sexta-feira, 3 de agosto de 2012

As Formigas



Estavam aqui 100 milhões de anos antes de nós e, se considerarmos o fato de que foram um dos raros organismos a escapar da bomba atômica, continuarão aqui por mais 100 milhões de anos depois de nós. Não passamos de um acidente de três milhões de anos na história delas. Aliás, se extraterrestres desembarcarem um dia em nosso planeta, não vão se enganar. Sem dúvida alguma hão de querer conversar com elas. São as verdadeiras donas da Terra”. 

Ano passado, ao assistir o filme Planeta dos Macacos: A Origem, lembro-me de ter ficado fascinado com a capacidade encantadora que o enredo teve de induzir o espectador a torcer a favor dos macacos e, consequentemente, ficar contra a própria espécie. A ideia dos homens serem subjugados por uma raça aparentemente inferior foi bem recebida e serviu como pretexto para respeitarmos os seres que compõem à natureza. 

Entretanto, após a leitura de As Formigas, esse respeito tem que ser muito mais admirável. No primeiro volume da trilogia O Império das Formigas, publicada no Brasil pela editora Bertrand Brasil, o autor Bernard Werber nos transporta, por meio de uma escrita minuciosa (até demais), ao mundo subterrâneo dos infraterrestres. A riqueza da descrição dos cenários e dos detalhes é o resultado de 15 anos estudando a civilização das formigas. 

O romance é dividido em dois núcleos que se intercalam constantemente. No início somos apresentados à família Wells. Jonathan se muda para casa que herdou de seu tio Edmond, juntamente com a esposa e o filho. Tudo parece bem até Jonathan descobrir uma mensagem do falecido tio deixada para ele, avisando-lhe para jamais descer ao porão da residência. Contrariando a ordem, ele desce e se depara com um mistério que permeia toda a trama, englobando a segurança de sua família e atiçando uma investigação policial. 

O segundo núcleo pertence, é claro, às formigas. Aqui acompanhamos a aventura de três formiguinhas cidadãs de Bel-o-kan, o maior formigueiro da região. O suspense se desenrola quando uma delas descobre a existência de uma arma mortífera, a qual pode matar um animal sem deixar vestígios. Além disso, um grupo de formigas rebeldes se infiltrou no formigueiro e está disposto a liquidar qualquer inseto que tentar desvendar o que acontece nas raízes da cidade. O trio tem uma longa jornada pela frente e precisa entender o que se passa ao seu redor. 

Durante quase toda a leitura, a parte condizente aos humanos é a mais atrativa. Nela, o clima misterioso é cômodo e intrigante, relacionando biologia com psicologia, filosofia e, inclusive, um pouco de religião. A parte das formigas, por ser descritiva ao extremo, pode se entediante para alguns em certas passagens. Contudo, o que torna a leitura válida são as informações e curiosidades presentes por toda a obra, transformando os insetos – as formigas, especificamente – em seres bem mais interessantes e deslumbrantes do que se imagina. 

Talvez o maior triunfo de As Formigas seja o seu final, no qual os dois núcleos se encontram, de uma forma absurda e impressionante, revelando que grandes coisas, equivalentes aos acontecimentos mostrados em Planeta dos Macacos: A Origem, estão para acontecer nos dois livros seguintes. Bernard Werber, através do primeiro volume de sua trilogia, mostra que devemos tomar cuidado com as formigas. Afinal, elas habitam o planeta desde 100 milhões de anos antes de nós e sua civilização mundial já ultrapassa a marca de um bilhão de bilhões de indivíduos. Elas estão por toda a parte e essa é uma bela razão para ficarmos preocupados.

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