sexta-feira, 10 de julho de 2015

Kingsman: Serviço Secreto


A conduta faz o homem”.

Em 2010, o diretor Matthew Vaughn chamou a atenção com o brilhante Kick-Ass, pelo modo irônico e inusitado com o qual abordou uma temática heroica/realista com pinceladas de sangue. Quase no estilo Tarantino, pode-se dizer. E como o sucesso é um osso difícil de largar, é quase óbvio que a fórmula seja repetida, ou, como é o caso de Kingsman: Serviço Secreto, aperfeiçoada.

Eggsy (Taron Egerton) é um típico jovem rebelde que perdeu todas as oportunidades que a vida concedeu. Após ser preso por mais um ato de vandalismo, ele é solto por Harry (Colin Firth), velho amigo de seu pai e que tem uma dívida a pagar. Harry lhe oferece uma vaga na Kingsman, uma secreta organização internacional de espionagem, e uma loja de alfaiates para o resto do mundo.


Na Kingsman, Eggsy e um grupo de recrutas tornam-se rivais para competir por uma vaga na organização. Enquanto passam pelos testes mais inesperados e mirabolantes, o empresário e verdadeiro prodígio da tecnologia, Richmond Valentine (Samuel L. Jackson), elabora um plano para elevar a humanidade a um novo status, sem se preocupar com o número de vítimas que serão necessárias para a conclusão de seu projeto.  


O roteiro de Kingsman segue a premissa básica da jornada do herói, apresentando um jovem sem perspectiva e o guiando ao caminho das virtudes, das condutas e das regras. O fato dos personagens possuírem nomes de guerra que remetem à mitologia do Rei Arthur (Merlim, vivido por Mark Strong, por exemplo) fortalece a ideia de que, por ser uma história de origem, metade do enredo se preocupa com o aprendizado de Eggsy e foca na sua transição de delinquente para espião, assim como, na versão fabulesca, o jovem Arthur teve que retirar a espada da rocha.


Tal característica, que por muitos pode ser vista como clichê, poderia ser o ponto fraco de Kingsman. Porém, sendo Vaugh mestre da ironia e o filme uma adaptação de uma HQ de Mark Millar, a tradição é a menor das ameaças e inclusive ajuda a tornar a obra mais encantadora. No entanto, o maior trunfo do longa é a quantidade de referências e, especialmente, a capacidade de satirizar a si mesmo e também outros filmes do gênero.  


O vilão construído por Samuel L. Jackson tem a língua presa, veste-se como um adolescente e tem uma ajudante com lâminas no lugar de pernas. Em uma conversa com o personagem Harry durante um jantar, Valentine afirma que gostava de ver filmes de espião quando criança, enquanto Harry refuta que os filmes eram tão bons quanto os seus vilões. O pequeno diálogo reflete a dualidade de Kingsman, sempre pendendo entre a comicidade e a tragédia. Um destaque especial para a cena da igreja, onde ocorre uma das maiores carnificinas cinematográficas dos últimos anos e que certamente vai entrar na lista das cenas de ação mais desembestadas da História.

Apesar da ironia e bom humor, Kingsman: Serviço Secreto defende bem o gênero da ação/aventura e tem tudo para entrar no cânone da espionagem do século XXI. Matthew Vaughn uniu o que funcionou tão bem em Kick-Ass e no seu predecessor X-Men: Primeira Classe que é bastante possível que os cavalheiros espiões retornem para novas missões. James Bond que se cuide.



Trailer:

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