em que seja possível colocar um homem dentro de uma máquina e, dessa maneira, garantir mais lucro. É neste ponto que entra o detetive Alex Murphy (Joel Kinnaman); tendo sido vítima de um atentado que destruiu boa parte do seu corpo, ele se torna cobaia desse processo e ganha nas ruas o título de RoboCop.
Este é o remake do clássico de 1987, comandado por Paul Verhoeven. E embora certas diferenças sejam gritantes, especialmente tratando-se de efeitos visuais, faltou a o longa de Padilha uma trilha sonora marcante, mesmo que o tema original toque por alguns segundos. O clímax poderia ter sido estendido, o que talvez tivesse dado ao núcleo familiar uma fundamentação maior.
Mas o argumento é o que sustenta o filme, e a crítica presente no RoboCop de José Padilha tem qualidade para marcar esta geração, provavelmente em uma proporção similar a que o original fez em sua época. Era necessário que um brasileiro abordasse temas como corrupção e manipulação em um cenário futurista e ficcional, pois revela que além de serem um câncer na sociedade, são capazes inclusive de fazer uma criatura robótica querer destruí-las. Avante, RoboCop!
Trailer:
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