sexta-feira, 7 de abril de 2017

Corpo Fechado


Vá onde as pessoas estão. Não precisa procurar muito tempo. Tudo bem se tiver medo, David. Porque esta parte não vai ser igual aos quadrinhos. A vida real não cabe dentro de uns quadradinhos com desenhos coloridos”.

Em meados de 1999, o cineasta indiano M. Night Shyamalan ganhou fama com o suspense sobrenatural O Sexto Sentido. Além da ótima repercussão, o filme ainda lhe rendeu uma indicação ao Oscar. O incrível talento do diretor fez com que, apenas um ano após o seu sucesso, entregasse ao público outro grande clássico também protagonizado por Bruce Willis.

A vida de David Dunn (Willis) não anda bem. Seu casamento está à beira do fim, sua relação com o filho é omissa, sua promissora carreira no futebol terminou de maneira brusca na época da faculdade, e seu emprego atual é de vigilante. Tudo piora depois de um acidente de trem no qual ele é o único sobrevivente. 


A partir daí, a tristeza que David sente diante da vida se mistura com as dúvidas. Como ele pôde escapar sem ter fraturado osso algum e tampouco sofrido nenhum arranhão? Sua curiosidade o leva a conhecer Elijah Price (Samuel L. Jackson), um fanático colecionador de revistas em quadrinhos. Elijah possui uma rara doença nos ossos e, por ter um corpo muito frágil, ele desenvolveu a teoria de que possa existir alguém no mundo que seja seu oposto.


Shyamalan tem uma percepção peculiar ao estruturar a narrativa de seus filmes, uma vez que roteiriza todos e traz temáticas fabulosas para um prisma realístico, e com Corpo Fechado não é diferente. A construção dos personagens e seus dramas pessoais crescem paralelamente com o suspense (As interações de Elijah e David são formidáveis e imprescindíveis), assim como fez em O Sexto Sentido, Sinais e A Vila.  


O diretor também caprichou na criatividade e nas cenas de impacto de Corpo Fechado. Vários momentos são compostos por planos-sequências, o que ajuda o espectador a manter a concentração no enredo (A cena da arma na cozinha é um exemplo disso). E a trilha sonora, composta por James Newton Howard, traz nuances enigmáticas e heroicas para o caminho de respostas que David procura.  


Em Corpo Fechado, M. Night Shyamalan traz conceitos de heróis do mundo real sob a perspectiva de um gênero textual marcante para a sociedade, antes mesmo dos super-heróis entrarem em vigor em Hollywood. Em tempos de crueldade e morticínios, é bom ver uma obra que traz reflexão e, de forma inteligente e talentosa, mostra que simples atitudes de bondade podem levar esperança e salvação. 


Trailer: 

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