sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Gravidade


Tem alguém lá embaixo olhando para cima e pensando em você?”.

O espaço sideral, sem sombra de dúvidas, já se provou um cenário profundamente lúdico no âmbito das ficções científicas. É uma relação que desenvolve o imaginário do espectador, como fizeram Avatar e Star Wars, ao passo que também instiga a reflexão a respeito dos complexos mistérios que cercam nosso universo. 

Entretanto, por incrível que pareça, o encanto não se perde sob uma abordagem mais realista. E há de se afirmar que o realismo em Gravidade é demasiadamente abundante. Dirigido e escrito por Afonso Cuarón (de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban), o longa apresenta uma narrativa cujo tema central é a sobrevivência e guarda em si a promessa de um dos melhores filmes de jornada espacial.

A premissa é simples: dois astronautas que se veem vítimas de um acidente e vagam pela órbita terrestre. Contudo, existem mais ingredientes por baixo do recheio e logo o enredo revela sua faceta metafórica. George Clooney vive o veterano Matt Kowalski, o qual se encontra em sua última missão antes da aposentadoria. Diferentemente de Sandra Bullock, que interpreta a novata e inexperiente doutora Ryan Stone. 


A nave em que ambos trabalham é atingida por uma tempestade composta pelos destroços de um satélite. Mas o foco recai na personagem de Bullock, pois o caminho da luta pela vida e a jornada da superação pertencem a ela. Por quase toda a exibição, apenas a atriz aparece em cena, recurso que Cuarón utilizou para fazer o espectador se aproximar e se afeiçoar à Dra. Stone. 

Essa técnica poderia ter feito o filme perder muitos créditos, uma vez que a monotonia ficaria evidente. Porém, mesmo com a Terra em plano de fundo meio que o tempo inteiro, o espetáculo visual dos efeitos especiais são magníficos e estarrecedores, combinando perfeitamente com a proposta realista estabelecida do início ao fim (Destaque para todas as cenas da tempestade, cada qual com sua devida importância).


Algo que também favorece a estética da película é o plano-sequência, ferramenta que Afonso sabe manusear muito bem e que aqui estendeu por minutos que pareciam não acabar. A trilha sonora, criada por Steven Price, transmite exatamente as sensações que são perceptíveis nas feições da astronauta: agonia, solidão e desespero, resultando em uma sincronia formidável. 

Gravidade mostra que, ainda que um ser humano esteja diante de um cenário em que tudo pode desfavorecê-lo, é possível encontrar uma oportunidade de renascer; a posição fetal de Bullock após concluir uma árdua tarefa é prova disso. E embora Gravidade não explore a questão da fantasia e do imaginário no espaço, pelo menos consegue – e com maestria – enaltecer a curiosidade de tentar entender o infinito universo que reside sobre nós.



Trailer:

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