“Essa é a sua chance de merecer aquele olhar
da sua filha. De se tornar o herói que ela já pensa que você é”.
Desde que iniciou sua Fase 1, lá em meados de 2008, um dos
objetivos da Marvel era trazer aos holofotes alguns personagens que nos
quadrinhos não eram tão queridos pelo grande público. O exemplo disso é que, no
mesmo ano, lançou o primeiro Homem de
Ferro, herói que nas páginas passou por eras sombrias, incluindo um período
de alcoolismo.
Parte dessa estratégia se deve ao fato da empresa não ter sob
seu domínio os direitos autorais cinematográficos de todos os seus personagens,
consequência da sua quase falência nos anos 90. Isso explica porque as equipes
dos X-Men e Quarteto Fantástico não estão disponíveis para entrar nos
Vingadores; ambas pertencem a Fox. O Homem-Aranha, o garoto-propaganda da
Marvel, tinha, até pouco tempo, seus direitos ligados à Sony, mas depois de um
contrato milionário, para a alegria dos fãs, o Cabeça de Teia poderá ser visto
ao lado de Capitão América e Cia a partir de 2016.
Sendo o seu leque de opções limitado, a empresa continuou
arriscando em lançar heróis desconhecidos e, em 2014, fez uma aposta certeira
com Guardiões da Galáxia. Os riscos
não param por aqui (Ainda vem Doutor
Estranho, Pantera Negra, mais um reboot do Aranha) e permanecem com o
recente Homem-Formiga, filme que
passou anos no papel e é o ponto final da Fase 2 nos cinemas.
No final da década de 1980, o cientista Hank Pym (Michael Douglas) decide se demitir da
SHIELD ao descobrir que algumas pessoas da companhia querem usar sua tecnologia
de diminuição para ações duvidosas. Ele cria sua própria empresa e encontra um
jovem aprendiz, Darren Cross. Mas o pupilo torna-se ganancioso e, após conhecer
o projeto Homem-Formiga criado por seu antigo mestre, desenvolve o Jaqueta
Amarela, um soldado do tamanho de um inseto com potencial de vencer guerras e
render civilizações inteiras.
Hank percebe que deve impedir os planos de Cross e com a
ajuda de sua filha, Hope (Evangeline
Lilly), recruta Scott Lang (Paul
Rudd), ex-ladrão que acabou de sair da cadeia. Lang precisa de um ofício e
também ser um exemplo de herói para sua filha, motivos que o levam a vestir a
armadura e se tornar o novo Homem-Formiga.
No universo das HQ’s, o Homem-Formiga é tão importante quanto
o Homem-Aranha e foi um dos fundadores da primeira formação dos Vingadores. Ele
consegue se comunicar com variados tipos de formiga e as torna suas aliadas.
Quando diminuto, tem força sobre-humana. Esses atributos são mostrados no filme
com bastante eficácia, garantindo um ótimo espetáculo visual.
O problema se encontra na relação entre os personagens. Um
dos cernes do roteiro é a conexão entre pai e filha, algo que parece não trazer
muita profundidade da parte de Hank e Hope, e inclusive na interação entre
mentor e pupilo. Fica a impressão de que faltam alguns detalhes a serem ditos,
que mais emoções poderiam ter sido colocadas, e esse pode ser um reflexo da
saída do primeiro diretor, Edgar Wright.
Assim que o novo diretor, Peyton Reed,
foi contratado, algumas partes do enredo foram reescritas.
Felizmente, a ação supera as falhas e cada cena que Scott
está pequenino remete a uma nostálgica viagem à Querida, Encolhi as Crianças. A comicidade fica por conta de Michel Peña (muito bom), a trama ficou
mais sólida e coesa ao introduzir elementos dos Vingadores e as cenas
pós-crédito revelam que vêm coisas interessantes por aí.
Sendo assim, o propósito de Homem-Formiga é acrescentar mais um herói ao universo
cinematográfico da Marvel, colocando-o no futuro ao lado de grandes personagens
como Hulk e Homem de Ferro. Nada mais além disso. Sem muitas pretensões, sem
muita grandiosidade. Apenas mais uma aposta da Marvel, a qual raramente erra, e
a promessa de um novo personagem para entrar no coração do público.
Trailer:
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