Mais um semestre se passou, revelando que 2017.1 trouxe coisas boas e também algumas decepções (esperadas, em certos casos). O limiar de um novo semestre traz consigo promessas renovadas, e 2017.2, em particular, virá com produções que podem mudar o futuro de algumas franquias cinematográficas. Portanto, pegue a pipoca e faça sua aposta de quem vai se sair melhor, pois a lista é grande e vem chegando grandes coisas por aí. Bom, o que já se pode adiantar é uma certeza: está na hora dos Jedi acabarem.
“Sou Diana de Themyscira, filha de Hipólita.
Em nome de tudo que é bom, sua ira sobre este mundo acabou”.
Os estudiosos do cinema gostam de dizer que um filme é um
registro do seu tempo. A primeira aventura de Diane Prince nos quadrinhos foi
em 1942, estreando uma mulher no papel de super-heroína. Apenas em 2017, 75
anos depois, a personagem ganha seu primeiro filme solo nos cinemas, realizando
um feito que talvez em décadas passadas não fosse possível: conquistar o
carinho, admiração e respeito do público.
Ao que parece, Mulher-Maravilha,
assim como ocorreu nos quadrinhos, veio para trazer inovação ao calejado
universo cinematográfico da DC. Após a Warner receber muitas reclamações dos
fãs em 2016 com a recepção nada amistosa de Batman
vs. Superman e Esquadrão Suicida,
o estúdio estava precisando de elogios. Pode ter sido a entrada de Geoff Johns, o novo produtor executivo,
ou o talento nato de Patty Jenkins,
diretora do longa, mas o fato é que o quarto filme deste universo revela que os
cinéfilos podem ficar tranquilos.
O enredo está situado no período da Primeira Guerra Mundial. O
avião do soldado Steve Trevor (Chris
Pine – ótima atuação) cai nas imediações da Ilha Paraíso, local onde Diana
(Gal Gadot), sua mãe e o restante
das Amazonas vivem. Ele as alerta que está em missão para dar um fim à guerra e
seu discurso comove Diana; tendo sido treinada desde criança para o combate, ela
enxerga no homem a oportunidade de lutar pelos mais fracos e se provar como
guerreira.
Ambos partem para Londres e Diana suspeita que a guerra seja
obra de Ares, antigo inimigo das Amazonas. Ela segue em direção ao conflito, ao
lado dos amigos de Trevor, na esperança de que a morte de Ares seja a solução
para o fim da barbárie. E é este um dos aspectos fabulosos do roteiro; a
inocência de Diana e sua vontade de praticar o bem em contraste com o ambiente
desolador e caótico da batalha. Esse impacto de realidade rende à trama bons
diálogos e cenas instigantes, como a primeira vez que o espectador vê a heroína
devidamente caracterizada. A fotografia também acompanha a seriedade da
narrativa, ficando mais densa à medida que o drama se intensifica.
O roteiro também sabe explorar o restante dos personagens,
especialmente os coadjuvantes. Steve Trevor e seus amigos mostram irreverência
e, de acordo com as situações, nuances distintas, tornando-os mais cativantes e
úteis para a história. A boa escalação do elenco, infelizmente, traz pontos
negativos: 1) o desejo de querer sabe um pouco mais sobre eles; 2) o filme peca
naquilo que aflige a maioria das produções de heróis da atualidade: o péssimo
aproveitamento dos vilões.
Embora fique claro que Gal Gadot precise de mais aulas de
atuação, o esforço que ela faz para dar vida à Diana é digno. Os momentos em
que ela interage com Chris Pine trazem leveza e harmonia e o filme transmite a
ideia de um time, em que a ajuda é mútua, sem que um necessite se sobrepor ao
outro.
O que desequilibra, ainda que não seja algo tão grave, o
clima de Mulher-Maravilha é o seu
final, que lembra bastante o terceiro ato de Batman vs. Superman e inclusive parece ter sido dirigido pelo
próprio Zack Snyder. Patty Jenkins é
uma diretora que sabe desenvolver personagens femininas, porém aqui demonstra
que precisa aprender um pouco mais sobre cenas de ação. Fora isso, Mulher-Maravilha é um marco para os
filmes de heróis e veio no tempo certo, aumentando a expectativa para Liga da Justiça. A era da esperança
chegou para a DC.