sábado, 7 de julho de 2012

O Espetacular Homem-Aranha

 

"Segredos têm um custo, Peter". 

A palavra reboot, bastante conhecida no ambiente do cinema, é utilizada para esclarecer que algo já feito antes, independente do sucesso, voltará ao marco zero. Ou seja, será recontado por meio de uma nova ótica. É importante não confundir com o nome remake, que se trata de uma versão mais atualizada da mesma história. O Super-Homem, por exemplo, ganhará um reboot em 2013, deixando de lado todos os cinco longas apresentados anteriormente.

Com a promessa de que isso se torne cada vez mais comum nos filmes dos heróis, eis que surge O Espetacular Homem-Aranha, o recomeço da franquia do jovem aracnídeo que desconsidera tudo que foi construído pela trilogia dirigida por Sam Raimi. E, tendo o Homem-Aranha 3 estreado em 2007, fica meio difícil esquecer o que foi feito e evitar comparações com uma trilogia repleta de cenas memoráveis.

 

O enredo original, graças a Deus, permaneceu intacto. E, agora, na tentativa de ser mais fiel às HQ’s. Conhecemos Peter Parker, adolescente que vive com os tios no subúrbio de Nova York. Ele é um garoto gênio, solitário, que só encontra a sua grandeza e importância ao ser picado por uma aranha radioativa. Com a descoberta de suas novas habilidades logo vem as consequências, como a perda de pessoas queridas, o confronto com vilões megalomaníacos, e o encontro com o amor jovial.

Essa nova perspectiva adotada à história do aracnídeo é dirigida por Marc Webb, mesmo diretor de (500) Dias Com Ela, filme que ganhou a graça do público pela forma tocante, realista e cômica com a qual foi conduzido. Esse mérito rende ao Espetacular Homem-Aranha ótimas atuações; Andrew Garfield, que já vinha se revelando desde A Rede Social e O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, nos mostra uma versão mais divertida e, se assim posso dizer, humana, de Peter Parker. Sua interpretação é realçada com a química perfeita ao lado de Emma Stone (Gwen Stacy), a qual não desaponta em momento algum.


A trinca de atuações é completada com a presença de Martin Sheen (Tio Ben). A interação entre os três atores citados é tão impecável, que por um instante me esqueci dos filmes protagonizados por Tobey Maguire. Os problemas começam a aparecer após o evento mais traumatizante da vida de Peter (acho que não preciso dizer o que é). As cenas com a Tia May são mal aproveitadas, tornando opaco todo o brilho que Sally Field tem a oferecer; assim como no longa de 2002, Peter tenta caçar o responsável por ter deixado um vazio em sua família, mas de repente, do nada, ele para e a busca é esquecida até o final.

Neste reinício, a criação da vestimenta está mais acreditável. Contudo, seria sábio da parte dos roteiristas e figurinistas, em uma próxima ocasião, tentarem criar um contexto em que a roupa precise ficar mais bonita. Os infortúnios do reboot não param por aqui: o Lagarto, vilão do filme, deveria ter uma aparência mais animalesca e despertar maior terror no público. Não acontece. A trilha sonora não traz a empolgação que a trilogia de Raimi possuía. E a propaganda do filme, que prometia exibir “a história nunca antes revelada”, referindo-se aos pais de Peter, acaba decepcionando no final.


Aviso: o 3D é dispensável. Há aqui e acolá cenas legais de se ver no tridimensional, porém, para um longa filmado exclusivamente nesta tecnologia, era de se esperar que pelo menos todos os efeitos em CGI estivessem capacitados para causar a sensação de imersão no espectador. Marc Webb sabe direcionar comédia e romance com maestria, mas demonstra que ainda tem muito a aprender quando o assunto é ação. Resta-nos torcer para que, no segundo filme desta trilogia, os erros sejam superados e cenas icônicas sejam elaboradas. O Homem-Aranha está de volta e, infelizmente, não é tão espetacular assim.


Trailer:

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