"O que você faria se soubesse que tem menos de 8 minutos de vida?"
Imagine a seguinte situação: um atentado, de proporções imensuráveis, ocorre em uma grande cidade do seu país, aniquilando qualquer tipo de chance de alguém sobreviver. Um cenário devastado de tal maneira não é tão difícil de se pensar, visto que o mundo já presenciou muitas imagens similares a essa. Agora suponha que há uma forma de evitar essa tragédia, encontrando o responsável pelo acontecido e assim impedindo que ataques futuros sejam planejados; valeria a pena arriscar sua vida, mesmo sabendo que a das vítimas - especialmente a de alguém que você goste muito - já não podem ser salvas?
Ao lançar esta proposta para o público, Contra o Tempo torna-se um filme interessante e, de certo modo, inusitado; o foco do enredo, embora se passe ao redor de um evento que já aconteceu, não é a respeito de viajar no tempo para modificar o passado e tampouco fala de seres precognitivos que veem futuros crimes. Aqui somos apresentados a uma realidade paralela, na qual não importa o que seja feito, o desastre sempre terá acontecido na vida real.
A história começa com o Capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal), piloto do exército americano, acordando no interior de um trem. À sua frente está uma mulher, Christina, que insistentemente o chama de Sean. Além de se sentir desnorteado em um ambiente no qual seu reflexo revela uma imagem fora do normal, o trem explode e ele desperta em um local totalmente novo: o Código Fonte.
Uma vez dentro do Código Fonte, os únicos contatos que Colter tem com o mundo são a capitã Goodwin (Vera Farmiga) e o Dr. Ruthledge, os quais lhe explicam que o Código Fonte é um programa de computador que permite ao usuário ter acesso aos últimos 8 minutos da vida de um cidadão. Munido destas informações, a função do capitão Stevens é voltar ao trem, quantas vezes for necessário, encontrar a bomba e descobrir quem é o culpado, antes que outro atentado aconteça e mais pessoas morram. Tudo isso no tempo de 8 minutos.
No entanto, o que os organizadores do Código Fonte não esperavam é que Colter carrega em si não apenas o espírito patriótico, como também a valorização da ética. Os retornos sucessivos ao trem fizeram com que Stevens adquirisse afeição por Christina, compelindo-o não somente a cumprir sua missão, mas também a salvá-la e impedir que o trem exploda, ainda que no mundo real isso signifique o mesmo que nada.
O longa foi dirigido por Duncan Jones, e mesmo este sendo o segundo filme sob seu comando, Duncan demonstra um talento nato para direção, algo que muitos já haviam visto em seu primeiro trabalho, Lunar. Ele conduz as cenas com velocidade e maestria, impossibilitando ao público a sensação de enjoo ao assistir a mesma cena várias vezes. O que, à propósito, foi uma grande sacada: sempre que voltamos ao trem, deparamo-nos com novas situações.
No que diz respeito à ação e ficção científica, Contra o Tempo atua muito bem. O infortúnio se encontra no final do filme, em um pequeno deslize no roteiro que poderá tornar o desfecho confuso para muitas pessoas, na tentativa de transformar algo que já estava bom em uma coisa mais inteligente e filosófica. O que é uma pena, pois uma ideia tão boa poderia render ótimas continuações. Em contrapartida, não custa nada imaginar como seria o mundo se o Código Fonte existisse; ao menos assim poderíamos acreditar que há uma realidade melhor do que esta, em que tragédias são evitadas e milhares de vidas são salvas. Algo pelo qual vale a pena se arriscar.
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