segunda-feira, 31 de outubro de 2011

X-Men: Primeira Classe


Charles: Escute-me com atenção, meu amigo. Matar não irá lhe trazer paz.
Eric: Paz nunca foi uma opção.


A oportunidade de conhecer o gênesis de uma história é única. Descobrir como se originou uma trama renomada mundialmente e que, por consequência, conquistou legiões de públicos diferenciados, é uma experiência inebriante (ainda mais se estiver nas mãos de profissionais). Planeta dos Macacos: A Origem, Batman Begins e a mais recente trilogia de Star Wars são alguns dos exemplos de que, quando o cristal é bem lapidado, observar o início torna-se mais interessante do que conhecer o final.

X-Men: Primeira Classe era um prelúdio pouco aguardado e que muitas pessoas não estavam dispostas a depositar sua fé, pois, aparentemente, era uma obra que não oferecia novidade. Surpreendendo milhares de céticos e sobrepujando as previsões negativas, o longa alcançou o sucesso e certamente é um dos filmes que possuem mais críticas positivas neste ano.

A direção ficou a cargo de Matthew Vaughn (diretor de Kick Ass - Quebrando Tudo), que conduziu a introdução da franquia com bastante competência. Essa não é a primeira vez que Vaughn explora o universo heroico dos quadrinhos e talvez por isso seja notável sua confiança em saber que este projeto precisava dar certo. E, no geral, ele não fez feio.


O enredo nos transporta para a década de 60, em que um jovem judeu, chamado Eric Lensherr, busca vingança pela morte da mãe. Esse trauma de infância e o ódio pelo assassino são os combustíveis que impulsionam Eric a desenvolver com destreza sua maior habilidade: mover metais. O causador de tamanha raiva tem o nome de Sebastian Shaw (Kevin Bacon, formidável), um homem perigoso procurado pela CIA. Os caminhos de Eric cruzam-se com os de Charles Xavier, professor recém-formado, especialista em genética, e que possui o dom da telepatia. Ambos criam uma aliança com a CIA para deter os planos pérfidos de Shaw.

O cenário é a Guerra Fria e a intenção de Shaw é colocar mais lenha na fogueira. Com a iminência de uma guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética, Shaw instiga os soviéticos a locomoverem seus mísseis em direção à Cuba, na tentativa de iniciar a 3ª Guerra Mundial e revelar ao mundo que os mutantes são a evolução da espécie. Dessa maneira, Xavier e Eric logo começam a recrutar mutantes, treinando-os e preparando-os para uma aniquilação quase certa.


De um lado, a raiva de Eric por Shaw e a ideia de que os humanos devem ser erradicados; do outro, Charles com sua esperança de que homens e mutantes podem conviver pacificamente. É essa colisão de valores e crenças que dão força ao enredo, revelando a oposição dos dois personagens desde o início e dando ao público um breve vislumbre da rivalidade que ainda está por vir. Entretanto, o roteiro comete um grave erro no final que não faz ligação com os filmes anteriores, demonstrando - infelizmente - que os roteiristas não se preocuparam em criar uma cronologia com o restante dos longas. Quem assistir o início de X-Men: O Confronto Final e os minutos derradeiros de X-Men Origens: Wolverine, vai saber do que se trata.

Matthew Vaughn conseguiu lapidar o reinício da franquia X-Men com bastante maturidade. Há momentos impagáveis, como Charles Xavier tentando conquistar uma agente federal sob efeito do álcool, porém a seriedade realmente fica em posse de Eric e toda sua angústia com relação à humanidade. Embora fosse melhor deixar certos eventos para continuações futuras, possibilitando a criação de novos arcos e garantindo mais aventuras aos jovens mutantes, uma coisa é certa: a luz de X-Men pode ainda não reluzir no escuro, mas tem potencial para acender uma estrela.


"Somos diferentes, mas não devemos tentar nos encaixar na sociedade. A sociedade deveria ser inspirar em nós. Mutantes, e com orgulho".


Trailer:


Nenhum comentário:

Postar um comentário