sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ruby Sparks: A Namorada Perfeita

 

Esta é a verdadeira e impossível história do meu grande amor. Esperando que ela não leia e me censure, eu omiti vários detalhes. Seu nome, dados sobre onde nasceu e cresceu, e as cicatrizes ou marcas que poderiam identificá-la. De qualquer modo, não posso evitar de escrever isto para ela”. 

É triste afirmar isso, mas até hoje não tenho um conceito limpo e claro do que a escrita representa para mim. Escrever é uma atividade tão complexa e inesperada, que talvez não existam palavras certas para conceituá-la como uma receita que todos leem e seguem os passos. Porém, uma coisa eu posso confirmar: sentir o poder das letras construindo ideias e levantando os muros da imaginação frequentemente pode ser visto como mágica. 

Em Ruby Sparks: A Namorada Perfeita, acompanhamos o cotidiano de um rapaz que vive em uma fortaleza alicerçada por suas palavras. Calvin (Paul Dano) é um jovem escritor, que no passado consagrou sua carreira com seu livro de estreia ao ponto de torná-lo um clássico da literatura moderna. O problema é que após anos vivendo sob a fama do primeiro livro, os leitores e amigos passam a cobrar um novo trabalho.

 

Sendo um solitário, que não convive com outras pessoas a não ser seu irmão e seu terapeuta, Calvin não faz ideia do que pode escrever. Contudo, inspirado por um sonho com uma garota ruiva, ele passa a redigir um romance a respeito de Ruby, sua protagonista imaginária, a namorada que qualquer homem gostaria de ter, principalmente ele. 

Neste ponto, o filme lembra muito Mais Estranho Que a Ficção, pois Ruby Sparks (Zoe Kazan), a personagem, começa a aparecer para Calvin como uma pessoa real. O que seria loucura, se não fosse o fato de que outras pessoas também conseguem vê-la e a tratá-la normalmente. Logo Calvin percebe que pode usufruir bastante de sua criação, incluindo na influência de ser capaz de manipular seus atos e emoções. Entretanto, não é possível fazer isso sem sofrer consequências.


Dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris (a dupla de Pequena Miss Sunshine), e escrito pela atriz que interpreta Ruby, a película trata de um tema já visto, mas com a dádiva de não cair na previsibilidade. O elenco conseguiu estabelecer uma sintonia harmoniosa e a cena com os antagonistas são as melhores (Destaque para o irmão). E a trilha sonora, a qual sabiamente não usou de artifícios grandiosos, encanta o espectador ao som dos lânguidos violinos. 

Ruby Sparks: A Namorada Perfeita é um filme que aborda a escrita como um resgate contra a solidão. Vemos um protagonista soterrado pela angustia encontrando conforto na magia da escrita e, sobretudo, percebendo que as palavras, ainda que sejam capazes de criar mundos, também podem ter um papel fundamental em nossas vidas. E mesmo que muitos não consigam conceituar o ato de escrever, não há com o que se preocupar; afinal, milagres simplesmente acontecem. 

Alguém poderia ler este livro e achar que é mágica, mas se apaixonar é um ato de magia. E escrever também é. Todo escritor pode testemunhar, no estado mais afortunado e feliz, que as palavras não proveem de você, mas que passam através de você”.

Trailer:

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