“Se não nos unirmos, nosso mundo perecerá”.
É bastante perceptível que os quadrinhos estão passando por
mais uma era de ouro. O objeto que antes era visto com certo preconceito e como
motivo para ridicularização hoje é a fonte de origem que leva multidões para o
cinema. A sétima arte encontrou no mundo dos heróis um caminho para conquistar
novos públicos e gerar renda. Era apenas uma questão de tempo até alguém
questionar: será que chegou a hora para os games
receberem o mesmo destaque?
Mortal Kombat, Tomb
Raider, Sthreet Fighter são
somente alguns dos exemplos que fracassaram na década de 1990 para o início de
2000. Infelizmente essas franquias tiveram o azar de terem sido produzidas no
tempo inadequado, no qual a cultura nerd não era tão difundida e em que os
efeitos especiais ainda não tinham chegado ao seu apogeu. Agora que o avanço
tecnológico permite que a criação de mundos fantásticos esteja ao alcance das
mãos, não há momento mais propício no qual Warcraft:
O Primeiro Encontro de Dois Mundos seja o ponto de partida para que os games ganhem seu espaço.
Azeroth, o mundo fictício de Warcraft, é muito semelhante à
Terra-Média de O Senhor dos Anéis, no
sentido de que homens, magos, e outras raças como anões e elfos convivem
pacificamente, apesar das diferenças. A harmonia de Azeroth é quebrada quando
um portal é aberto trazendo parte da Horda de orcs. O mundo em que as criaturas
viviam está sucumbindo e eles precisam encontrar um novo lar.
Durotan é o líder de um dos clãs dos orcs. Ele acredita que seu povo pode viver em paz e quer que sua raça se veja livre da magia ardilosa e funesta de Gul’dan. Por isso decide fazer uma arriscada aliança com os homens a fim de evitar que uma guerra aconteça entre ambas as partes.
Um dos maiores desafios que o gênero fantasia enfrenta é a
possibilidade de que nem todos os espectadores sintam empatia pela obra. Essa é
a razão que faz com que eles precisem ter uma característica fundamental: a
habilidade de saber contar uma história. O
Senhor dos Anéis e Avatar de James Cameron, por exemplo, embora
sejam filmes longos, sabem aproveitar o tempo que possuem para explorar seus
universos, enquanto a Marvel utiliza uma fórmula que agrada todas as faixas
etárias. Isso não ocorre em Warcraft
e é justamente seu calcanhar de Aquiles.
O diretor Duncan Jones
(de Lunar e Contra o Tempo), nerd de carteirinha, colocou diversas referências
que os fãs e jogadores irão identificar com facilidade. Porém, quem não conhece
esse universo e tem como único contato o filme, muito provavelmente se sentirá
perdido com a velocidade em que os fatos discorrem e com a quantidade de
informações sem esclarecimentos aprofundados. O roteiro é superficial e não há
tempo para explanar a rica história de Warcraft
(Se Azeroth tem sete reinos, quais são eles?), a relação entre os humanos e
tampouco a dos orcs (O nome do mundo dos orsc sequer é citado. E qual a origem
do fel? Como Gul’dan adquiriu tanto poder?).
Com a edição repleta de cortes – Jones declarou que cortou 40
minutos de filme –, a trama fica deslocada e até o romance que a produção tenta
inserir perde um pouco de sentido. Entretanto, o que pode fazer com que a
mitologia tenha mais uma chance são os efeitos visuais. E o espectador que
preferir ter a experiência em 3D ficará mais encantado. Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos, com todo o empenho da
produção e com o teor épico do enredo, pode dar a introdução para que os games comecem a ser apreciados pelos
cinéfilos (Assassin’s Creed vem aí),
ou simplesmente fazer com que a maldição dos seus antepassados se repita.
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