segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Os Agentes do Destino


"Eu sei o que sinto por ela e isso não vai mudar. As minhas escolhas sou eu quem faço. E eu escolho ela".


Todos nós construímos planos. Somos capazes - ou ao menos temos a ilusão dessa capacidade - de arquitetar um plano, organizá-lo até alcançar o limiar da perfeição e executá-lo exatamente como foi calculado. Obviamente, nem todo plano sai como o esperado, e por várias razões; às vezes por surgir um obstáculo que modifica o rumo dos acontecimentos e faça com que o caminho do plano seja alterado; outras vezes, as falhas podem ser encontradas no próprio plano, revelando a fraqueza do objetivo planejado.

Nossas escolhas determinam não somente o futuro, mas também todas as séries de planejamentos que precisaremos fazer. E ainda que muitos acreditem no poder do livre-arbítrio, há momentos em que alguns refletem a respeito da possibilidade de que existe algo regendo o plano de cada um de nós. Em Os Agentes do Destino, somos apresentados a essa ideia de maneira impactante, revelando que certos caminhos podem ser reajustados para aqueles dispostos a pagar um alto preço por isso.

David Norris (Matt Damon) é um jovem congressista em ascensão em busca de uma vaga no Senado do estado de Nova York. Ao passo que demonstra talento e afinco para os negócios, Norris também revela imaturidade diante de algumas situações, o que o faz perder as eleições. Exilado dentro de um banheiro, ele conhece a bailarina Elise (Emily Blunt) e em questões de poucos minutos, por meio de um diálogo nada convencional, o cupido lança a sua flecha e arrebata os dois corações.



Dias depois, por puro acaso, David reencontra-se com a dançarina misteriosa dentro de um ônibus. Ambos trocam seus números na promessa de se verem novamente em um futuro próximo. O que eles não sabiam, porém, é que não era isso que o Plano pedia. Ao chegar no trabalho, Norris é abordado por homens engravatados, cada qual com chapéus na cabeça, que o explicam que são responsáveis por fazer com que a trajetória de cada ser humano do mundo siga de acordo com o Plano.

Esses seres enigmáticos são comandados por uma criatura superior, O Cabeça, que decreta todos os planos. E não está no Plano de David Norris encontrar-se mais uma vez com Elise, pois se o fizer, causará uma sucessão de eventos com potencial de destruir os sonhos dos dois. Norris, acreditando na força do amor, lutará para conseguir sua amada de volta, enquanto circunstâncias das mais adversas insistem em os separar.


O filme foi dirigido e escrito por George Nolfi, e o roteiro foi baseado em um conto de Philip K. Dick, escritor de ficção científica e também autor de outras obras que foram ao cinema, como Minority Report, O Vingador do Futuro e Blade Runner. Embora a adaptação feita por Nolfi seja digna de alguns méritos (as cenas das portas sendo utilizadas como um meio de transporte são geniais), o diretor poderia ter ousado mais no drama dos personagens e, principalmente, na ficção, que é o tema central da obra original. Entretanto, o roteiro preocupa-se mais em romantizar do que extrair reflexões filosóficas do público.

Ironicamente, faltou um pouco mais de planejamento em Os Agentes do Destino. A catarse no final não é alcançada, talvez pela ausência de agilidade nos últimos momentos ou pela falta de uma trilha sonora mais elaborada. De qualquer maneira, fica a impressão de que o longa, cuja temática é ótima, tem muito mais a oferecer. Prova de que, por mais que o plano seja bem intencionado, isso não o impede de sair pela culatra.


"Se ficar com ela, além de matar seus sonhos, matará os dela também".


Trailer:

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