sexta-feira, 24 de março de 2017

Magnus Chase e a Espada do Verão


Escolhido por engano, não era a sua hora,
Um herói que, em Valhala, não pode permanecer agora.
Em nove dias o sol irá para o leste,
Antes que a Espada do Verão a fera liberte”.

O autor Rick Riordan já provou ao mundo inteiro que é especialista em mitologias das mais variadas. Depois de ter passado pela mitologia grega em Percy Jackson e Os Olimpianos, a egípcia em As Crônicas dos Kane, e a Greco-romana em Os Heróis do Olimpo, o escritor decidiu expandir seu talento para o universo nórdico em Magnus Chase e os deuses de Asgard.

Magnus Chase é um adolescente sem sorte. Após a misteriosa morte de sua mãe, ele passou a viver nas ruas. No entanto, logo depois de um encontro nada comum com seu tio Randolph, Magnus descobre que as lendas nórdicas são verdadeiras e a primeira prova que tem disso é uma batalha com Surt, o gigante de fogo que quer a Espada do Verão para apressar o Ragnarök, o fim dos tempos dos vikings.

Durante sua jornada, Magnus torna-se um guerreiro de Valhala e conhece a valquíria Sam. Mas em seguida o garoto se vê no meio de uma profecia e com a ajuda de Sam, e dos amigos moradores de rua Blitz e Hearth, ele precisa impedir que Surt liberte o lobo Fenrir e com isso atrasar o início do apocalipse nórdico. 

Com sua linguagem cômica e juvenil (a interação de Magnus com a espada é hilária), Riordan transporta o leitor para a cultura dos vikings de maneira formidável, assim como fez em seus livros anteriores. As mais de 400 páginas acompanham a longa jornada de Magnus em busca de sua identidade e também presenteiam o leitor com versões divertidas de alguns deuses, como Thor, Loki e Odin.

Curiosamente, A Espada do Verão é apenas mais um elemento de todo o universo que Riordan criou. Quem é fã das histórias do autor sabe que todos os seus livros mitológicos possuem conexões, e com Magnus Chase e os deuses de Asgard não é diferente. Fica a pergunta de quão longe o escritor ainda pretende ir. E diante dos eventos do primeiro livro desta nova série, resta muito tempo para as aventuras desses grandes personagens chegarem ao fim.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Logan


É assim que a vida deve ser. Pessoas que se amam... Um lar... Sinta isso. Logan, você ainda tem tempo”.

No ano 2000, o diretor Bryan Singer lançou X-Men, primeiro filme da franquia dos mutantes no cinema. Naquela época, tratava-se apenas de uma obra comum, alternativa, sem grandes ambições. No entanto, à medida que o tempo passou, o gênero foi ganhando mais espaço e força em Hollywood, e hoje esta categoria é simplesmente uma das mais lucrativas da indústria da sétima arte.

Enfim, 17 anos depois que os Filhos do Átomo estrearam no mundo cinematográfico, chega Logan, colocando não somente um ponto final na jornada do mutante mais famoso e violento de todos, como também é o epílogo da encarnação de Hugh Jackman como Wolverine. E a despedida é digna de honra.


Em 2029, em um mundo em que não nascem mais mutantes e que os X-Men deixaram de existir, Logan (Hugh Jackman) é um herói aposentado e ganha a vida como motorista de uma limusine. Nas horas vagas, sua função é cuidar de um bastante idoso e debilitado professor Xavier (Patrick Stewart), cuja mente não é mais a mesma. 


A rotina de ambos muda com a chegada de Laura (Dafne Keen, incrivelmente talentosa), uma menina misteriosa que está sendo caçada por Donald Pierce (Boyd Holdbrook) e seu grupo de ciborgues, os Carniceiros. Logan é forçado a voltar à ação e a encarar dores do passado.

E é exatamente sobre drama que Logan se trata. Essa era a intenção principal do diretor James Mangold (também diretor de Wolverine – Imortal), que se inspirou levemente na HQ Old Man Logan e, além disso, trouxe elementos de faroeste para compor o último capítulo da história do Carcaju. A estética do filme, desde a fotografia aos cenários e maquiagem, representa um tom melancólico e sem vida, fortalecendo a ideia de que Logan não é uma narrativa super-heroica, e sim um drama de alguém que teve uma vida repleta de sofrimento.


O clima de tristeza é enaltecido com as belíssimas atuações de Hugh Jackman e Patrick Stewart, e será um grande equívoco se elas passarem despercebidas pelas premiações da próxima temporada. A dupla funciona com harmonia e é comovente de ver em dados momentos como a ideia de família é implantada. Porém, outra coisa que chama a atenção em Logan é a classificação indicativa. 


Assim como aconteceu com Deadpool, a obra é para maiores de idade e este recurso é usado com sabedoria nas cenas de ação. Logan não poupa no sangue e na violência, mas a carnificina não é gratuita; a brutalidade é apenas um reflexo da jornada selvagem e infeliz que Wolverine teve. E Jackman se entregou totalmente, pois sua dedicação é perceptível mesmo com todo o corpo ensanguentado.  

Logan é de fato o encerramento de um ciclo que durou 17 anos. Se em 2000 X-Men foi o marco para o retorno dos heróis no cinema, agora Logan é o divisor de águas para repensar a fórmula de como retratar este gênero. É a consagração que a Fox tanto necessitava, equiparando-se ao patamar atingido por Batman – O Cavaleiro das Trevas e Capitão América 2 – O Soldado Invernal. Um enredo definitivo, uma despedida emocionante e uma sensação de gratidão. E, como o próprio Hugh Jackman falou em entrevistas, uma verdadeira e sincera carta de amor aos fãs.



"Um homem tem que ser aquilo que ele é, Joey. Não pode quebrar o molde. Eu tentei e não funcionou comigo. Não tem como viver com um assassinato. Não tem como voltar de uma morte. Certo ou errado, é uma marca. Marcas ficam. Não há como voltar. Agora, corra até sua mãe e lhe diga... diga que está tudo bem. E que não há mais nenhuma arma de fogo no vale".